29.11.10

Morre Leslie Nielsen...


No início dessa madrugada, circulou a notícia da morte de Leslie Nielsen. Seus filmes marcaram minha infância e juventude. Fica o registro desse grande mestre do besteirol, que em sua passagem por essa Terra, fez nascer milhões de sorrisos nos rostos dos espectadores de suas comédias.
Que descanse em paz!

28.11.10

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 102

As séries do B@belturbo geralmente primam pelo bom humor. Mas, diante dos fatos recentes que mudaram a rotina de todo o povo do Rio de Janeiro, talvez seja interessante aproveitar esse espaço e a nossa interação pra discutir um tema sério: o tráfico de drogas.
Desde que as forças de segurança ocuparam o Complexo do Alemão na manhã desse domingo, as emissoras de TV mostram uma quantidade enorme de armas apreendidas, além de muita droga. O que assusta é o poderio bélico dos criminosos, com armas de longo alcance e alto poder de destruição. A questão é complexa, e um ponto que precisa ser debatido é a hipocrisia de parte da sociedade. Pedir paz, cobrar postura das autoridades e, ao mesmo tempo, comprar drogas ilícitas são atitudes compatíveis? Como vocês analisam a responsabilidade dos compradores de drogas diante de toda a situação que o Rio de Janeiro vive? Quem usa drogas financia ou não a ação de criminosos?
Acho esse um debate válido. E conto com a sua participação!

Reflexão: Direitos Humanos, inimigos e nossa longa caminhada...

Homens do Exército posicionados para o confronto com marginais no Complexo do Alemão

Os últimos dias têm sido muito tensos no Rio e essa não é uma novidade. Pra mim, as noites se tornaram especialmente complicadas. A gravidade da situação na Penha, Zona Norte da cidade, tem tirado meu sono. Fico imaginando como estão aquelas pessoas inocentes, a dois passos de um confronto que pode virar uma grande tragédia. Penso em seus familiares, nas famílias dos policiais e militares envolvidos na operação. E até nos inocentes que têm parentes envolvidos com o tráfico. Todos unidos pelo mesmo temor. Todos sofrendo.
Hoje, vi a mãe de um traficante preso dizer que nunca concordou com a opção do filho pela vida criminosa. Vi muita verdade no depoimento daquela senhora. Que mãe escolhe para um filho destino tão perigoso? E mais: que mãe tem a coragem de, numa situação como essa, pegar seu filho traficante, número dois da quadrilha, e levá-lo até à polícia para se entregar? Quanta dignidade vi naquela senhora...
Passei todo o sábado vendo telejornais e, de repente, vi a imagem que mais me marcou. Era duas crianças, duas menininhas, de uns 5, 6 anos. Aos prantos, tapando o rosto com as mãos enquanto na comunidade ecoavam os estampidos dos tiros trocados por policiais e bandidos. Que tristeza, meu Deus...
Imagens como essas me fizeram aplaudir a iniciativa das Forças de Segurança, que propuseram a rendição dos criminosos. Essa foi, por si só, uma atitude inédita: a história do Rio mostra que a polícia simplesmente invadia comunidades em conflito, sem se importar com vítimas que não estivessem ligadas ao confronto. Passei a tarde torcendo para que os criminosos se rendessem para que, assim, a invasão e suas consequências indesejadas pudessem ser evitadas.
As horas passaram e não foi o que aconteceu...
E aí, para meu espanto, passei a ver muita gente torcendo por uma invasão imediata. No Twitter, não foram poucas as mensagens clamando por um assassinato em massa dos bandidos. É a lógica do "bandido bom é bandido morto". Algo realmente assustador! Postura que até pode ser compreendida pela sede de vingança de uma sociedade que, ano após ano, ficou cada vez mais refém dos criminosos. Postura que pode ser compreendida, mas, jamais, defendida!
Se hoje temos 500, 600 "inimigos públicos" no Complexo do Alemão, não podemos nos esquecer das outras centenas e centenas deles, jamais declarados, que com suas ações públicas - e, mais ainda, com as secretas - contribuíram para que a situação se tornasse tão grave. Falo de ex-presidentes, ex-governadores, ex-prefeitos, ex-secretários de segurança, ex-deputados, ex-vereadores...! Homens públicos, bem vestidos, de fala mansa, que jamais empunharam fuzis e granadas - pelo menos, não publicamente - mas que, por ação ou omissão, por interesse e/ou por dinheiro, ergueram suas vidas sobre um mar de sangue e uma pilha cada vez maior de corpos de vítimas diretas e indiretas da guerra contra o tráfico. Homens que elegemos para nos representar e que, muitas vezes, além de não terem agido para impedir que o caos de agora se instalasse, ainda atuaram nas sombras para dar mais força àquele que, publicamente, tratavam como "inimigo": o "crime organizado". Crime que, nos bastidores, muitos ajudavam a organizar...
A ação de agora tem todo o meu apoio. Tem a minha torcida. É passada a hora de arrumar a casa, colocar ordem na cidade e dar condições para que todos os seus cidadãos vivam em paz. Mas isso tudo precisa acontecer dentro da legalidade, na observância de todos os Direitos Humanos. E esses direitos são de todos!
Estamos vendo no Complexo do Alemão os primeiros passos para que o Estado cumpra o papel que jamais deveria ter deixado de cumprir: o de estar presente, prestando serviços e garantindo paz e condições dignas de vida para todos os habitantes. Mas esses, como disse, são passos iniciais de uma longa caminhada. Uma jornada que também deve oferecer oportunidades de reinserção social, para que o banditismo deixe de ser a única opção para muitas das crianças e jovens dessas comunidades. E essa jornada deve ser acompanhada por todos os que querem uma sociedade verdadeiramente melhor. E para aqueles que, como eu, não desejam ver essas cenas de guerra se repetindo no futuro.

