30.3.12

Quando chega a nossa vez...

A gente vê, ouve, lê e fica sabendo de tantas histórias sobre roubo...mas nunca imagina como agir caso essa tragédia carioca bata à nossa porta. Ontem, bateu à minha. Voltava da academia, pelo Elevado da Perimetral, quando dois homens num carro prata me fecharam. O carona desembarcou apontando uma pistola pra minha cara. Tudo rápido, parecendo coisa de cinema. Mas não havia trilha sonora para criar clima: a tensão era real. Como a vida. 
Tive muita calma e mantive meus braços erguidos o tempo todo. Da fechada até a hora em que desci do meu ex-carro acho que não chegou a se passar um minuto. Desci, os bandidos zarparam e fiquei ali, perdido, durante aqueles segundos dos quais já lembro como os mais angustiantes da minha vida. Pra onde ir? Como caminhar com as pernas tão trêmulas? O que fazer para chegar em casa sem dinheiro, sem carteira, sem um celular para me comunicar com alguém?
Não tive tempo pra achar as respostas. Não fui atropelado - apesar de tantos carros que passavam pela via em grande velocidade. Comecei a correr me equilibrando pelo estreito canteiro da via até alcançar o começo da Avenida Brasil. Logo cheguei a um ponto de ônibus. Como tinha acabado de sair da academia, temia que os taxistas se recusassem a parar para um passageiro de camiseta e bermuda. Pedi ajuda a um senhor que parecia voltar pra casa depois do trabalho. Queria que ele me auxiliasse a parar um táxi. 
E ele me ajudou. Como também me ajudou o taxista, um senhor de uns 50 anos, calmo, solidário, que me emprestou o telefone celular para que eu cumprisse o ritual mais doloroso da noite: avisar minha mãe sobre o que acabara de acontecer. Fiquei preocupado porque sou filho único, minha mãe morre de medo dessas histórias todas, e não queria sequer pensar no susto que ela levaria com a ligação a cobrar.
Ela se assustou, claro. Mas ficou firme. E eu também.
O taxista continuou a me ajudar. Foi ele a me dizer o número de telefone da minha companhia de seguros - uma vez que meu celular e todos os meus contatos tinham ido embora no carro roubado. Foi ele a, mesmo dirigindo, apertar os botões do telefone durante o atendimento automático, ao perceber que minhas mãos tremiam demais. Foi ele a falar com a atendente da seguradora, até perceber que eu já estava mais calmo. E também foi dele a ideia de ligar para o 190 da Polícia Militar para disparar o tal "alarme de roubo de veículo". Coisas nas quais eu nem sei se teria a tranquilidade de pensar...
Ao chegar em casa, um alívio enorme: minha mãe, aflita, estava bem. Ela me esperava com os braços abertos e tentava dizer palavras de coragem, de força - quando eu sabia que ela estava tão arrasada quanto eu. Logo, ela me contou que quando liguei comunicando o roubo, acabara de fazer sua oração para Nossa Senhora Aparecida, nossa santinha protetora. Nossa Senhora, que estava coladinha no para-brisa do meu carro, foi minha mãe, mais uma vez, na noite de ontem. Ela me cobriu com seu manto azul e impediu que qualquer coisa de pior me acontecesse. Protegeu a mim, à minha mãe e a todos que me amam. Agradeço por isso. Muito! Por estar vivo, saudável e forte pra poder seguir em frente realizando meus sonhos. 
Também aproveito para agradecer aos meus amigos. Tantas ligações, tantas mensagens bonitas, tantas palavras doces e reconfortantes. Se já chorei algumas vezes depois dessas quase 24 horas, em muitas delas a motivação foi essa sensação de estar amparado por tanta gente querida. Que orgulho ter vocês na minha vida! Que tesouro inestimável é poder contar com tanta gente do bem, lado a lado, nessa jornada incrível que é viver! Estou firme, estejam certos! E vamos seguir em frente desbravando a vida, rindo e trabalhando muito juntos! Porque esse bem ninguém nos pode tomar!!!
Os prejuízos existem, claro! A dor-de-cabeça para resolver todos os trâmites, idem. Também há tristeza por ver que tantas coisas tão especiais, pelas quais lutei muito, viraram pó assim, num piscar de olhos. Há revolta também! Pela sensação de impotência, de insegurança de i...diotice! Por me sentir vítima de um Estado que olha pra mim como fonte de recursos, e não como pessoa que merece serviços essenciais bem prestados. Mas tudo isso, meus amigos, é algo menor. É menor que essa gratidão por estar vivo, é menor que o amor que tenho pela minha vida, pela minha família, pelos meus amigos, pelo que sou. É menor do que a certeza de que não faltarão as chances para que eu reconquiste o que se perdeu. 
Porque, na noite de ontem, tive, mais uma vez, a certeza de que sou um cara muito abençoado!
Amém! E vamo que vamo!!!

