31.3.08

Funk-se!

Funkeiros e suas musas: a cada estação, um novo hit bombando nos bailes funks cariocas...


O funk produz modismos e hits numa velocidade absurda. Depois da "Egüinha Pocotó", que apresentou ao mundo a famigerada Lacraia, cheia de garbo e elegância, Mr. Catra surgiu cantando (?!?!) as maravilhas de um famoso centro de entretenimento noturno carioca, onde e anunciando que "vai rolar um adultério, tchan-tchan-rã-tchan-rã-tchan-nã". Mais ou menos na mesma época, o Mc Leozinho parecia até inocente enquanto, nas rádios, dizia que "Ela só pensa em beijar, beijar, beijar, beijar". Inocente, mas estourado (sem trocadilho, acredite), o rapaz estourou nas paradas e botou até o Rei Roberto Carlos para cantar o ritmo das popozudas. Como diria aquele rato de um extinto programa de TV: "Suuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuucesso!!!"
Veio o verão 2007/2008 e o destino nos reservou a primasia do Mc Créu. Uma dança que, já diz a letra (?!?!) não pode ser encarada por qualquer um, afinal, "tem que ter disposição". Desafio para bundas e bundões de todos os tamanhos, composta de cinco diferentes velocidades de execução. Uma pérola criada pela Mulher Melancia pra Barishnikov nenhum botar defeito!
Hoje, abro o site do jornal "O Dia" e descubro que os tempos já são outros. Enquanto a Melancia vai trocar as bancas da feira pelas de revistas (masculinas), a cena funk ganha um novo hit. E uma nova musa. É isso mesmo! Que "Créu" que nada! A onda do momento nos bailes é a dança do pisca-bumbum, a já lendária contribuição da Mulher Filé para o repertório coreográfico das tchutchuquinhas nos bailes funk.
E viva a pujança da cultura nacional!

Paralelas

Tomo nas mãos o retrato e te vejo sorrir pra mim. Tens a expressão serena, terna, doce. Tens os olhos cheios de um brilho que agora me falta e nos lábios guardas o melhor dos beijos que já provei.
Mas, saibas, tens mais do que mostra a fotografia...
Tens a mim, eterno, inteiro e pronto pra você. Pronto pra nossa história adoravelmente louca, cheia de hiatos e de risos e lágrimas. Tens o meu amor, hoje e sempre. Tens esse sentimento forte, que tantas vezes tentei endereçar à alguém mas que só em ti encontrou rumo certo.
Cá de onde estou, tenho apenas dúvidas e a completa falta de garantias. Mas tenho, ainda e como sempre tive, a esperança de que nossas trilhas do bem, ora paralelas, possam, dia qualquer desses que estão por vir, fundir-se numa estrada única.
E de bela paisagem...

30.3.08

O drama cômico de Gimenez

"No Natal a gente vem te buscar": acompanhada por Ernani Moraes, Rodrigo Phavanello e Analu Prestes, Cláudia Gimenez estrela comédia dramática, dá conta do recado e arranca muitas risadas da platéia