25.11.10

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 101

Segundo a coluna Ooops!, do UOL, o Bope criticou duramente a postura da Rede Globo e da Rede Record. Segundo a matéria, o Batalhão de Operações Policias Especiais divulgou que as emissoras prestaram "um desserviço" com suas aeronaves.
Na Globo, o Globocop ficou o dia todo no ar. A emissora chegou a utilizar dois helicópteros na transmissão dos fatos que ocorriam na Vila Cruzeiro.
No Facebook, alguns amigos apontaram como crítico o fato de a transmissão revelar o posicionamento de policiais. Mas também alegaram que as imagens geradas pelas TVs ofereceram à Polícia a possibilidade de acompanhar qual a rota de fuga traçada pelos marginais.
Ou seja: a questão é pra lá de polêmica.
E você, o que acha? Operações policiais como a que o Rio acompanhou hoje devem ser transmitidas em tempo real pelas emissoras de TV?
Comentaê!!!

O dia em que o Rio declarou guerra à violência...

Bandidos fogem da Vila Cruzeiro enquanto Polícia toma conta da comunidade. Globonews, Globo e Record transmitiram a operação ao vivo...

O crescente número de ataques de traficantes gerou uma reação inédita no país hoje: equipados com blindados cedidos pela Marinha, com o apoio dos já populares Caveirões e armados até os dentes, policiais militares invadiram o local que, até então, era tido como base de uma das facções criminosas atuantes no Rio - a Vila Cruzeiro.
Até que a invasão se consolidasse, a apreensão foi grande. As emissoras de TV transmitiram tudo, o tempo todo. Cada novo veículo incendiado, cada passo dos grupamentos policiais - e até o trajeto dos blindados da Marinha. Diante da telinha, eu, você, nossos pais, tios, avós, irmãos...todos nos perguntávamos qual seria a história que estava sendo escrita nessa quinta-feira. Todos nos perguntávamos qual o rumo que o Rio de Janeiro tomaria depois da operação policial.
As respostas vieram de tarde, pela TV. Acuados pelo aparato policial, traficantes rastejavam pela mata, corriam entre as vielas, desviavam das balas e tentavam, desesperadamente, fugir da força do Estado. Eram pessoas, pareciam ratos.
Vi tudo na redação, um olho na pauta que precisava concluir, outro no monitor de TV. A Globo derrubou toda a programação vespertina, todos os intervalos comerciais e exibiu uma "sessão da tarde" que não "vale a pena ver de novo". Escrevi no Twitter que muita gente devia estar tentando matar os bandidos com o controle remoto, tal a força das imagens que revelavam a fuga dos criminosos para o vizinho Complexo do Alemão.
Fiquei muito, muito assustado. Pensava no horário de voltar para casa, nos amigos e nos desconhecidos que precisariam se deslocar em meio ao caos decorrente de tamanha quebra da rotina carioca. Pensava nos moradores das áreas cobertas pela operação, condenados a um fogo cruzado que, infelizmente, levará muitas vidas inocentes. Pensava em como ficarão as cabecinhas das crianças menores, ora transformadas em personagens de um video-game real. E sangrento.
Mas, por outro lado, esperançoso. Ver o Estado reagir com força e equilíbrio me deu a impressão de que podemos estar no caminho certo. Ver a bandidagem fugir revelou a todos nós - cidadãos de bem - que não há força, não há bunker, não há união de facções que faça frente ao poderio de um Estado forte, bem comandado e unido em torno de um único objetivo. Tive esperança de que, vendo os bandidos expulsos de seu (até então) porto seguro, crianças e jovens percebam que o caminho do crime nunca termina bem. E que só leva a dor e ao desespero. E tive esperança de que as bandeiras de paz balançadas nas janelas pelos moradores da Vila Cruzeiro - reconquistada hoje pelo poder público - sejam o prenúncio de uma paz verdadeira, democrática, e não disponível apenas para os que podem pagar por ela.
Torço muito por isso. E pra que o dia de hoje entre para a história como o dia em que a esperança começou a vencer o medo no que diz respeito à segurança de nossa maravilhosa cidade...

