11.10.07

A polêmica do Huck...

Huck: paz amor e muita gente que parece pensar que, por ser artista e rico, apresentador não tem direito de reclamar por ter sido assaltado...

No último dia primeiro, Luciano Huck escreveu um artigo na Folha de S. Paulo. Recém-assaltado, o apresentador utilizou um espaço privilegiado num dos mais respeitados jornais do país para desabafar. Descreveu o pavor de ser roubado com um revólver apontado para sua cabeça e ainda fez conjecturas sobre os eventuais desdobramentos que o caso teria se o desfecho tivesse sido trágico. "Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste", supôs.
Huck é um comunicador nato. E não me refiro aos momentos em que, no palco do "Caldeirão", ele apresenta games e atrações musicais. O melhor de Huck são quadros como "Vou de Táxi", quando o apresentador mostra seu dom de transformar qualquer conversa inocente num programão para as tardes de sábado. Um talento reconhecido, valorizado pelo mercado, disputado por anunciantes e admirado por fãs.
Huck é rico e, quando ouviu o já célebre bordão da marginália, "perdeu, playboy", viu seu rolex novinho ir parar nas mãos de um malandro armado. Mas nada disso faz da queixa do artista algo menor. Como bem diz em seu texto, Luciano paga seus impostos e, portanto, tem todo o direito de reclamar - como cidadão que é - de uma realidade que lhe desagrada. Só que parte da sociedade parece querer tornar menor a queixa do artista...
Sim, a realidade tem se mostrado muito mais dura que a enfrentada pelo apresentador da TV Globo. Isso é incontestável! Só que mesmo a realidade árida experimentada por milhares de brasileiros que, por exemplo, vivem em favelas dos grandes centros urbanos não deve servir para naturalizarmos um assalto à mão armada; seja a vítima famosa ou não!
Além disso, li muitas reações ao artigo do apresentador, o que é natural. Mas não posso concordar com textos que culpabilizem Luciano Huck por ter dinheiro. Dinheiro ganho com honestidade, minha gente, nunca foi motivo de vergonha! Claro que todos gostaríamos de viver numa sociedade com menos desigualdades, mas a parte que nos cabe nesse latifúndio é votar direito; demonstrar nossas discordâncias com padrões de comportamente que possam ser julgados como condizentes com as disparidades sociais e, dentro de nossas possibilidades, agir para tentar mudar a realidade que nos desagrada.
E é isso que Luciano Huck faz, por exemplo, ao participar de eventos do projeto "Conexões Urbanas"; e ao presidir o Instituo Criar de TV e Cinema. Ações importantes, reconhecidas, e que muita gente agora faz questão de esquecer ao privilegiar um discurso - salvo raras exceções - demagógico demais.
NOTA DO BLOGUEIRO: Se você quer conhecer outro ponto de vista, vale a pena ler o artigo da minha amiga e leitora Luciana Chagas, no Fazendo Media. Bjão, Lu! Discordo de você muito democraticamente, viu?

2 comentários:

Anônimo disse...

Querido Murilo,

Através do voto nada conseguiremos. Vivemos numa pseudodemocracia. Votamos no PT! E cadê o PT? Os cidadãos de bem precisão dar as mãos e lutar pela igualdade social. Não acho que o Huck, nem que outras personalidades tenham que ser assaltadas, mas na minha opinião ele extrapolou no artigo.

Beijos
Lu

Unknown disse...

Lu, eu acredito na força do voto. Mas acho que pode faltar maturidade à parte da população, porque nossa democracia é jovem demais.
Acho que o Huck exagerou no artigo porque trata-se de um texto escrito no calor da emoção. Mas, repito, não se pode naturalizar o roubo de um relógio com arma na testa. Mesmo que, infelizmente, tanta gente acabe sendo vítima de coisa bem pior por aí. Violência é violência, seja a vítima pobre, anônima ou famosa e riquíssima.
Bjão!