Cresci vendo as atuações memoráveis de Cláudia Gimenez em programas de televisão como o "Viva o Gordo", a "Escolinha do Professor Raimundo" e o "Sai de Baixo". Gosto muito do humor que ela sabe fazer, da naturalidade com que diz os maiores absurdos em cena e, mais que tudo, de sua expressão séria, sempre pronta a se transformar num largo sorriso. E sempre pronta pra gerar em seus espectadores sorrisos igualmente largos.
De inegável talento cômico, que a Globo insiste em aproveitar (aprisionar???) somente em novelas, Cláudia Gimenez volta ao teatro para provar que sabe mais que fazer rir. Em "No Natal a gente vem te buscar", de Naum Alves de Souza, a comediante flerta com o drama sem deixar de arrancar risos da platéia durante todo o espetáculo.
Na montagem, Cláudia vive Solteirona, uma personagem marcada pela solidão. Abandonada pela família, a protagonista tem sua história mostrada em capítulos. Assim, ora Cláudia aparece como mulher madura, ora, travestida de menina de seis anos. A ordem dos episódios que contam a vida de Solteirona não é cronológica e o público precisa de atenção para não se perder nas mudanças de papéis de Ernani Moraes e Analu Prestes.
O elenco acerta em cheio no tom e, pra mim, a grande surpresa foi ver Rodrigo Phavanello, em sua estréia nos palcos, passar longe da canastrice e dos arquétipos do galã televisivo. Na peça, Rodrigo se mostra um ator disponível para o personagem, seguro ao contracenar com colegas mais experientes e, sim, com talento para fazer rir. Sempre natural, sempre correto, o estreante não parece forçado - erro tão comum em atores estreantes.
E o que dizer de Cláudia Gimenez? O que dizer de alguém que se impõe um novo desafio quando tudo já parece ganho e cômodo? O que dizer dessa atriz que se propôs e venceu o desafio de fazer um drama com o mesmo talento com que sempre fez comédia? Digo apenas que ela venceu mais essa! Que acertou no tom e que traz para cena um carisma impressionante, que faz brotar risadas mesmo quando a cena não é lá tão cômica.
Lembro quando, lá pelas tantas, Gimenez disse em cena um "ah, meu Deus...." e o teatro veio abaixo. Rindo, lembrei logo da inesquecível Edileuza, do "Sai de Baixo". E acho que muita gente ali lembrou da mesma personagem...
A história não prima pelo ineditismo e o mesmo pode ser dito das piadas que pipocam ao longo do espetáculo. Mas acho que não era essa a intenção do autor, uma vez que, em vários momentos da peça, paira na nossa mente uma fortíssima sensação de já ter visto/ouvido/vivido algo parecido e com alguém parecido com um dos personagens de "No Natal a gente vem te buscar"...

27.3.08

Dica de um vestido de ótima categoria...

Sabe aquele tipo de pessoa que a gente encontra e, sem mais nem menos, adora? Pois é! Minha história com a Monica Ramalho foi exatamente assim. Grande amiga de uma das minhas grandes amigas, Monica me conquistou com seu papo gostoso, franco e inteligente. E com seus textos sempre inspirados, publicados em blogs onde a inspiração nunca falta.
Aliás, uma vez já falei aqui de como fiquei triste quando a moça pôs fim a um de seus blogs...
Eis que, semana passada, encontrei essa figura querida lá nos arredores da TV. E, feliz e com a melhor das energias - como sempre - ela me falou do novo blog. Com cara de leitor feliz, abri um sorrisão na hora, claro! E é com o mesmo sorrisão que lhes apresento o Laranja é a cor do vestido dela, desde já incorporado à lista de blogs amigos do B@belturbo.
Monica, beijo grande! E parabéns, já dei uma lida e deu pra sacar que o vestido é lindo! ;)

Aquele dia...

Escolheu seu melhor sorriso, o perfume preferido, a roupa que achou que melhor iria lhe vestir. E foi, julgando que, juntos, sorriso, perfume e roupa encobririam todas as tristezas que levava consigo.
Profundas, doídas. Suas.
Naquele dia, ouviu elogios, sorriu, agradeceu, fez elogios, contou e ouviu histórias. Falou coisas bonitas, outras tantas, feias. Disse verdades simplórias e complexas mentiras. Corriqueiramente, estava sendo a mesma pessoas de sempre.
Com um nó na garganta.
Um nó que parecia cego.
Como, aliás, dizem que é o amor.