24.11.10

Mico do Ano: promoção vira caso de polícia no Rio

Moradores de Ipanema se depararam com grandes caixas de madeira abandonadas numa das principais praças do bairro hoje cedo. Em meio à onda de ataques de criminosos, não titubearam: chamaram a polícia temendo que alguma ação terrorista estivesse em curso. O Esquadrão Antibombas foi chamado e uma das caixas chegou a ser explodida. Para espanto geral, não era nenhuma ação terrorista: era, sim, uma ação de marketing!!! Parte de promoção  "Avião do Faustão", que a Procter & Gamble está realizando no programa da TV Globo.
A história logo foi parar na internet e virou Trending Topic no Twitter. A marca divulgou comunicado se desculpando pelo ocorrido. Especialistas em marketing dizem que é cedo para avaliar os eventuais danos à marca, mas dizem que eles podem, sim, ser percebidos em breve.
Enfim, o episódio conquistou uma vaga na eleição de Mico do Ano do B@belturbo. Caso ganhe, o prêmio será devidamente atribuído à agência responsável por escolher tal mal o local e o momento para realizar uma ação do gênero.
E aí? É ou não uma forte candidata???

ERRATA: A assessoria da Rede Globo divulgou nota em seu site negando a relação entre o episódio e a promoção "Avião do Faustão". Por isso o post foi retificado. Eis o link para o comunicado da emissora: http://bit.ly/fDrxKK

Rio sob o domínio do medo?

Desde domingo, a população do Rio de Janeiro vive assustada. A onda de ataques incendiários a automóveis, ônibus e vans - em vários pontos da cidade e da Região Metropolitana, além de Cabo Frio - parece ter pego de surpresa os cariocas, numa inversão da lógica de redução dos índices de violência que vinha sendo registrada ao longo dos últimos 15 meses.
Se nos prendermos aos fatos, veremos que, depois de décadas encarando a questão da Segurança Pública como uma colcha de retalhos de ações pontuais, o Estado do Rio tem construído uma política clara na área. Essa política prevê a recuperação de territórios ocupados pelo crime organizado e a pacificação dessas comunidades por meio da instalação de unidades de policiamento. De acordo com o Governo do Estado, as UPPs tiraram mais de 200.000 cariocas do domínio da marginalidade.
Ainda atendo-me aos fatos, causa estranhamento, no entanto, que a política de pacificação tenha transcorrido na mais perfeita tranquilidade. Lembro-me apenas de reações pontuais no Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Em geral, a polícia chegava e encontrava a comunidade abandonada pelo tráfico. E a sociedade ficava sem entender o rumo que os marginais estavam tomando.
Esses são os fatos. Que geraram boatos...
Qual foi o carioca que não ouviu dizer que, acuados pela ação policial, os bandidos estavam se reunindo no Complexo do Alemão? Qual morador do Rio não soube que a Rocinha estava tomada de armas, que os traficantes estavam recrutando moradores e distribuindo armamento para reagir a uma eventual ocupação pela UPP? Quem não ouvir dizer que as UPPs expulsariam os bandidos dos morros e os jogariam no asfalto?
Boatos que até fazem sentido, mas que ainda não foram comprovados. As ações empreendidas por criminosos desde o último domingo revelam, sim, que eles se sentem na necessidade de brigar porque, pela primeira vez, estão acuados por uma política que não apenas reprime, mas que, de fato, enfraquece o crime e o tráfico de drogas. Ao recompor territórios dominados até então pela criminalidade, o Estado demonstra força e passa a contar com o apoio da população. Basta ver que o tema da segurança foi determinante na última eleição para o governo do Rio.
E é contra esse apoio da população que o crime organizado se volta. Ao fabricar o medo, os bandidos pretendem ver a sociedade, acuada, se voltar contra a política das UPPs, numa lógica simples: devolvam os morros pra eles pra que possamos ter paz no asfalto de novo. O que os bandidos querem, portanto, é repartir a cidade que as UPPs estão começando a unir. Querem que tenhamos medos de uma política que está jogando a bandidagem pra cima da classe média, e tirando esse ônus apenas das classes mais populares.
Concordo quando o governador fala em desespero. E esse despespero não pode contaminar a sociedade. É lastimável ver que perfis no Twitter e em outras redes sociais espalhem o terror, propagando boatos infundados. Hoje, li sobre incidentes em dois shoppings importantes da cidade. E nenhum dos dois episódios, de fato, aconteceu. Disseminar o medo não contribui em nada para que o atual estado de coisas seja revertido e não nos ajudará a retomar a paz e a vida normal. É claro que precisamos de cautela. Mas duvido que alguém, que não esteja a serviço da bandidagem, tire proveito da boataria.

Da série: "agora a coisa vai!!!" 19

Essa é para os homens. Você, meu camarada, ficou frustrado com a Playboy da Cléo Pires? Achou que Fani e Nathália não foram suficientes para empolgar a galera em seu ensaio em dupla? Não se animou ao ver as hastags de Tessália de fora? E nem se animou com o ensaio em 3D da Larissa Riquelme???
Enfim, você acha que falta uma musa nua nesse ano que se aproxima do fim???
Mas agora a coisa vai, rapaziada!!! Elza Soares disse à Quem que vai posar nua em breve!!!

Todo mundo correndo já pra fila da banca pra reservar a revista, hein!!!