28.3.12

A agonia da Sessão da Tarde?

Uma nota da coluna da Patrícia Kogut no Segundo Caderno de hoje confirma algo que eu já imaginava: a Sessão da Tarde tá derrubando a audiência da TV Globo. Segundo a jornalista, há estudos para identificar o público-alvo da tradicional sessão de filmes, célebre por exibir títulos voltados para crianças e adolescentes que, ao que parece, já não se interessam mais por esse tipo de atração na TV. 
Não precisa ser um grande especialista para notar a grande variedade de estímulos disponíveis para os telespectadores mais jovens. Cito dois grandes rivais da TV: games e internet. Diante deles, tão cheios de recursos de interatividade e com tantas possibilidades de entretenimento, é quase ingênuo supor que meninos e meninas vão continuar se comportando como há 20,30 anos e, diariamente, permanecer sentados diante da telinha para acompanhar reprises de filmes inocentes, comédias românticas, aventuras bobocas e afins.
Acredito que o horário precisa privilegiar conteúdo inédito. Enlatado na TV aberta é conteúdo cada vez mais arriscado! Para concorrer com a internet em pé de igualdade, a televisão aberta precisa se debruçar sobre o novo, oferecer outras possibilidades de interação e, mais que isso, entender o comportamento desse público inquieto, que vê TV navegando na web, falando com amigos e trocando mensagens nas redes sociais. Uma realidade nova, ainda muito recente, e que deixou pra trás até mesmo a mais jetsoniana das previsões. Coisa que a gente não viu nem em "De volta para o Futuro", um dos clássicos da sessão de filmes vespertina mais tradicional da televisão brasileira...

Meu encontro com Regina...

