14.12.13

E eu vi, enfim, uma palestra do Lula...

Aproveitei uma tarde livre no meio dessa semana agitada aqui em Brasília e dei um pulo no Fórum Mundial de Direitos Humanos. Estava cansado, arrumado demais pra ocasião e com muito sono, depois de uma noite em que havia dormido apenas por duas horas e meia. Mas a missão merecia o esforço: queria aproveitar a oportunidade de ver, ao vivo, uma palestra do ex-presidente Lula.
Sempre achei Lula um grande comunicador, capaz de conquistar plateias de todos os tipos com suas falas inflamadas, emocionantes e divertidas. Por isso, não hesitei em esperar, apesar do atraso de uma hora no início da mesa que teria a presença do metalúrgico mais famoso da história do Brasil...
E Lula veio em sua melhor forma. De cara, disparou: "Tenho aqui um discurso preparado para essa ocasião mas, de cara, vou abandoná-lo". Aplausos. Lula não tardou a dirigir sua fala aos manifestantes que faziam barulho e erguiam faixas, os mesmos que, pouco antes, haviam vaiado muito o discurso da presidenta Dilma. "Não tenho medo de cara feia, se tivesse, nem teria nascido! E teria morrido assim que me vi no espelho". Em meio às gargalhadas da plateia - que sufocaram e logo puseram fim aos protestos, o ex-presidente se pôs ao lado dos manifestantes: "É natural que se queira mais! O governante tem que saber ouvir críticas, porque muitas vezes está cercado de gente que só faz elogios". E prosseguiu: "Mas não se pode esquecer do quanto esse país avançou nós últimos anos."
O auditório, atento, passou a prestar atenção. Lula citou os mais de 20 milhões de brasileiros retirados de uma situação de extrema pobreza nos dois governos do PT. Lembrou que foi o presidente que mais construiu escolas técnicas na história do Brasil. E disse: "Fui candidato à presidência por três vezes e perdi. Poderia ter desistido, mas não desisti porque eu sabia que eu, um operário sem diploma universitário, poderia entrar para a história como o presidente que mais fez pela diversidade nesse país". Foi ovacionado e o auditório se rendeu a essas inegáveis conquistas.
"Vocês acham que eu não sei que sou odiado por muita gente?" - prosseguiu - "Eu sei! E como sei! Sou odiado por quem acha absurdo o pobre estar na universidade! O Brasil nunca teve tanto pobre estudando ora doutor, minha gente! Sou odiado pela madame que vê sua empregada chegar pra trabalhar na segunda usando o mesmo perfume que a patroa colocava nas noite de sexta pra ir jantar fora! E sou odiadopor aqueles que adorava viajar de avião com a poltrona do meio vazia, mas agora não podem mais fazer isso porque o pobre também tá andando de avião!"
Voltou-se para os jovens manifestantes e disse: "Vocês têm razão de querer mais saúde, mais educação, de quererem o fim da corrupção! Eu já levantei todas essas bandeiras! Tenho bursite de tanta bandeira que carreguei! Mas a desgraça do jovem é negar a política! Se você quer uma política diferente, entre você para a política e faça a diferença! Porque, acreditem: a desgraça de quem não gosta da política é ser governado por quem gosta dela!".
Saí do auditório como quem acaba de ver um show memorável. Aliás: vi mesmo um grande show! Lula é um orador carismático, tem alto poder de comunicação e uma oratória que toca diretamente no coração de todos que estão comprometidos com esse Brasil mais plural, diverso e inclusivo que brota em todos os cantos. Sou um desses. E agora posso dizer que, um dia, numa tarde abafada de Brasília, vi bem de perto o cara que começou a mudar essa história...

6.12.13

Tudo ou nada?

E de tantas promessas que fizeram, de todas as juras de amor, de todos os olhares ternos, de todos os beijos intermináveis, de tudo aquilo a que costumavam chamar de "nós" restou pouco, quase nada. E esse quase nada ainda era mais puro, mais verdadeiro e mais forte que o tudo que muita gente sonha experimentar ao longo da vida...