23.11.10

Da série: "a luz no fim do túnel é um trem vindo pra cá..." 52

Hoje em dia tá na moda bancar o analista de mídia. Qualquer um se sente no direito de bancar o especialista em conteúdo e pode sair por aí soltando cobras e lagartos sobre essa estranha entidade chamada genericamente de "mídia"...
Mas é claro que há muito o que discutir quando o assunto é comunicação. E há, sim, excessos. O jornalismo popular, que vem alavancando as vendas de conglomerados jornalísticos, é um exemplo. Com manchetes "engraçadinhas" e de gosto muitas vezes duvidoso, as publicações do gênero conquistam espaço entre os leitores e levantam dúvidas sobre o teor jornalístico de suas páginas.
Hoje, no Facebook de uma amiga, eu me deparei com uma das pérolas do gênero. E de um jornal que eu nem conhecia.
Preparados?
Sério: pra fazer isso, alguém acha que precisa mesmo de diploma???
Triste fim o dessa minha profissão...

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 100

Dizem por aí que Amy Winehouse vem ao Brasil em janeiro. E pra fazer shows! Coloquei minhas barbas de molho, mas confesso que a possibilidade de ver essa grande artista em apresentação ao vivo me empolga bastante.
Só que, como bom libriano, estou a pesar os prós e contras do show. Acessei o site e fui ver os preços. Os valores variam entre R$ 700 e R$ 180 (estou falando das inteiras, claro). De cara, posso dizer que estou inclinado a pagar o mais barato. E explico: não tenho coragem de pagar caro pra essa maluca aparecer encachaçada não!!! Até porque, cá entre nós...vale a pena ficar pertinho pra ver dente faltando?

19.11.10

Da série: "a luz no fim do túnel é um trem vindo pra cá..." 51

Eu vou até me poupar do trabalho de escrever. Vejam só:
Só posso dizer que, seja lá qual for essa droga, ninguém pode duvidar de seu poder alucinógeno...

Mico do Ano: jovem baiano engole apito (?!?!) e entra na disputa...

Eu vi essa matéria na tarde de hoje, na redação. O caso já seria bizarro pela própria natureza e dispensa maiores explicações sobre a inclusão do candidato na disputa pelo prêmio do Mico do Ano. Mas, vejam a matéria exibida no Jornal Hoje:
Agora me digam: essa edição também não foi um mico só? Botar o menino com essa tosse esquisitona pra fechar a matéria foi o fim!!!
PS.: Sou totalmente solidário aos colegas apresentadores. Não há como não rir de uma história doida dessas...
PS2.: Antes que algum puritano reclame, informo: o tal procedimento médico deu certo e o rapaz não tá mais apitando, ok?
PS3.: Ainda bem que tiraram, né? Porque se o menino fosse expelir o apito pelas "vias naturais", seria uma barulheira só. Tipo aquela leiteira que assoviava quando o leite tava fervendo, né?

18.11.10

Os barracos das nossas estrelas - Cláudia Leitte x vaias em Pato Branco...

A cantora Cláudia Leitte demorou para começar o show na cidade de Pato Branco e ouviu vaias e insultos da plateia enquanto estava no camarim. Assim que subiu ao palco, na primeira oportunidade, passou um belo sabão nos autores da manifestação. A bronca foi gravada e está no YouTube:

Eu particularmente acho meio mané vaiar show. Nesse caso, fica claro que a organização se eximiu da responsabilidade de comunicar ao público que os problemas técnicos atrasariam a apresentação da artista. Mas, por outro lado, acho que Cláudia Leitte acabou dando ao problema uma dimensão maior ao usar seu microfone para comentar uma atitude tão pequena de parte da plateia.
Ou não?

RESENHA: Muita calma nessa hora...

Uma comédia jovem, cheia de momentos inspirados, e com participações especiais que, por si só, já valeriam o ingresso. Ingredientes que, somados à farta divulgação na TV e ao forte apelo de alguns dos nomes do elenco, justificam o sucesso de "Muita calma nessa hora", consagrado como a terceira maior bilheteria do final de semana prolongado.
A comédia é bem popular, sem grandes sofisticações de linguagem ou de roteiro. E esse não é um ponto negativo. A partir da viagem de três amigas que, por razões distintas, resolvem reinventar suas vidas em Búzios, "Muita calma..." oferece ao espectador um emaranhado de situações divertidas, estreladas por alguns dos maiores nomes da comédia nacional - como sabiamente anuncia o cartaz promocional do filme.
Nomes como Marcelo Adnet - genial como o paulista aficcionado por equipameeeeeeeintos eletrônicos, Maria Clara Gueiros, Leandro Hassun, Lúcio Mauro Filho, Luís Miranda e Heloísa Perissé, que emprestam graça à trama que, numa análise um pouco mais detalhada, é, sim, muito superficial. O mérito da equipe responsável pela produção foi ter sabido fazer com que esse elenco talentosíssimo "segurasse a onda" do filme, e não o deixasse resumido a uma sucessão de esquetes de comédia televisiva.
Entre as protagonistas, fica óbvio que Gianne Albertoni está lá pelo biotipo. E, obviamente, não desaponta nesse quesito. As demais - Andréia Horta, Fernanda Souza e Débora Lamm - têm mais tarimba e, certamente por isso tiveram mais sucesso na construção de suas personagens. Mas que fique claro: Gianne também não tem porque se envergonhar. Só fica evidente que está no início da caminhada...
Débora Lamm é um talento enorme - não é por acaso que sempre aparece nos trabalhos com a griffe de Bruno Mazzeo. Carismática, criou uma hippie que poderia se limitar aos estereótipos, mas tira proveito de todos eles para fazer rir. Uma bela atriz! É, ao lado de Marcelo Adnet e Luís Miranda, destaque no elenco.
"Muita calma nessa hora" é filme leve, despretensioso, e que traz frescor ao cinema brasileiro. Um cinema que "se acostumou" a tratar das mazelas do país, mas que precisa lembrar que o humor é uma das principais características do DNA brasileiro....