25.3.08

Pro Vitão

Hoje um grande amigo começa uma nova caminhada. Uma nova fase que, tenho toda a certeza, trará muitas alegrias e realizações. E toda a felicidade que esse sujeito tão gente boa merece conquistar.
Vitor, você vai fazer falta aqui perto, meu irmão! Muita! Mas leve contigo a minha torcida e a energia boa de todos os teus amigos que, como eu, já torcem para que Dubai lhe traga apenas coisas boas!
Um abraço grande e fé na missão, camarada! Sei que você vai arrebentar!
E até a volta, ora balls!

Valeu, turma!

Aproveito esse espaço pra agradecer a todos os amigos que enviaram e-mails, torpedos e que ligaram para desejar boa sorte ontem, na estréia do Salto em 2008. Brigadão mesmo, foi bem bacana receber tantas manifestações de carinho!
O programa foi interessante, acho que deu pra traçar um panorama histórico da Educação Ambiental no Brasil. Aliás, se você gosta do tema, não pode perder essa série; no ar até sexta-feira, às 19h, ao vivo, na TV Escola.
E vamo que vamo que o ano está apenas começando!

Última espiada...

E não adianta: entra ano, sai ano, o BBB segue mobilizando a audiência. Nessa oitava edição, o programa deu claros sinais de desgate, mas a produção, atenta, correu atrás do prejuízo e botou mais pimenta na disputa, com os famigerados telefonemas atendidos pelos participantes.
Hoje, dia da final, não dá pra não dizer que, mesmo com muitos narizes torcidos, o Big Brother é um sucesso. Não há como ir a algum canto sem ouvir gente manifestando suas predileções por Rafinha ou Gyselle. Sem falar nos que ainda lamentam a eliminação de Nat.
Logo mais, o Brasil vai ganhar mais uma celebridade. Mais um milionário. Mais pauta pras revistas e sites de fofoca. É a roda-viva do BBB, com data de validade: tudo isso dura só até janeiro do ano que vem, quando vai surgir o Alemão da vez. Ou o Rafinha, que é quem eu acho que fatura a bolada logo mais...

24.3.08

Gol da Band!!!

Tô vendo a segunda edição do CQC, programa que a Band lançou na semana passada, capitaneado pelo Marcelo Tas. E, de cara, já deu pra notar que os caras têm um humor de primeiríssima qualidade! O quadro do repórter-egocêntrico (Rafael Cortez), que entrevista falando de si mesmo o tempo todo, foi muito divertido.
As inserções gráficas nas matérias e a edição lembram o Pânico. Mas o refinamento que sobra no CQC está longe de passar perto do programa de Emília & Cia.
Danilo Gentili, o repórter inexperiente, já surge como o ponto alto da atração. No Zoológico, alfinetando um dos secretários municipais de São Paulo, criou tanto desconforto que acabou sendo expulso do parque. E para os que esperavam um viés político na atração, as alfinetadas nos tucanos paulistas deixaram claro que não vai faltar zoação com os governantes...
Em suma: a Band parece ter dado uma bola dentro. E fico feliz que esse golaço tenha a assinatura do Tas e que, além disso, seja na área do humor...
Agora só resta torcer para que a rapaziada engravatada do programa não perca o fôlego...

De volta ao Salto

Hoje a noite, volto a apresentar o Salto ao vivo. É curioso como o tempo longe do estúdio faz o friozinho na barriga perturbar, um nervosismo quase igual ao das vésperas da estréia.
O tema da semana é a Educação Ambiental no Brasil e o programa, para quem não sabe, é exibido ao vivo, de segunda a sexta, a partir da sete da noite, na TV Escola (na Sky, canal 112). A TV Brasil reprisa os debates nas manhãs seguintes, sempre a partir das quinze para as nove.
Bueno, mandem energias boas para o blogueiro aqui, certo? E, quem puder e quiser, pode assistir e enviar perguntas para o debate...

