26.1.12

A invasão...

E aí, de repente, surge aquele alguém. Aquele alguém que poderia ser só mais um alguém, mas , de um jeito que ninguém jamais conseguiu explicar ou definir, pra você vira o alguém.
Quando se dá essa transformação, as coisas complicam! Porque os outros sorrisos não têm a mesma graça, as outras ligações telefônicas não importam mais e os torpedos só atingem o alvo exato se tiverem partido desse determinado remetente.
Esse seu alguém - que talvez possa nunca vir a ser realmente seu - acaba te raptando. Você fica refém, fica inseguro, não sabe onde colocar as mãos.  E numa simples conversa, se pega perdido, capturando detalhes daquela boca, daqueles olhos lindos, sentindo o toque daquelas mãos nas suas mãos. Tudo é único e até a mais boboca das brincadeiras parece incrivelmente original.
Tudo assim, de repente. Contra a sua vontade, contra as previsões. Contra a lei das probabilidades, contra o universo. Contra tudo e contra todos, esse alguém chega e, sem que você perceba ou consiga controlar, finca raízes naquele lugar que você julgava ter dominado. Invadindo seu lote mais precioso, o seu mais valioso lugar. 
Sim...sem anunciar, esse alguém aparece e se instala no terreno tantas vezes arrasado pelas intempéries da vida. Ali, bem no meio do seu coração. E aí, uma vez feita a invasão, só resta torcer para que a construção tenha vista para a felicidade...
Por que não?

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 105

Alguém lembra de um episódio, unzinho, que seja, no qual o plantão da Globo foi usado pra dar uma notícia boa?

25.1.12

Nós, a mídia, Rio e o Oscar...

Assim que soube da indicação da música do filme "Rio" ao Oscar de Melhor Canção Original, fiz um comentário que rendeu polêmica no Facebook. Escrevi o seguinte:
Alguns amigos entenderam a mensagem como uma espécie de depreciação do Oscar. E, mais que isso, argumentaram que a indicação não tem a função de atestar a qualidade das produções nomeadas - no caso, a canção composta por brasileiros.
Como aqui o espaço é maior, volto ao tema. Sei da importância do Oscar, claro. E, obviamente, não sou louco de questionar o talento, a competência e os méritos de Sérgio Mendes e Carlinhos Brown, os compositores da canção-tema ora indicada à premiação. O que me impressiona, sempre, é a abordagem de uma notícia como essa. Soa ufanista demais; praticamente uma galvaobuenização de um fato que, isolado, não vai mudar a história da produção audiovisual brasileira. Falta, a meu ver, deixar claro à população qual o sentido dessa categoria do Oscar, quem vota e o que, a rigor, ela representa dentro do universo hollywoodiano. Mostrar a indicação como uma conquista e, pior, dar à entrega do Oscar um tom de final de campeonato, sim, me parece uma atitude colonialista. Coisa de time com complexo de segunda divisão, que vive querendo uma oportunidade para ser reconhecido. Como se desse reconhecimento, via Oscar, dependesse o futuro da música e da produção cinematográfica no país. Over demais, não acham?
Além disso, algo que ia postar ontem, também no Facebook, mas preferi guardar aqui pro blog. "Rio" tem todos os méritos que a tecnologia pode dar, é um filme bem feito, alegre, colorido, feliz. Mas, fica a reflexão: o Brasil, e a Cidade Maravilhosa, em especial, aparecem na tela exatamente da mesma forma que Walt Disney mostrava, 50 anos atrás, nos célebres desenhos do Zé Carioca. Um grande estereótipo! Somos o país da banana, do samba, da floresta, da mulata e dos malandros. Em pleno terceiro milênio, Hollywood olha pra nós e nos enxerga do mesmo modo que éramos vistos na metade do século passado. E nisso, sinceramente, eu não sei se dá pra achar tanta graça...

24.1.12

Sim, todo amor é sagrado...


Beto Guedes estava coberto de razão ao pensar nesse verso. Há algo de santo nesse sentimento que nos transforma, que muda o compasso das batidas do coração, faz nossa respiração degringolar e que pode, de uma hora pra outra, mudar nossa vida.
De mãe, de pai, de irmão, de avô, de avó, de amigo, de casal...
Sim, todo amor é sagrado!
E exatamente por concordar tanto com o verso de "Amor de índio", acho que pecam feio aqueles que jogam fora um amor por conta das mentiras e das demais oscilações de caráter. E não se trata de um pecado de cunho religioso, sequer de uma infração que possa gerar qualquer tipo de punição divina. Não é nisso que creio. A meu ver, esse pecado representa uma espécie de atentado que flagela o próprio autor, esse ser errante que, num ato de fraqueza, joga fora toda uma história, um vida, os sonhos, todas as conquistas e o que havia por conquistar.
Triste é perceber que não são raros os casos em que esses pecadores passam a vida a se lamentar pelo que tinham de precioso e descartaram...