17.11.10

Sobre a homofobia nossa de cada dia...

No último domingo eu cobri a Parada Gay do Rio. Vi a Avenida Atlântica tomada por uma multidão colorida, alegre e consciente da importância das reinvindicações do Movimento Gay. Há muito o que avançar no que diz respeito à garantia de direitos básicos para homens e mulheres que amam pessoas do mesmo sexo e que, muitas vezes, são tratados como cidadãos de segunda classe. Reflexo de um preconceito cristalizado, segundo o qual a sociedade julga essas pessoas pelo que elas fazem entre quatro paredes, e não pela vida que levam em grupo.
Entrevistei gays, lésbicas e travestis. Entrevistei um rapaz heterossexual que foi à parada para apoiar o pai, homossexual assumido. Entrevistei uma senhora lésbica que se disse descrente do poder de mobilização da parada - segundo ela, apenas um "momento de liberdade". Ouvi um jovem dizer que "ser gay é ser normal, como outra pessoa qualquer". E ouvi muitas coisas que me fizeram crer que o Brasil pode estar avançando como sociedade que respeita os direitos individuais.
Aí, voltei pra casa. E vi a história do jovem agredido com lâmpadas na Avenida Paulista, coração de São Paulo. Horas depois, soube do jovem agredido no Arpoador, logo depois da Parada Gay, no Rio de Janeiro. Casos isolados, mas que jogam luz sobre uma trágica realidade: a homofobia é parte do cotidiano de milhões de brasileiros diariamente.
A mídia pouco noticia casos dessa natureza. E, como li dia desses no Twitter de @jeanwyllys_real, quando esses fatos ganham espaço, raramente aparecem associados ao termo "homofobia". Há medo de assumir - e, portanto, de enfrentar - essa grave forma de discriminação. Cheguei a ouvir ontem um comunicador de rádio dizer claramente que o jovem foi baleado no Arpoador porque estava namorando num local público, enquanto "devia estar namorando em casa". Segundo o radialista, "ainda não estamos preparados para ver dois homens se beijando".
Pergunto: estamos preparados para ver alguém usar um microfone para banalizar um crime?
É claro que a sociedade é heteronormativa e, portanto, resiste à ideia de ver casais de iguais trocando carícias publicamente. Mas também é claro - e um evento de mobilização como a Parada Gay do Rio ajuda a comprovar isso - que esses tabus precisam ser revistos. Eles não podem impedir o avanço das conquistas das minorias. Tabus como esses existem para que sejam superados. Do contrário, ainda teríamos negros sendo trazidos da África como escravos e mulheres tolhidas de qualquer direito à participação nas decisões coletivas e impedidas de ingressar no mercado de trabalho.
Fico feliz de trabalhar numa emissora que cobre um evento como a Parada Gay sem interesse nos estereótipos e sem "carnavalizar" uma mobilização que é séria. E que, se tiver atendidos suas reinvindicações, poderá impedir que novos gays, lésbicas, transexuais e transgêneros sejam vítimas fatais de crimes bárbaros como esses de que tivemos notícia nos últimos dias.
A gravação que fiz para o Salto vai ao ar na temporada de 2011. Aviso aqui quando estiver perto.
E você, o que pensa a esse respeito?
Comentaê!!!

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 99

Hoje, precisei tirar cópias de alguns documentos. Busquei um estabelecimento especializado no serviço e, ao encontrá-lo, eu me deparei com o seguinte aviso:

Oi?
Cada verso? Mas e se o que eu for copiar estiver escrito em... prosa???

Do tamanho que damos aos obstáculos...

E a terra abriu sob os pés cansados da caminhada. Avistou a rachadura que revelava uma profunda escuridão lá embaixo. Mergulhar no breu não seria exatamente uma novidade, mas estava ciente de que a experiência não aliviaria os percalços daquela nova incursão.
Fechou os olhos e se viu novamente no meio daquele caos, tristeza dominando seus pensamentos, sofrimento pautando suas ações. Era como ver um filme repetido...
Então, abriu os olhos. Mirou o céu e viu que a luz estava lá. Voltou a olhar para o chão e, abrindo bem as pernas, atravessou a negra rachadura que dividia o solo e chegou ao outro lado. Sorriu. É bem verdade, sorriu sem alegria. Era apenas um riso desencadeado pela nítida sensação de evolução. O riso da experiência...
E pensou que os obstáculos sempre existirão. E que o determinante, no entanto, é o tamanho que escolhemos dar a eles. Dar a um obstáculo dimensão maior que a que ele de fato tem é o primeiro passo para não conseguir superá-lo.
Encheu os pulmões de ar e seguiu caminhando...