23.3.08

Trilha particular

Caminhou por ruas, viu pessoas sorrindo, crianças a brincar e cães a sacolejar seus rabinhos ao menor sinal de carinho. Viu tanta coisa mas nenhuma imagem era mais forte do que aquela que permanecia impressa em sua retina: a imagem daquele sorriso.
Dali pra frente, só as lembranças ficariam. Memórias construídas em meio a um turbilhão de emoções, de idas e vindas. Memórias da mais intensa história que já tinha vivido, da mais louca, da mais verdadeira.
Seguia andando só por seguir. Era preciso continuar seu caminho, prosseguir trilhando no bem. Mas, lá no fundo, guardava uma esperança remota, escondidinha, de que um belo e distante caminho os pudesse unir novamente...

Merci, Dercy...



Não esperava rir tanto nesse início de Domingo de Páscoa mas recebi, do meu amigo Diogo, via msn, o link de uma entrevista de Dercy Gonçalves ao "Jô Soares 11 e meia", do SBT. No YouTube, o papo rola em duas partes e publico aqui a segunda. No trecho, a melhor comediante brasileira de todos os tempos conta, entre outras coisas, suas aventuras como mãe-de-santo.
É imperdível! Divertidíssimo! O único senão é constatar como esses 13 anos pesaram nas costas -já centenárias - dessa grande estrela...
Se quiser ver a primeira parte da entrevista, cá está.
E viva Dercy!

21.3.08

Cidade dengosa

As autoridades resistiram ao máximo mas ontem, derrotadas por um exército de mosquitos, anunciaram o óbvio: o Rio atravessa (mais) uma epidemia de dengue.
Quem lê jornais e vê os noticiários televisivos já podia imaginar que a coisa estava mesmo nesse nível. Só ontem, segundo o G1, foram mais de 2 mil novos casos da doença, velha conhecida de cariocas e fluminenses.
É triste demais essa notícia repetida. É triste demais ver tanta gente morrer em conseqüência de um descaso de tantos outros. Sim, porque nesse caso não dá pra olhar pro alto e apontar os governantes como únicos responsáveis pela tragédia anunciada - e anteriormente já vivenciada.
Há coisa de duas semanas, quando os gestores do sistema de saúde ainda faziam vistas grossas para os avanços da dengue, outdoors tomaram conta de várias partes da cidade, alardeanado que, naquelas regiões, eram altíssimos os números de casos.
E só ontem, segundo as autoridades, veio a epidemia...
E só agora, com hospitais explodindo em superlotação, descobre-se que o município do Rio não colocou nas ruas o contingente de agentes de saúde da família recomendado pelo governo federal...
E só agora se começa a perguntar sobre o paradeiro dos carros de fumacê...
E só agora muita gente se volta para dentro do próprio quintal, para se perguntar se ali pode haver uma colônia de mosquitos transmissores da doença...
E quase todo ano é assim.
Em 2002, as bromélias foram eleitas inimigas número um da sociedade. Vilãs da dengue, aliadas do tal mosquito de nome difícil.
E agora, em 2008? Haverá um novo vilão? Ou seriam vilões?
E será que estamos do lado do bandido ou do mocinho?
E viva Cazuza, anunciando o "museu de velhas novidades".
Tristes novidades velhas, acrescento...

20.3.08

Quando o importante é a caminhada...

Nuvens brancas manchavam o céu azul naquela manhã. Na noite anterior, estrelas cumpriram o papel de adornar o firmamento. Noite de clima ameno, de vento soprando o tempo todo; noite iluminada por uma lua que não se via há tempos.
Há tempos não se viam. Mas era como se não existisse o intervalo entre o último adeus e a deliciosa conversa daquela noite clara. Pelo chão, formigas que pareciam gigantes se esforçavam para carregar folhas, pedaços de flores e frutinhas miúdas. Ali, bem mais de um metro acima, esforçavam-se para controlar seus desejos.
Queriam-se. E queriam coisas boas um pro outro também. Talvez, pensavam, ceder ao desejo mais premente não fosse os levasse ao melhor destino. Mas também ia por suas mentes que o importante não é onde que se chega, mas o caminho que se faz até lá. E seus caminhos, sabiam há tempos, tinham muitas interseções. Como aquela a que chegaram, no fim da noite estrelada, quando só tinham a companhia das formigas que pareciam gigantes.
Gigantes como eram seus desejos...

