20.5.09

Escraaaaaacho!

Sucesso no Rio, apresentador-parlamentar naufraga em São Paulo. E o blogueiro quer saber: por que a cobertura policial faz tanto sucesso na Cidade Maravilhosa?

Wagner Montes apresenta, na Record Rio, o Balanço Geral. O programa, que se pretende jornalístico, segue a linha trilhada pelo showrnalismo desde os tempos do Aqui e Agora: edição simples, quase artesanal, muuuuuitas pautas policiais e, claro, espaço de sobra para os comentários - por vezes destemperados - do apresentador.
Fazendo a linha "bandido bom é bandido morto", Wagner Montes, que também é deputado no Rio, cunhou bordões como o "Escraaaaaacha" para reforçar a sua luta contra a criminalidade.
No Rio, o programa é um sucesso. Chega aos 13 pontos de audiência.
Enfrentando dificuldades no horário em São Paulo, a Record encontrou uma solução simples: unificar as edições do Balanço Geral nas duas capitais e colocar na apresentação o polêmico apresentador da versão carioca.
Resultado? Fracasso!
Enquanto o programa da última sexta-feira cravou os 13 pontos no Rio, em Sampa a média foi bem mais modesta: 4.
Resultado? Wagner voltou para o seu quadrado carioca e a rede reformulou a programação para a capital paulista.
Esse episódio me fez pensar em como o Rio de Janeiro está contaminado pela lógica do consumo de notícias relacionadas à violência. Por coincidência, ouvindo a Bandnews FM na manhã de ontem, escutei um comentário de Ruy Castro protestando contra esse costume carioca e dizendo que esse tipo de jornalismo surgiu no tempo dos jornais vespertinos, em meados do século passado. Enquanto os jornais matutinos publicavam as grandes notícias do dia, no país e no mundo, para as publicações que chegavam às bancas à tarde, restava a cobertura dos crimes que aconteciam pela cidade. Por questões de mercado, o modelo de jornais matutinos e vespertinos caiu por terra, mas a predominância dos temas policiais na editoria Rio jamais deixou de ser tendência.
Por quê?
É óbvio que não sou alienado, que não quero o silenciamento dos problemas que afetam a nossa cidade. Mas é espantoso o espaço que a mídia dedica à essa temática aqui no Rio. E não só a mídia carioca: em todo o Brasil, quando se fala em violência, fala-se em Rio de Janeiro.
Por quê?
Por que os cariocas dão tanto Ibope a um programa sensacionalista, que explora tantas tragédias no início da tarde, enquanto o mesmo programa é refutado por paulistas e paulistanos?
Não tenho as respostas, mas acho que esse tipo de atração se vale do medo. Minha mãe, por exemplo, acredita que fica bem informada sobre o que acontece no Rio vendo esse tipo de programa. E acha que vai se sentir mais segura sabendo "onde está o perigo".
Eu acho que esse tipo de jornalismo faz mal à sociedade; forma pessoas assustadas. Acho que faz mal ao Rio, mostrando uma cidade mais violenta e deixando de lado o que há de bom aqui. E, por fim, faz mal à televisão, que certamente poderia preencher seus horários com produtos mais bem acabados e interessantes.

E você? O que acha?
Comentaê!

2 comentários:

Daígo disse...

Sinceramente acho q o rio é a "capital" do país, qualquer espirro que se de aqui vira notícia nacional, infelizmente nem sempre os espirros são d uma simples poeira no nariz...

Mas esse tipo de noticiário não está somente aqui, o aqui agora do SBT era todo d SP, assim como programas do Datena, Marcelo Resende e outros, não que eu assista pq não assisto mesmo, mas sei pq m contam...

Unknown disse...

Pois é, Daígo. O problema é que, aqui no Rio, esses programas continuam registrando grandes audiências, como no exemplo que citei, do Wagner Montes.
Vá entender, né?