16.11.10

Brincando de forca com o patrão...

Que coisa mais lúdica a capa que o Meia Hora publicou na semana passada! O grande destaque foi a pindaíba do banco Panamericano, de Silvio Santos. E eles brincaram com um dos clássicos do apresentador do SBT, numa versão, digamos, pouco ortodoxa...
Ah, esse mancheteiro...

13.11.10

Do adeus a um velho companheiro...

Dois anos e meio. Quase mil dias. Quase mil noites. Muitas lembranças, muitas aventuras e muitas descobertas depois, deixei meu primeiro carro zero estacionado e, com pesar, entreguei tudo o que lhe dizia respeito a quem cuidará dele daqui por diante.
Tinha um novo carro diante de mim, com aquele cheirinho característico e com o painel indicando que o motor estava completamente zerado. Mas, vejam vocês, não pude deixar de sentir um certo pesar por deixar de lado meu velho companheiro de todos os dias. E, embora radiante pela nova aquisição, não posso negar que fiquei um pouco nostálgico, vivendo uma espécie de luto por descartar algo que, há tão pouco tempo, era tão especial para mim
Maluquice demais? Pode ser. Mas...de perto, quem é normal?

12.11.10

Vingança de figurinista - parte 22...

Essa senhora coreana aparece numa foto oficial ao lado de Lula e Dilma Rousseff, no encontro do G20. Não encontrei o nome dela - o Globo Online não diz. Mas, tudo bem. Li a notícia e obtive mais perguntas que respostas. E não necessariamente sobre a economia mundial. Eis duas delas:
- Cintura? Pra quê?
- Considerando que a saia é utilizada nessa altura, que dizer dos cintos? São afivelados em volta do pescoço por lá?

11.11.10

Pa-panamericano! E o banco de Silvio Santos, hein?

Taí uma notícia que me surpreendeu! O homem que começou a fazer fortuna animando os passageiros nas barcas que fazem o trajeto entre o Rio e Niterói e construiu uma bela trajetória, que o levou ao posto de maior comunicador da televisão brasileira, vejam vocês, esse homem agora deve R$ 2,5 bilhões de reais na praça. E a praça não é dele, nem nossa!
Como garantia, Silvio deu todo o seu patrimônio. Segundo a Folha Online, 44 empresas. E certamente venderá muitas delas, que, somadas, valeriam cerca de R$ 2,7 bilhões - quantia insuficiente para cobrir o empréstimo e os juros. Pelo visto, a coisa não tá boa para o patrão... 
Agora, cá entre nós...se o Silvio Santos tá "na pindaíba", é sinal do fim dos tempos mesmo! Vamos cantar:
"2012 vem aí, lá-rá-lá-lá-lá-lá / 2012 vem aí, lá-rá-lá-lá-lá-lá..."

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 98



Ontem o dia foi corrido, e não tive tempo de escrever sobre esse novo hit do YouTube. Essa senhora fez e postou esse vídeo para reclamar - veementemente - de um suposto desrespeito às regras no jogo online "Colheita Feliz". E pelo tom que ela usa, se tem alguém feliz com essa colheita, não é ela...
Confesso que nem sei ao certo de que se trata. Não sei o que são nem quanto valem as tais "moedas verdes" - que, a julgar pelo protesto - devem valer mais que o dólar ou que barras de ouro! Sou um completo ignorante em termos dessa tal colheita e, pra ser bem sincero, sempre achei um porre ficar recebendo informações sobre o andamento da produção de amigos que utilizam esse jogo. Aliás, continuo com a mesma opinião.
O que me surpreendeu no vídeo foi o tom da mulher. Ela faz uma exigência tão enfática que chega a fazer crer que o joguinho é a coisa mais importante de sua vida. Tem provas, "tem fotos" e o "cacete a quatro". "Abre chamados", quer "atualização", reclama da zona em sua colheita. Algo realmente assustador...
O que achei da atitude? Não sei. Mas o país seria outro se todos exigissem seus direitos de forma tão aguerrida. Sobretudo se esses direitos fossem outros, que não o cumprimento de regras de joguinhos online.
E você, o que acha?
Comentaê!!!
PS.: Ah, sim...a pergunta que não quer calar é: por que diabos essas moedas verdes são tão importantes, hein???

7.11.10

A grande rasteira...