19.3.08

"Lembro daquele beijo que você me deu..."

E não é que aprendi a gostar de "Deixo"?

Esperando o oftalmologista...

Hoje uma história me surpreendeu. Não pelo ineditismo, que é nenhum, mas pela forma como as reviravoltas da trama chegaram até mim. Inusitadamente, na sala de espera de um consultório médico, fui testemunha do desabafo de um mulher que tinha tudo para ceder sua história para qualquer uma dessas novelas de tevê...

Sílvia é uma coroa inteiraça. O corpo bem feito e o perceptível botox na região dos olhos tentam esconder, mas dá pra notar que ela já está beirando os sessenta. Comunicativa, usa o dom da palavra para se queixar. Primeiro, dos incômodos sintomas de um problema qualquer nos olhos. Depois, de dores mais profundas.
Conta ao estranho que, bodas de prata completadas, divorciou-se. Contra a vontade. O marido, um bem-sucedido ginecologista, a trocou por outra, na mesma faixa etária - "e nem era recauchutada!". A nova esposa do ex-marido é, na verdade, uma "paixão antiga", um arrebatador amor da juventude que, por todo o tempo do casamento, permaneceu ardendo, disfarçado como brasa coberta de cinzas.
Sílvia, é claro, não sabia da existência de uma eminência parda - a rival. Soube apenas no momento em que o casamento subiu no telhado. E no mesmo momento soube que a escolhida para fazer feliz o homem que julgava seu se chamava Roberta. O mesmo nome que, uns vinte e poucos anos antes, o marido a convenceu a colocar na filha única.
O desabafo não denota tristeza alguma, apenas um profundo desespero e uma vontade louca de contar - e recontar - a tal história dolorida, como se a repetição fosse capaz de fazê-la se acostumar com tanta dor. Uma dor que não foi amenizada nem com os apartamentos de luxo que lhe couberam na separação. Todos devidamente alugados. Todos com condomínios caríssimos que Sílvia está longe de ter condições para pagar.
Na corda-bamba da sobrevivência, a sessentona-toda-boa diz rezar todos os dias para que não chegue o dia em que um de seus inquilinos resolva se mudar, por ter a certeza de que, se a fatídica data chegar, não mais terá condições de arcar com as despesas administrativas dos imóveis de luxo - que não lhe rendem nenhum luxo.
Entre risos nervosos e momentos de olhar perdido, em busca de uma reflexão qualquer perdida num canto qualquer do universo, lamenta-se dos vinte e cinco anos de uma luta que julga perdida nos momentos finais; justo os momentos em que poderiam - ela e o marido - apenas colher os frutos de uma vida de trabalho.
Agora, Sílvia diz ao estranho que se diverte apenas ao jogar cartas. Troca os dias pelas noites nas rodas de tranca. Quando chega a manhã, já está trancada no apartamento em que vive, cortinas fechadas, ar condicionado ligado. Dorme quando o sol acorda, não quer mais ver os dias. Resignada, olha para o interlocutor e se auto-diagnostica: "Isso é depressão!".

Essa é a história. Real. E que, sei lá o motivo, mexeu comigo na manhã de hoje. A ponto de, enquanto a protagonista era atendida, pegar meu bloco e anotar os pontos fundamentais para não perder o fio da meada na hora de trazê-la aqui pro blog.
Para preservar a autora desse relato informal, os nomes citados são todos fictícios. De verdadeira, basta a dor que pude notar nos olhos daquela solitária senhora. E não me refiro à dor física...

A filosofia do "é, né?"

