5.3.09

Sobre a atitude do arcebispo de Olinda e Recife

Não tenho religião. Tenho fé. Em Deus, nas energias boas e na força que todos temos para superar mesmo os momentos mais difíceis. Não sei como acontece com os outros, mas, pra mim, crer no amor, na positividade e na força que eles têm é fundamental.

Diante disso, posso dizer que sempre considerei a excomunhão uma prática distante dos ideais de fraternidade, amor, solidariedade e generosidade. Algo que destoa dos valores propagados pelas mais diversas correntes religiosas - inclusive pela Igreja Católica.

Já pensava assim e, hoje, ao ler a notícia sobre a excomunhão da mãe e dos médicos envolvidos no aborto da menina de 9 anos, que estava grávida de gêmeos depois de ter sido violentada, tive ainda mais certeza da crueza dessa ação. Ao excomungar aqueles que se empenharam para preservar - se é que isso é possível - a condição de criança dessa menina, o arcebispo de Olinda e Recife assinou um atestado de que está em completo desacordo com o que pensa parte significativa da sociedade. Para alguns, a atitude da autoridade católica não foi nada mais que uma posição institucional. Nesse caso, direciono à Igreja esta crítica. Para outros, a intenção seria preservar a vida dos inocentes frutos dessa ação aterradora. E eu pergunto: que condições psicológicas teria uma menina de 9 anos para criar e, sobretudo, amar os filhos que foram concebidos num ato de tamanha crueldade? E como seria, para esses filhos, se um dia eles viessem a saber em que condições se deu sua concepção?

Será que o arcebispo pensou nisso? Acho que não. Acho que julgou a causa coberto pelo manto dos dogmas e dos ideais de uma igreja que cada vez parece mais distante do seu próprio tempo, dos seus fiéis e dos valores abraçados pela sociedade.

Aliás, se pensarmos que a excomunhão funcionou como um castigo, acho que seria muito mais lógico se o arcebispo tivesse eleito como alvo o autor desse estupro. Ou não?

Mas quem erra tem piedade de Deus. E quem padece, vítima desses erros, tem que se conformar. É isso?

Não, pra mim não é. E não posso crer que quem passou pela Terra deixando uma mensagem tão grande de paz e amor pense dessa forma.

Ok, pode ser polêmica. Mas essa é a minha opinião...

5 comentários:

Sandra disse...

Além de todos os argumentos q vc usou, tb tem o fato de que a menina, pela pouca idade, não tinha estrutura física para suportar a gravidez, sofria risco de morte se a gestação fosse adiante. Diante de mais essa evidência, pq a Igreja optou por preservar a vida dos gêmeos e não da gestante?? Tb fiquei indignada com essa notícia.

Sandra disse...

Mais uma coisa, pq o arcebispo tb não excomungou os políticos ladrões?? Diariamente vemos os bispos da Igreja católica ao lado de prefeitos, deputados e governadores bajulando e sendo bajulados... Não acho q eles tenham autoridade moral para excomungar ninguém.

Amanda Hora disse...

Também achei um absurdo essa atitude do arcebispo. Não concordo mais com a Igreja Católica a um bom tempo.

Anônimo disse...

O Brasil é o país com maior número de católicos no mundo.

Mas boa parte desses católicos deveria ser excomungada, pois está todo mundo aí se protegento de Aids ou gravidez indesejada através do uso de camisinha e anitconcepcionais.

Pessoalmente, eu não gosto de padre, não gosto de madre e não gosto de frei. Não gosto de bispo, não gosto de Cristo e não digo amém. Não monto presépio, não gosto do vigário e nem da missa das seis.

Tenho certeza que os responsáveis por esse aborto estão com a consciência tranquila e longe de encararem como castigo essa posição ridícula da igreja católica.

Unknown disse...

Sandra, mais que tudo isso: quem dá a Igreja o direito de se meter numa situação tão delicada quanto essa? Foi-se o tempo em que tudo passava pela igreja e parece que só eles não sacaram isso. O resultado é esse: críticas merecidíssimas por todos os lados.
Bj!

Amanda, acho que são poucos os que concordam...
Bj!

Raphael, sem comentários pro seu comentário!
Parabéns e abraço!