17.1.12

Aquele abraço...


Ao contrário do que diz a canção famosa, tudo não continuava lindo. Pelo contrário: tudo estava cinza, amargo, triste. Não havia sorrisos iluminando o lugar e, sim, lágrimas que pendiam daqueles dois rostos. Uma cena estranha, já que sempre foram tão habituados a rir juntos...
Pedidos de desculpas, palavras secas, gargantas unidas por um mesmo nó. Não havia dúvidas: tudo anunciava o fim. Mesmo assim havia cordialidade, carinho, até. Talvez, algum resquício de tudo o que puderam viver antes. Talvez, receio de tornar ainda mais dolorido aquele momento. Talvez, a certeza de, em instantes, tudo viraria apenas memória.
De pé, na penumbra, abraçaram-se. Soluçavam, e o ruído parecia traduzir a agonia daquele amor. Sim, eram aqueles os momentos finais de uma longa história, de idas e vindas, escrita por algum autor que não conseguiu criar um fim melhor que toda aquela mágoa. Poderiam ter dito muita coisa e seria tudo verdade: as saudades que já sentiam, a torcida para que fossem felizes mesmo distantes, as dificuldades para viver com a lacuna que um deixaria na vida do outro, o desejo de que tudo fosse diferente, a esperança de que um dia, quem sabe, as coisas voltassem a ficar bem...
Pensavam e sentiam tudo isso. Mas nada disseram. Afastaram-se e, ato contínuo, puseram-se a secar um o rosto do outro. Havia muito afeto ali e era difícil demais perceber tão entristecidos os olhos que sempre desejaram ver cheios de alegria. Olhos que, por tanto tempo, viveram repletos de amor.
Ligados por esses olhos úmidos, despediram-se sem testemunhas. Era fim de madrugada, hora em que sequer sol e lua têm definidos seus lugares no céu. Momento perfeito para encerrarem uma história que também não tivera plateia.
A luz entrou apenas quando a porta foi aberta. E foi embora quando ela se fechou, levando consigo metade de tudo aquilo. À outra metade coube mergulhar na escuridão, esperando o momento em que o sol voltasse a iluminar seu caminho. 
Por ora, sabia apenas que isso não aconteceria ao amanhecer...

16.1.12

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 104

Veja a foto e responda:


Marília Gabriela, por que óculos tão grandes? E tão...roxos???
Cartas para a redação.

15.1.12

Pra minha cálega...

Quem diria que eu, que brincava de apresentar o Jornal Nacional quando criança, um dia ia parar na frente das câmeras? E quem diria que, uma vez na TV, encontraria uma parceira com o mesmo sobrenome, nascida e criada no mesmo bairro, que estudou na mesma escola?
Pois é...a vida nos traz muitas surpresas!
Por obra e graça delas, parei naquela redação e tinha a missão de trabalhar diretamente contigo. E hoje, passado esse tempo todo, acho bacana dizer coisas que nunca te disse. Você, toda durona, foi, sempre, muito paciente. Muito empenhada em me ensinar como aquela engenharia toda funcionava e em me fazer dominar esse processo. Foi muito compreensiva nas vezes em que os problemas da vida me tiraram o foco, como quando me separei e deixei claro que não tinha condições de cumprir os prazos acordados. Ou quando minha vó morreu e precisei ficar uns dias fora...
Sabe, cálega, eu acho que você me adotou. Por ver em mim qualidades que eu nem sabia possuir, mas, talvez, também por saber da importância dessa adoção para alguém que tem uma história como a nossa, que vem de onde viemos e que agarra as oportunidades com todas as unhas e dentes disponíveis. Sou grato de verdade, viu?
Mas nem tudo foi poesia - como, aliás, eu nem acho que deva ser. Não foram poucas as vezes em que, mesmo sendo seu subordinado, discordei de você - sendo até mais veemente do que mandaria o bom senso - e acho que daí nasceu essa confiança que, hoje, temos um no outro. Porque o tempo nos deu essa certeza de que não há reservas e nem pudores para que a gente atue com sinceridade e transparência nessa nossa louca rotina, seja na frente ou atrás das câmeras.
O tempo também nos fez mais próximos, mais cúmplices, mais amigos. Não são poucas as vezes em que a gente percebe no ar o que o outro está pensando, o que é um forte sinal dessa sintonia que nos une. Diante das câmeras, isso resulta harmonioso, integrado. Longe delas, faz o convívio mais fácil e divertido. E faz com que a gente seja uma dupla complementar. Acho que é esse o segredo, viu?
Então, nesse teu dia, além de agradecer por tudo isso que já disse, quero te agradecer por ter se tornado essa amiga leal, carinhosa (do seu jeitinho, claro!), e por permitir que eu também passasse a fazer parte da sua vida.  Quero te dar os parabéns por ser a profissional que você é, mas, mais que isso, por ser guerreira, batalhadora, engraçada e divertida - e por estar se permitindo cada vez mais experimentar a graça e a leveza que estão por trás dessa fama de durona. É tudo casca, sua boba! De ranzinza, você só tem o charme!
Um beijão, titia! Muita poesia na sua vida!
E feliz aniversário!