Está diante de uma situação embaraçosa? De uma pergunta desconfortável? De uma pessoa chata que insiste em perguntas sem o menor propósito???
SEUS PROBLEMAS ACABARAM!!!
Seja um adepto da milenar filosofia do "É, né?". Faça uma cara de paisagem®, carregue sua voz de inocência e naturalidade e, ao dizer essas sábias palavras, mentalize-se devolvendo ao cosmos - e, claro, à mala-sem-alça em questão - todas as energias negativas que pairam ao redor de gente dessa categoria.
Exemplos de aplicação da revolucionária filosofia do "É, né?":
Situação 1:
Na fila do banco...
PESSOA MALA:
- Está quente hoje, não é?
VOCÊ, EM ALFA:
- É, né?
Situação 2:
No ônibus, enquanto você tenta dormir...
PESSOA MALA:
- O ar condicionado está muito forte, né?
VOCÊ, IMBUÍDO DA SABEDORIA MILENAR:
- É, né?
Situação 3:
No trabalho, no meio da tarde. Você entra no refeitório e flagra a mala da vez lanchando. Educada - o pior tipo de mala é o mala educado!!! - ela oferece e você, claro, nega. Resignada, ela comenta:
- Ninguém aceitou...
E VOCÊ, SORRISO NOS LÁBIOS, PLENAMENTE ENVOLVIDO PELOS PRECEITOS MILENARES DA FILOSOFIA QUE TE IMPEDE DE MANDAR A MALA OFERECER COMIDA PRA PQP, RESPONDE, CANDIDAMENTE:
- É, né?
Gente, funciona. Adotando essa filosofia revolucionária, você se livra de emitir opiniões comprometedoras, das perguntas sem nexo e de toda sorte de artimanha que algumas espécies raras de mala são capazes de engendrar! Eu recomendo!
Cara de Paisagem® é um conceito criado pela jornalista Naila Oliveira, amiga do blogueiro que vos escreve...

18.3.08

Marcelo arma barraco até no 'Mais Você'...

Risadas não esconderam o clima pesado durante a entrevista do ex-BBB no programa matinal da Rede Globo: Polêmico no confinamento, mineiro ficou contrariado com pergunta sobre seus desentendimentos dentro da casa do Big Brother Brasil

Já falei aqui que tiro o chapéu pra Ana Maria Braga e que acho dificílimo fazer o tipo de programa que ela faz, com naturalidade, leveza e alto astral. O horário matutino impõe grande concorrência e, ainda assim, na minha modesta opinião, o programa da loiruda tem se sagrado com a melhor, mais inteligente e menos apelativa atração para o público.
Ana Maria está numa guerra e, cá pra nós, quem, no lugar dela, não usaria um canhão como o BBB pra derrubar seus oponentes? Sabida, ela não tem dispensado a arma na hora de mirar os pontinhos que Record e SBT conquistam no Ibope matinal.
Ontem, canhão carregado, Ana Maria recebeu o Marcelo, o mais polêmico participante da edição corrente do Big Brother Brasil. Bom, já disse aqui o que penso dele...
Logo na primeira pergunta, o cara se estranhou com a anfitriã. Perguntado sobre as brigas que protagonizou, devolveu, áspero, à apresentadora: "Você me trouxe aqui pra falar de briga?".
Ana Maria, que já tirou o ponto no ar durante uma briga com um antigo diretor, acusou o golpe. Só que, meus caros, ela tinha toda a razão. Afinal, sobre o que o tal "psicofarmacologista" gostaria de falar? Que marca ele acha que deixou na história da oitava edição do BBB? Quais ensinamentos edificantes teria dado o tal doutor Marcelo durante o seu período de confinamento?
Irritada com a descompostura, Ana rebateu: "Por que você está tão na defensiva? O último lugar em que você precisa estar na defensiva é aqui...". E foi em frente: "Você pode falar o que você quiser, eu nem pergunto mais nada!". O ex-brother tentou minimizar, mas foi tratado com ironia pela apresentadora. "Você tá gordinho, hein?", disparou ela, ao consertar o microfone do entrevistado. "Eu fiz um fitness lá", afirmou o mineiro; ao que a loira logo devolveu: "É, pelo menos lá se aproveita pra tratar do corpo, né, já que a mente tá indo embora!"
Loiro José morreu de rir. E eu também.
É claro que não acho que Ana Maria Braga, como pessoa, valha mais ou menos que o Marcelo. E vice-versa. Mas esse rapaz, prepotente que só, precisaria ter utilizado o mínimo de semancol para perceber que, SIM, ele foi um tremendo brigão. E que, SIM, o Brasil todo tá vendo, só pra usar o jargão dos participantes do BBB.
Contra fatos, não há argumentos...
Entrevistar gente chata é das coisas mais difíceis que se pode fazer. E tentar manter a naturalidade nessas circunstâncias é ainda mais complicado. Ana Maria ganhou mais um ponto ao se mostrar humana e, com toda a classe e ironia, dar uma leve descompostura nesse rapaz. E, cá pra nós, já acho que os 15 minutinhos de fama dele estão durando muito!