Passei o fim da tarde e boa parte da noite no hospital, acompanhando minha prima. E se o clima nunca é dos melhores em lugares do gênero, hoje estava especialmente ruim. Soube de duas mortes num curto espaço de tempo. Uma grávida, que teve a infelicidade de perder seu bebê no finalzinho da gestação; e uma senhora, que não resistiu depois de 20 horas de cirurgia e faleceu.
Vi os familiares das duas vítimas chorando e aquele clima me trouxe lembranças igualmente tristes. E fiquei penalizado com um jovem, filho da senhora que morreu depois da operação. Ele trazia nos olhos a dor de quem está devastado por uma perda irreparável. Deu a notícia a uma familiar e buscou apoio me chamando pra conversa:
- Se dependesse da gente, né, meu amigo, o mundo ficava lotado! Ninguém morria...
Acenei com a cabeça concordando. E, mentalmente, desejei muita força para aquele garoto, que se contentou dizendo que a mãe sentia orgulho dele e de seus irmãos. Tive muita, muita pena. Não suporto me imaginar no lugar dele e tenho a certeza de que não há experiência que possa me preparar para viver momento igual. A certeza de que nunca serei alguém que irá encarar a morte como algo cotidiano: pra mim, ela sempre será uma grande rasteira...

Da série: "agora a coisa vai!!!" 18

Rota entre China e Japão sugerida pelo Google Maps traz surpresas bem radicais para o internauta. E, além de cruzar as fronteiras, também ultrapassa os limites da...sanidade!

O Google Maps tem um serviço muito bacana, que indica trajetos pra quem deseja se deslocar entre dois pontos. A coisa é bem explicadinha, na basse do passo a passo, pra que ninguém se perca na hora de ir à casa da namorada pela primeira vez ou, quem sabem, pra não escolher a pior rota antes de sair de casa para fazer uma entrevista de emprego.
Mas cabeça vazia, vocês sabem, é oficina do demônio. E como não falta gente desocupada nessa internet de Deus, alguém teve a (doida) ideia de "perguntar" ao Google Maps qual o melhor trajeto a ser feito da China para o...Japão!!! O resultado, como não poderia deixar de ser, é um show de pérolas! E, digamos, não prima pela facilidade na compreensão. A julgar pela primeira das instruções:

Confuso? Imagina! Veja como é fácil escolher a direção correta a seguir:

E por aí vai. Depois de uma sucessão de observações plenamente compreensíveis e um festival de 潼关/铜川/绕城高速-潼關/銅川/繞城高速 繞城高速/绕城高速 pra japa (ou chinês) nenhum botar defeito, chega o momento da instrução crucial! Aquela que, certamente, torna possível o deslocamento entre os dois destinos. É a orientação de número 42:

Viram como é fácil! E ninguém pode dizer que não entendeu, porque essa eles publicaram em Português mesmo!!!
E então? Todo mundo preparado pra passar o Natal em Tóquio?

PS.: Tá achando que é mentira? O link pra página com todas as (insólitas) instruções de viagem é esse.
PS2.: A dica pra essa história incrível eu achei no Facebook do Alexandre Freire, um amigo que adora viajar. Mas, suponho, ainda não sabe pilotar jet ski...rs!
PS3.: E se você está preparado com os custos, o Google Maps adverte:
Diante de tal observação, se eu puder dar um conselho, sugiro que os empolgados com a aventura comprem carteiras à prova d'água...

6.11.10

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 97

O Rio de Janeiro amanheceu ontem horrorizado com a notícia de que bandidos rivais deceparam a cabeça de um traficante do Morro da Serrinha, na Zona Norte da cidade, e arremessaram na rua. Um fato bárbaro, chocante e que demonstra a extrema violência que tem marcado os confrontos entre os grupos que disputam o controle do tráfico de drogas na região.
A notícia foi destaque no rádio, na TV e nos jornais impressos. Mas um deles, o Meia Hora, escolheu um tom "bem humorado" para reportar o crime:

Sou fã do bom humor e de muitas das manchetes criativas do jornal. Mas fiquei me perguntando se, num caso como esse, cabe fazer piada...
E você, o que acha?
Comentaê!!!

PS.: Sem contar que eu acho um tremendo mau gosto estampar na primeira página - ou em qual página for - a imagem de uma cabeça cortada...

4.11.10

O questionário de um fim infeliz...

Como aceitar isso?
Como acreditar que o coração - que clama por mais e mais - está errado em seu querer?
Como convencer meus olhos a apagarem a imagem doce do seu sorriso lindo?
Como reprogramar meu cérebro para deletar a sensação de que falta você em tudo?
Como dizer ao meu corpo para esquecer do teu?
Perguntas sem respostas. Tolas perguntas de quem não se conforma com o destino que as coisas tomaram. Questionamentos típicos de quem se viu empurrado para uma encruzilhada cinzenta, num improvável desfecho de uma história que sempre pareceu tão cheia de cor...

3.11.10

A whole new world...

Funcionária adentra o recinto esbaforida. Chefe, bem humorada, interpela:
- Onde você estava, Alladin?
- Alladin? - espanta-se a colaboradora - Não sabia que você me achava um gênio...
- Não, querida! É que quando você some, eu não sei se você subiu no tapete voador e foi-se embora ou se resolveu se esconder dentro da lâmpada mágica!!!
Tem como não rir???

2.11.10

Você tem medo de quê?