13.1.12

Amor em tempos de Twitter...

Dei uma passada pelos principais portais de notícias agora e uma nota publicada na home da Globo.com chamou a minha atenção...
Sei pouquíssimo sobre o rapaz e menos ainda sobre a moça em questão. Mas o que me fez pensar mesmo foi a exposição que as redes sociais propiciam nesse momento universal que é a dor-de-cotovelo. Aquela hora triste, que a gente viveu, vive ou viverá um dia, independente da idade, da cor, da condição social, do time, da orientação sexual, da nacionalidade e de ser ou não fã e telespectador assíduo do Big Brother Brasil...
Não critico o que o Pe Lanza fez. Mas acho curiosa essa necessidade de expor os sentimentos assim, de forma tão pública. E essa não é uma característica exclusiva dele. Eu já fiz isso aqui por inúmeras vezes, de modo, digamos, mais discreto, menos direto e muito mais anônimo - até porque não uso roupas coloridas, não canto e nunca namorei uma atriz. Bom, pelo menos, que eu saiba, nenhuma era profissional!
O fato é que amor e desamor são experiências universais, que comovem e, portanto, interessam a todos. Não há quem nunca tenha se identificado com um filme ou com uma música falando das tais coisas do coração. O novo é a possibilidade de qualquer mortal deixar isso registrado na rede. E aberto a julgamentos, opiniões e relativizações tão úteis quanto o célebre processo de enxugamento do gelo.
Como já disse, eu já fiz isso. Já vivi momentos de sofrimento e escrevi inúmeros posts aqui.  Escrever textos nesses momentos é quase terapêutico, funciona como parte do processo de recuperação dos dissabores dessa vida. Mas, além de publicar no blog, também já compartilhei momentos dessa natureza nas incensadas redes sociais, sempre com cuidado pra não dizer nada além daquilo que possa vir a interessar os diferentes tipos de amigos que mantenho nesses espaços. Mas aprendi que essa não é uma escolha que me faça bem. Há gente com que a gente simplesmente não deve compartilhar nada além de alegria. Há pessoas que, mesmo travestidas de amigáveis, não merecem saber dos nossos problemas, pelo simples fato de estarem mais preocupadas com o próprio umbigo ou com a necessidade de julgar, classificar, especular e rotular todos os que estão à sua volta. E, não raro, ainda se arvoram a ridicularizar, tripudiar em cima da fragilidade alheia, esquecendo-se de que, cedo ou tarde, o universal pé na bunda também irá lhes acertar.
Se fosse amigo do Pe Lanza, sugeriria que ele guardasse sua dor para os ombros dos amigos verdadeiros. E a protegesse dos olhos de curiosos. Sairia mais fortalecido e resguardado.
E, claro, se fosse amigo do Pe Lanza, saberia, enfim, se isso é nome, sobrenome ou apelido...


12.1.12

Sobre Dercy de Verdade...

As Dercys de mentirinha: Fafy Siqueira e Heloísa Perissé...