16.3.08

Chiste triste...

Li no Ego que, aos 30 anos de carreira, Gretchen anunciou que vai se aposentar, deixando de lado a vida artística.
É impressão minha ou há aí um atrasinho de uns 25 anos na decisão da estrela?
Enfim, se para a música a notícia é boa, para a política, nem tanto: a rainha do bumbum, que já fez um filme pornô, quer se lançar candidata nas próximas eleições...
É só isso. A piada acaba aqui!

Direto do túnel do tempo...

Zanzando pelo vasto território da internet, acabo de me deparar com uma daquelas pérolas da televisão brasileira, em forma de vinheta. Estrelada por Antônio Fagundes e Tony Ramos, a peça fez parte da campanha "Invente, tente: faça um 92 diferente", que a Globo colocou no ar no fim de 1991.
Parênteses para os mais jovenzinhos: nas vinhetas, as estrelas globais faziam coisas inusitadas, diferentes do que estavam acostumadas a fazer na telinha. Fátima Bernardes, por exemplo, sapateava. O Bonner, vejam só, imitava o jornalista Paulo Francis. E por aí sucessivamente...
Com Tony e Fagundes, pegaram pesado: colocaram os galãs pra cantar! E pra cantar música brega! "Talismã", hit de Elson do Forrogode.
Micaço, micaço, micaço!!! Por essas e outras que eu não critico os altos salários dos artistas da TV. Vez por outra, surge um diretor maluquinho e os obriga a fazer cada coisa...
Quer ver a performance da dupla? Cá está!

15.3.08

Papo com um dos bonequinhos...

Ontem eu gravei uma entrevista, muito interessante por sinal, com o Rodrigo Fonseca, que é crítico de cinema do jornal O Globo. Em pouco mais de vinte minutos de conversa, deu pra perceber o quanto Rodrigo se preparou para exercer a função a que se propõe. É uma responsabilidade muito grande assumir uma das identidades do famoso bonequinho. Responsabilidade que aumenta quando, diante de um filme considerado ruim, o tal boneco levanta e sai da sessão...
Confesso: não sou o tipo que segue opiniões de críticos. Até leio, meio que pra tomar pé da situação, mas vou na minha. Isso porque, por muito tempo, houve uma visão meio deturpada do significado da crítica e, com ela, surgiu uma tendência de massacrar tudo o que é popular e/ou meramente comercial. E mais: o que era considerado como "apenas entretenimento" sempre acabava recebendo tomates aqui e ali.
No papo com Rodrigo, que é um cara jovem, vi que, felizmente, essa caretice parece estar com os dias contados. Ou, ao menos, que ela está deixando de ser uma tendência predominante. Gostei de entrevistar um crítico e ouvir dele que o que importa, em cinema, é a aproximação com a linguagem, e não apenas a familiaridade com os grandes clássicos, com as "gemas". E que, mesmo num simples filme de animação, pode haver grandes lições, e grandes momentos de exercício pleno do poder da linguagem cinematográfica.
O próprio Rodrigo me contou que se interessou por cinema depois de se encantar com um filme do Van Dame, "O Grande Dragão Branco". E que, não fosse o blockbuster, talvez não tivesse nunca se interessado por clássicos de grandes diretores.
Por que esse texto? Porque acho meio bobo ficar rotulando e, pior, acho cruel quando as pessoas começam a ser julgadas por gostarem desse ou daquele tipo de filme. Como diria um antigo slogan de um dos produtos mais detestáveis da face da Terra: cinema (e arte) é com cada um na sua; questão de bom senso!
Ah, se você se interessou, aviso que a entrevista vai ao ar na primeira semana de abril, no Salto, num programa que vai discutir a relação entre mídia e os direitos humanos. Vale a pena conferir!

