7.11.08

A história da trava barraqueira...

Coração financeiro do Rio de Janeiro, sexta-feira. Poucos minutos antes do fim do expediente bancário, os clientes se apressam para pagar as últimas contas do dia. O som ambiente da agência é marcado pelo habitual zum-zum-zum da fila, pelo som da porta giratória, pelos ruídos dos dedos martelando os teclados e das impressões de comprovantes de pagamentos.
A sinfonia, no entanto, é interrompida por um solo de vocal. Aos gritos, uma travesti, no fim da fila, esbraveja. Loira, cabelos na cintura, se mostra ressentida por ter ouvido uma piadinha preconceituosa de dois jovens assim que entrou no banco...
- Vê se pode! Só nesse país tupiniquim mesmo! Eu venho ao banco pagar minhas contas e sou obrigada a ouvir gracinha de vocês?! Esses caras que ficam fazendo piada de viado, pra mim, têm é vontade de fazer a mesma coisa que eu faço!
Nesse momento, para não dar margem a dúvidas eventuais, ela foi beeeeem explícita ao descrever o que faz. E continuou, revoltada:
- É um um absurdo isso! Ninguém merece! Morei oito anos na Itália, dando um duro danado, e aqui, no meu país, sou desrespeitada dessa forma! E vocês aí na fila, podem ficar com vergonha! Eu falo mesmo! Não vou aceitar isso calada!
Alguns clientes do banco ficaram horrorizados com o "baixo nível" do discurso anti-preconceito proferido pela travesti. Questionavam-se se aquele local, público, era o mais indicado para uma bronca daquela categoria.
E eu vos pergunto: e quem se choca com o fato de, em pleno exercício dos seus direitos de cidadã, essa travesti ser obrigada a ouvir piadinhas humilhantes e vexatórias no mesmo ambiente público?
Sabe qual é? Fiquei fã da traveca!!!

6 comentários:

Anônimo disse...

Taí! Esse foi muito mais bacana! As pessoas ficaram incomodadas com a gritaria, mas não se incomodaram com as piadas feitas em público contra o travesti. É isso!

Agora, vamos pensar, sem nenhuma ironia, como é bom sermos humanos. Podemos no mesmo dia, ou no minuto seguinte agirmos de formas tão contraditórias, diversas!! E com humor! E é bom também saber que temos um espaço que podemos falar, ouvir e ser ouvidos! Valeu! Muitos beijos!

Unknown disse...

Sandrinha, o espaço é nosso! E também gosto do bate-papo e das polêmicas!
Só acho que humor é humor. Certamente eu não escrevi nada ofensivo aos anões, apenas brinquei. Como podem brincar com aqueles que, como eu, vivem em guerra com a balança. Isso é humano e típico do ato de fazer graça. É muito diferente quando se usa uma dessas características pessoais para ofender descaradamente alguém. Posso te garantir, embora não estivesse lá na agência bancária, que a travesti ouviu "piadinhas" bem mais maldosas do que as que escrevi sobre os anões. E, pra mim, o que ela ouviu não é piada, não é humor e nem tem graça alguma.
Bjão!

® ♫ The Brit ♪ ® disse...

Oi Murilo,
falando serio, eu tb não tem nada de preconceito, eu acho e muito triste quando ouve uma humorista na televisão fazendo piadas com preconceito... uma coisa o que ainda aconteçe aqui no Brasil...
e vc só preciso ver quando tem personagems gay nas novelas para ver mais preconceito ainda... pq maioria das vezes esses personagems e efeminados, usar maquiagem e gritar muito, aquela "esteriotipo" gay, o que claro não e verdade para todos, todos pessoas gay não fica vestido como mulheres e gritar nas ruas; tudo mundo e muito diferente, individuais, e claro e isso o que faz o mundo muito interessante e otimo para viver!

Mas o humor, o que tudo mundo tem, e uma coisa diferente... qualquer pessoa tem a direita para rir com qualquer situação e se a linha de "politicamente correto" passar para isso tb então vai ser muito ruim, pq humor e humor e se pessoas não pode dar sorrisos e risos com isto o mundo vai ficar uma lugar muito triste para viver, e tb vai ser uma lugar cheio de pessoas miseraveis!
Então viver o Humor!! e vamos mostrar nossos dentes!
Abração!

Sandra disse...

Murilo, envei um e-mail para vc me desculpando e agora reafirmo isso publicamente. Desculpe pelo meu comentário. Eu acredito no que disse, é verdade, mas não acho que esse seja o espaço para eu fazer essas críticas. Por isso, me desculpe. De verdade. Gosto muito de vc e dos seus textos. Bjs, Sandra

Anônimo disse...

É murilo, muitas vezes nesse país as pessoas pagam seus impostos, trabalham seja lá com o que for, sem prejudicar ninguém e ainda tem que ouvir gracinhas...agora pergunte para esses dois garotos se fosse um maluf, collor ou outro safado que conhecemos se também fariam piadinhas na fila?

Unknown disse...

Se as pessoas se interessassem tanto por política quanto se interessam por futebol e pela vida dos outros, viveríamos num país bem diferente, Daígo!
Abs!