Quando entrei pra faculdade de Comunicação, levei comigo a paixão pela escrita, pela leitura e o sonho de contar boas histórias na TV. Sim, eu sabia que a minha praia era o telejornalismo desde pequeno. E isso nada tem a ver com o glamour: sempre fui fascinado pela "mágica" dessa janela eletrônica, tão presente e - ainda hoje - tão forte em nossas vidas.
O curso tinha todas aquelas cadeiras mais teóricas - concentradas no primeiro e no segundo períodos, sobretudo. Mas uma me conquistou em cheio: Redação! O nome da disciplina não era exatamente esse, mas o objetivo era ensinar aos futuros jornalistas as técnicas do texto para os diferentes veículos de comunicação. Lembro de, logo na primeira aula, ter ficado fascinado com a ementa que nortearia nossos trabalhos ao longo do semestre. E, também logo na primeira aula, a professora nos encomendou um texto de caráter jornalístico, opinativo, sobre um tema livre. Teríamos, portanto, de criar uma espécie de artigo nessa primeira experiência de produção textual.
Era agosto de 1998. Voltei pra casa pensando no ônibus. Mas não tardou até chegar a um assunto do meu interesse: a história de Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque. Naquela mesma noite, fascinado com a tarefa que tinha pela frente, lotei de letras a tela branca do Word e senti uma felicidade tamanha ao notar que, sim, conseguira contar a história e opinar sobre um fato tão "quente", sério e polêmico.
Entreguei o trabalho e fiquei esperando o retorno, claro. E quando ele veio, algumas horas depois, trouxe a certeza de que eu não havia escolhido um caminho errado - embora ainda pretendesse cursar Publicidade: a professora elogiou meu texto! Disse que já parecia uma narrativa jornalística! Fiquei nas nuvens...
Claro, havia uma ressalva: com caneta vermelha, a professora envolveu os nove pronomes "que" com os quais eu tinha construído minha narrativa. Uma repetição excessiva, apontava ela. Lição das mais valiosas naquele início de graduação.
Hoje, 14 anos passados, revi essa professora. Estava trabalhando, finalizando um dos programas que exibiremos em abril e, coincidentemente, Regina apareceu para conhecer as novas instalações da TV Escola. Eu a reconheci imediatamente, claro. Fiz questão de abraçá-la, trocamos algumas palavras - ela, muito afetuosa, felicitando-me por estar no mercado, atuante - e nos despedimos em seguida. Um breve encontro, mas com sabor muito especial. Sem saber, 14 anos atrás, aquela mulher foi a primeira pessoa a acreditar que eu estava no caminho certo. A primeira a dizer que minhas palavras, agrupadas, produziam sentido, contavam uma história e emocionavam. A primeira a, com essa atitude, me dar força e confiança para seguir em busca de um sonho de menino.
Sonho que, há 12 anos, realizo todos os dias...
Professores são figuras fundamentais em nossas vidas. Tive muitos, muito queridos e especiais. De alguns, me tornei amigo. Por alguns, tenho profunda admiração. Mas tenho profunda gratidão pro todos. Sentimento que me moveu mais cedo, ao abraçar Regina. E que voltou a me motivar horas depois, na volta pra casa, quando, dirigindo, comecei a formatar esse texto na cabeça. Exatamente do modo como, 14 anos atrás, fizera com o tal primeiro artigo escrito sob encomenda dessa querida mestra...

23.3.12

Obrigado, Chico!

Alberto Roberto: meu personagem preferido, o "símbalo sescual" da incrível galeria de tipos criados por Chico Anysio
Quando eu era moleque, as caretas de uma das aberturas do "Chico Anysio Show" me metiam medo. Pudera! Esse cearense, célebre por criar tantos tipos, surgia na tela esticando orelhas e nariz, arregalando olhos e deformando a testa. Obras dos efeitos de edição da época, claro! Mas o susto provocado pela vinheta do programa logo dava lugar às crises de riso propiciadas por tantos personagens, tão ricos e diversos. Tão plurais e tão singulares. 
Obras de gênio!
Obras de Chico!
Eu ria de Haroldo, o hetero mais gay que a televisão brasileira já mostrou. Ou seria o gay mais hetero? Ria das mentiras de Pantaleão e das gírias do Jovem. Dava risada das peripércias de Bento Carneiro, vampiro brasileiro - e de sotaque mineiro! Tinha verdadeiras crises de riso com o "símbalo sescual" Alberto Roberto, galã de redinha nos cabelos e pai da canastrice. Das loucuras do Coalhada e das eternas rusgas de Nazareno com sua mulher, sempre maquiada de modo pouco ortodoxo.
Mas Chico não me fez apenas rir. Também aprendi muito com esse grande mestre do humor, que foi descansar hoje, depois de lenta agonia. Com Chico eu aprendi muito sobre generosidade, ao vê-lo servir de escada para tantos colegas, apesar de toda a sua genialidade, quando se  travestia  de professor Raimundo. O Bozó, o global mais orgulhoso que já existiu, me fez ver como o deslumbramento é algo que não quero para a minha vida. Por trás dos vastos bigodes de Justo Veríssimo, descobri, ainda criança, que a maior chaga do meu país é aquele tipo de político que tem total desprezo pelo povo. Nos cultos de Tim Tones, vinte e tantos anos atrás, Chico me ensinou como pode ser perigosa a mistura entre fé, fanatismo e dinheiro. Alguém quer lição mais atual?
Hoje, a morte de Chico Anysio me fez lembrar de tudo isso. E dos discos dele que meu pai tinha lá em casa. Da minha infância, da minha família, das brincadeiras com amigos - onde tantas vezes e pelos mais diversos motivos repeti e ouvi repetirem seus bordões inesquecíveis. Chico é peça sem reposição. 
E a esse grande artista, cabe apenas o meu muito obrigado...