Venho de uma família na qual os palavrões são vistos com naturalidade. São parte do discurso oral, permeiam causos, piadas, conversas leves, desabafos. Não são ofensivos, porque, quando usados - e são muito! - jamais surgem com a proposta de melindrar alguém.
Acho que essa é a razão de, desde muito criança, admirar tanto Dercy Gonçalves. Ver aquela senhora na TV, tão deliciosamente anárquica e desbocada, produzia em mim uma sensação de identificação. Era como se Dercy fosse da família, agisse e se comportasse como nós. Com o passar dos anos, pude perceber que, além daquele escracho todo, a longeva atriz também trazia uma marca única! Entre todos os atores de comédia do país, Dercy se destacava: não há quem confunda o estilo dela com o de qualquer outro comediante brasileiro. E isso não é pouco...
Quando ela morreu, falei dessa admiração aqui.
Por isso, vi com entuasiasmo a iniciativa da TV Globo de produzir uma microssérie sobre a vida de Dercy. E como não poderia deixar de ser, a produção logo se revelou um programão. Primeiro, pela acertada escolha do elenco. Helóisa Perissé e Fafy Siqueira já demonstraram ter entrado em perfeita sintonia com a aura da personagem real, embora, em alguns momentos, Perissé soe um pouco caricata demais. Mas não é nada que comprometa seu desempenho, convincente tantos nos momentos de comédia como nas cenas dramáticas.
Em cena, Fafy resulta curiosa: célebre pelas imitações de outro grande humorista, Ronald Golias, ela parece personificar a cruza desses dois gênios do humor nacional. E o resultado é perfeito: o tempo, a respiração, o jeito ansioso e as famosas repetições de palavras, marcas das falas de Dercy, estão todos na tela.
A anunciada utilização dos palavrões nos diálogos foi mesmo um acerto. Alguém seria capaz de imaginar uma Dercy pudica? Além disso, pesa a favor do roteiro o fato de, ao menos até o momento, esses palavrões não terem surgido gratuitamente na tela. São usados com perspicácia, pontuando falas naturalmente, como bem sabe quem tem o hábito de utilizá-los na vida real. 
O ponto negativo, a meu ver, é a opção por um formato tão micro. Mostrar 101 anos de vida em quatro capítulos está longe de ser tarefa das mais simples e, mesmo com todo o talento e a competência da dupla Maria Adelaide Amaral e Jorge Fernando - autora e diretor da série - os capítulos têm apresentado um ritmo acelerado demais, e episódios interessantes da vida da estrela passam na tela sem maiores explicações - o que ficou ainda mais evidente no segundo capítulo, exibido ontem. Deixa gosto de quero mais, o que talvez seja interessante, uma vez que o resultado das gravações será transformado em um filme previsto para estrear em 2013.
Apesar do ritmo frenético, considero Dercy de Verdade uma das boas surpresas desse início de ano televisivo. Uma homenagem justa e merecida, a começar pela excelente abertura da série, na qual Dercy aparece como o primeiro nome do elenco. Um reconhecimento para a estrela que, nos últimos anos de sua longa trajetória, acabou por ficar rotulada como a velhinha sem-vergonha e desbocada que aparecia na TV dizendo cobras e lagartos. Dercy foi muito mais que isso. E, felizmente, ainda que de maneira tão veloz, o público está podendo descobrir.

11.1.12

Tirando a poeira...

Por cinco anos, enfrentei diariamente o desafio de vencer a página em branco que se apresentava diante dos meus olhos. Não raro, superei essa adversária mais de uma vez ao dia, postando, aqui, textos sobre coisas que via, lia, ouvia...coisas que sentia. 
Mas 2011 foi diferente. Por uma série de razões, eu me vi vencido pela página vazia. Foi como se os acontecimentos que se sucediam na minha vida analógica canalizassem minha atenção, meu pensamento, meus sentimentos de tal forma que, mesmo nas vezes em que decidia parar para escrever sobre eles, acabava por me sentir cansado...deles!
O afastamento do blog me fez mal. Gosto de cultivar esse espaço como o agricultor que cuida, vela e se orgulha da sua roça. Gosto de plantar minhas ideias aqui, de percebê-las crescendo nos comentários - ou nas respostas via twitter e facebook, marcas desse tempo de tantos links. Vivi essa seca com a mesma agonia dos sertanejos que acompanham o minguar de suas plantações. Ano estranho esse que passou. Aqui no B@belturbo, nada mais foi que um período sem chuvas, marcado pela terra seca e rachada.  Infértil.
O bom é que, como dizia na canção o grande Nelson Ned - com o perdão do trocadilho, claro - "tudo passa, tudo passará...". E aquele 2011 tão infrutífero se foi!
Portanto, esperem um blogueiro mais presente nesse 2012 - apesar do atraso deste primeiro post. Quero voltar a plantar - e a colher. Já não sinto sob meus pés a terra tão seca e rachada e o cheiro de chuva demonstra que os tempos de estiagem não vão demorar muito para ficar definitivamente pra trás!
Quem quer se molhar? Vambora tomar banho de chuva?
Feliz 2012, turma!!!