27.3.09

A fortaleza...

Era noite de uma quarta-feira. Pegou o celular e ligou. Alguém atendeu com a voz de quem tinha pressa, mas, ainda assim, conversaram brevemente num tom carinhoso. Desejaram-se coisas boas e se despediram.
Dali pra frente, tudo seria incerteza...
Pensando no que o destino poderia reservar numa daquelas voltas que o mundo dá, pousou os olhos sobre um daqueles relógios de rua e gravou aqueles números: 21:16. A hora em que tinham se falado pela última vez.
Sim, tudo era intenso. O última vez parecia dramático demais; mas, àquela altura, era também possível demais. Afinal, quem nunca foi vítima dos desencontros que a vida nos arma?
Na cabeça, um filme de tantos momentos vividos intensamente passava sem parar. Lembranças de cheiros, gostos, filmes, músicas, palavras, risadas. Só lembranças boas!
Agora, só lembranças...
Com o passar do tempo, foi se cansando de só lembrar. Não foram raras as vezes em que discou novamente para aquele número só para ouvir a voz registrada na caixa postal. E quando o fazia, sentia um misto de alegria e tristeza. E muita saudade!
Até que um dia a voz da companhia telefônica avisou que aquela linha estava desativada...
Mas como desativaria tudo o que ainda estava sentindo?
Jamais achou a resposta! As coisas tomaram o rumo que deviam; o caminho mais acertado. Felizmente, a última vez em que haviam se falado deixou de ser a última em pouco tempo. As notícias boas eram maiores e mais importantes que o vazio e a distância. E o novo cotidiano tratou de mostrar que, quando a base é sólida, não há vento ou tempestade que seja capaz de abalar a construção.
E o que haviam construído despretensiosamente era uma fortaleza!
Ainda agora ela segue de pé. Forte o bastante para superar as chuvaradas e as ventanias de todo um ano...
E quem pode duvidar que é assim, de pé, que ela vai seguir?

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