21.3.12

BBB: o estupro que foi sem nunca ter sido?

Na tarde desta terça-feira, fui surpreendido com notícia publicada no UOL. O texto informava que a Justiça determinou o encerramento das investigações no inquérito que apurou a suposta violência sexual que marcou as primeiras semanas do Big Brother Brasil. O fato, vocês lembram, agitou as redes sociais e gerou uma interferência direta nos rumos da casa "mais vigiada do Brasil": o participante investigado pela denúncia foi expulso do reality e, desde então, seu paradeiro é ignorado.
Daniel saiu rotulado como estuprador, não tem jeito. Isso mesmo depois do depoimento de Monique, apontada como vítima no caso, no qual qualquer possibilidade de violência foi derrubada pela moça.
Com Monique eliminada do programa, e com mais negativas da parte dela, nada restou se não a ordem para arquivar a investigação.
Diante disso, pergunto: como os danos gerados à imagem de Daniel serão reparados a partir de agora? 
Fiz a pergunta no Twitter, mais cedo, e rendeu pano pra manga. A mensagem foi muito retuitada e recebi vários replys de pessoas que culpam a TV Globo pela mancha ora impressa no currículo - e na vida - do ex-participante do programa.
Bom, é claro que a Globo tem o seu quinhão nessa história. E nem preciso dizer que ele é grande. Daniel foi exilado e sequer pode usar o espaço que a emissora dedica a todos os ex-BBBs pra se explicar. À essa altura, não há dúvida, a emissora já deve estar ciente de que um processo pode estar a caminho ou, quem sabe, um belo acordo com o rapaz.
Mas acontece que a Globo não é a única implicada na história. Muitos programas de TV - de emissoras concorrentes - usaram a abusaram da polêmica na corrida pelo Ibope. E sapecaram o rótulo de estuprador em Daniel. E, além das pessoas jurídicas, muitas pessoas físicas também replicara a história indiscriminadamente. Sim, meus caros! Muitos internautas apregoaram na tribuna livre da web um veredicto sobre o qual ninguém poderia ter a menor certeza. Julgaram e condenaram o participante e, o que é pior, difundiram seus levianos julgamentos em sites, blogs e redes sociais. Ou seja: produziram provas contra si mesmos. Com base na decisão tomada ontem pela Justiça, não precisa ser expert em Direito pra dizer que Daniel foi difamado e caluniado. E, à essa altura, muita gente pode estar devendo uma grana ao ex-BBB a título de lhe reparar danos morais que, sinceramente, nem sei avaliar que extensão têm.
Que a internet é, por princípio, democrática, não há dúvidas. Mas há que se ter muito cuidado sobre tudo o que se publica e se comenta nesse território tão polifônico. Porque afinal uma hora a conta pode chegar. E sair muito mais cara que o serviço de banda larga...

PS.: No mínimo curioso notar que a Globo só deu espaço ao Daniel em seus telejornais depois que a Justiça tomou posição favorável ao rapaz. Não?

15.3.12

PARTE 1: Desce!