Experiência como vampiro em Halloween familiar faz blogueiro pensar nos medos da infância...

Nunca fui um moleque especialmente medroso. Tive a fase do medo do Papai Noel, figura que me assombrava em supermercados e shoppings, mas o trauma passou logo que meus pais perceberam que, definitivamente, não me agradava a ideia de tirar fotos com aquele velho barbudo e todo de vermelho.
Aí veio a fase do medo de dormir no escuro. Natural, acho. Atravessei-a sem grandes sobressaltos...
Depois, lá pelos 9 anos, um pesadelo terrível me fez passar a ter medo de dormir sozinho. Essa foi uma fase angustiante. Chorava e implorava para que meus pais me pusessem em seu quarto. E só nele - e com eles - eu conseguia dormir em paz. O tal pesadelo que me assombrou me colocava sozinho no mundo, depois que todos - absolutamente todos!!! - tinham morrido. O tormento durou uns três meses. E, logo depois, meu pai morreu, deixando-nos - eu e minha mãe - de fato sozinhos...
Foram esses meus medos. E escrevo sobre eles nesse Dia de Finados por conta de uma experiência que tive no último Dia das Bruxas. Minha família organizou uma festa - produzida mesmo, com antecedência - e a melhora na infecção da minha garganta contribuiu para que eu não faltasse à comemoração. Todos fantasiados, lá fui eu de vampiro: com presas afiadas, maquiagem especial e lentes de contato. Resultado: a criançada morreu de medo!!!
Achei graça e, vá lá, um tanto sádico, gostei de assustar os pequenos. Débora, filha de uma prima, só falava comigo de longe. Fã de fotografias, só se deixou fotografar ao meu lado depois que eu prometi não colocar "meus dentinhos" de fora. Miguel, também filho de uma prima, passou a noite me encarando de longe, morrendo de medo daquela figura pálida de vampiro. Chegou perto só no fim da noite, quando eu já tinha retirado as presas para poder comer em paz - aliás, só resta aos vampiros chupar sangue mesmo: comer com aqueles caninos é tarefa das mais difíceis!!!. E Duda, filha de amigos, fez uma advertência firme, com a disposição de quem estava prestes a me cravar uma estaca no peito: "Não me morde!".
Fato é que eu me diverti horrores. E fiquei pensando nos motivos que me impediram de ter medo de seres fantásticos quando tinha a idade daquela turminha. Nunca saberei ao certo. Mas talvez eu tenha nascido com a convicção, cá dentro de mim, de que, nessa vida doida, devemos mesmo é temer os humanos...
E você? Tem medo de quê?
Comentaê!!!

1.11.10

A eleição nos tempos do Twitter...

No começo do ano, quando o assunto dominante na rede dos 140 caracteres era o Big Brother Brasil, lembro de ter comentado que gostaria de ver tamanha adesão ao tema mais importante do ano: as eleições. E foi exatamente o que vi!
Estimulados principalmente por redes como o Twitter e o Facebook, que permitem comentários, réplicas e tréplicas inesgotáveis, os internautas brasileiros botaram a boca na web e opinaram sobre cada lance decisivo da campanha. No Twitter, não foram raras as vezes em que a lista dos tópicos mais populares traziam palavras relacionadas à disputa presidencial - desde #dilmanão a #serrarojas.
Mas o mergulho dos internautas brasileiros na política esteve longe de ter apenas aspectos positivos. Muitos falavam no assunto apenas para fazer graça e outros, tanto pior, utilizaram as ferramentas disponíveis na web para propagar preconceitos e boatos maldosos. Quem não recebeu uma avalanche de e-mails anunciando que um pastor fez nefastas previsões sobre um eventual governo de Dilma Rousseff? Quem não acumulou scraps - sim, o Orkut balança mas não cai!!! - de amigos criticando esse ou aquele candidato? Práticas lamentáveis que, além de invadir o espaço de cada um, revelam uma falta de educação sem tamanho.
Ontem, com a eleição definida, houve quem comemorasse o esfriamento dos ânimos. Comemoração precipitada: alimentados pela divulgação dos mapas da apuração, contendo informações sobre a votação de Serra e Dilma de acordo com a região do país, tuiteiros voltaram a gastar seus 140 caracteres para vomitar preconceitos. Eis alguns (tristes) exemplos:




Como disse no post anterior, essas eleições também trouxeram à tona um fortíssimo preconceito de classes. Gente que se acha numa posição privilegiada e que, frustrada com os rumos que o país toma, acaba se imaginando no direito de desqualificar o desejo da maioria. São intelectuais de quinta, que sequer sabem respeitar o princípio básico da democracia, que estabelece que o desejo da maioria deve ser respeitado e acatado como o desejo de todo o país.
Alguns dirão que a democracia também pressupõe o respeito à liberdade de expressão. E estão certos, claro! Mas liberdade de expressão nada tem a ver com demonstrações que beiram a xenofobia. Demonstrações que deixam claro o quanto ainda precisamos evoluir como povo. E, mais que isso, revelam que muitos de nós, pretensamente superiores e intelectualizados, ainda carecemos de valores humanos.