Sorrateiramente, como quem não quer se deixar perceber, fecha o grande portão. Guarda o molho de chaves no bolso e chama o elevador. Faz frio, o vento é constante e sacode sua barba e a vasta cabeleira branca. Há uma névoa seca e densa no ar. Enquanto espera, caminha de um lado para o outro, cruza e descruza os braços, estala os dedos e faz todo o possível para atenuar a ansiedade daquela espera.
Está exausto. Não tirava férias há milênios e aquela “escapadinha” seria providencial. Deu-se ao luxo de não pensar no destino dos negócios, não queria se preocupar com nada. Cercou-se de todos os cuidados para que seu destino não fosse descoberto e para que a sua fuga, portanto, não pudesse ser evitada.
Foi quando o elevador chegou. As portas se abriram e Gabriel, o ascensorista, nada perguntou. Em muitos anos naquele posto, aprendera que a discrição era um valor imprescindível: nada de olhares, nada de perguntas, nada de conversa! Gabava-se, inclusive, de sequer prestar atenção na fisionomia de seus passageiros. E não foram poucas as vezes em que transportara gente famosa...
Poucos instantes se passaram até que a porta se abriu. O calor que vinha lá de fora assustou o passageiro, mas não chegou a surpreendê-lo. Saiu do elevador e logo seus pés estavam sobre aquelas areias alvas, escaldantes. A luz era abundante e o som das ondas batendo na arrebentação soava como música em seus estressados ouvidos, surpreendidos com aquela voz que não escutava há tempos... 
- E então você veio mesmo! 
- Ãhn...sim, sim! E agradeço-lhe pela gentileza. Como você sabe, eu...
- Não precisa agradecer nada, meu camarada! Talvez você finalmente ser convença de que aqui é bem melhor que...
- Por favor, caríssimo! Não vamos começar a falar disso, certo? 
- Está bem, está bem! Bom, então venha comigo! Vou te mostrar que beleza é isso aqui! 
- Sim! Está tudo muito bonito! Não venho aqui faz séculos... 
- E não sabe o que está perdendo! - disse o anfitrião, colocando o braço tatuado em volta dos ombros do visitante e dando início a uma animada conversa.
Era muita gente! Corpos bem torneados, bronzeados, expostos ao sol e à toda beleza daquele verão que parecia jamais ter fim. A paisagem também era perfeita para um período de férias: céu azul, sem nuvens, mar calmo e verdinho, coqueiros muito altos e uma brisa incessante – bem quente, é verdade. Enquanto ouvia o que dizia o anfitrião, passou a observar várias placas colocadas no início da faixa de areia. O local estava muito bem sinalizado, pronto para receber turistas das mais variadas procedências: Strand der Hölle, sinalizava uma. Outras quatro indicavam, respectivamente: Παραλία της Κόλασης, شاطئ من الجحيم , חוף הגיהנום e ساحل جهنم. Achou curiosa toda aquela diversidade de idiomas: Bãi biển của địa ngục, नर्क का समुद्र तट, Plage de l'Enfer...parecia ter entrado numa espécie de Babel litorânea, com línguas dos mais diversos tipos e lugares! Strand van Hell, Hell's beach, continuavam as placas, até que seu bronzeado guia anunciou:
- Chegamos, meu Senhor! Seja bem-vindo às férias na praia!
- Pelo Meu amor! Ainda não acredito que vou passar férias aqui!, respondeu o ilustre convidado, quando pararam diante da última placa, na qual se podia ler:

PRAIA DO INFERNO


continua >>>

1.3.12

Berço do samba e das lindas canções...

É maravilhosa ou não é?

Amo te ver, minha linda, nos dias de sol e nos chuvosos, ornada de flores ou pela luz dourada do outono. Gosto de caminhar à procura dos teus cheiros, todos, misturados pela brisa que os mares sopram pra te perfumar ainda mais. Gosto dos teus sons, dos teus barulhos, da sinfonia produzida pelos sambas, pelos funks, pelas buzinas, pelas britadeiras, pela tua gente sempre risonha.
Gosto dos teus gostos, do copo de chope suado molhando a mesa num happy hour que parece até pleonástico: contigo, é difícil não haver felicidade nas horas...
Sofro com teus problemas. Dói quando te noto maltratada, esquecida, deixada de lado por aqueles que não sabem reconhecer em você esse grande tesouro que vejo. Sinto medo de, um dia, notar que, uma a uma, tuas maravilhas foram desperdiçadas, destruídas. Sinto medo porque não há, no mundo, nenhuma outra como você!
Não há outra com seus ângulos, com tuas cores, com tua vibração! Não há outra com tua malemolência, com tua ginga, com tua gargalhada e com essa sedução gostosa que você exala. Não há outra com a tua camaradagem, com o teu humor e com a tua capacidade de, dia após dia, surpreender a todos nós com sua infinita beleza.
Porque você sempre nos surpreende. Há 447 anos!
Não há outra cidade como você, Rio! 
Maravilhosa, sem igual. Meu coração e coração do meu Brasil...