Trovinha...

Vem a chuva me dizer que a hora é de chorar.
Chega o frio pra fazer meu coração se arrebentar.
Quieto, sigo sem saber qual o rumo a tomar
Noite e dia sem você, troço ruim de superar...

14.3.08

Sobre o filme da "Loira Má"...

Marília Pêra faz rir em dose dupla no filme que marca a estréia do multimídia Miguel Falabella como diretor de cinema...

As mazelas, insatisfações, neuroses e esquisitices que fazem parte do cotidiano de todos nós ganham a tela no longa de estréia de Miguel Falabella - agora, também, diretor de cinema. Com roteiro igualmente assinado pelo eterno Caco Antibes e inspirado na peça "Como encher um biquíni selvagem", outro sucesso da lavra do artista multimídia, o filme traça um bem humorado painel da sociedade atual.
Encabeçado por Marília Pêra, genial nos papéis das gêmeas Magali e Magda, o elenco é de primeiríssima categoria. Arlete Salles, como a atriz à beira de um ataque de nervos, rende momentos hilariantes. E deixa claros os motivos de tanta reverência do diretor, que sempre a escolhe para seus trabalhos.
Stella Miranda, como Dulce, faz um trabalho primoroso. Na mais comovente cena do filme, não há quem não se identifique com a dor da mãe de fala mansa que revela como acabou indo trabalhar num centro de atendimento a suicidas. Aliás, vale o registro, Neusa Borges cumpre com muita eficiência o papel de coadjuvante nessa bela cena. E se comove, Neusa também faz rir. Numa ligação telefônica conturbada, a Crioula defendida pela atriz tem diálogos engraçadíssimos com Marília Pêra, Jacqueline Laurence e Arlete Salles. É o melhor do texto de Falabella, em diálogos ágeis, ácidos e hilários, a serviço de um dos momentos mais engraçados do filme.
Na ala masculina, o destaque é Otávio Augusto, vivendo o típico cidadão de classe média que morre de amores pelo automóvel - no qual, aliás, conserva os plásticos que envolvem os bancos. Uma clara referência falabellística à "pobreza", tão alfinetada por Caco Antibes...
Alexandre Slaviero destoa do restante do elenco e faz do seu Arnaldo um mauricinho um pouco over e, em alguns momentos, até um pouco afetado. Juliana Baroni, Ana Roberta Gualda e Nicolas Trevijano, no entanto, acertam em cheio em seus papéis.
Se Marcos Caruso parece pouco aproveitado e Natália do Vale aparece num tipo frio demais, Marília Pêra é só calor em seus dois papéis. E protagoniza uma cena que valeria o ingresso quando, surtada, Magali põe-se a reclamar da vida: "Um marido que ronca, um filho que bebe e uma irmã que liga a cobrar", diz a personagem, arrancando risadas fartas da platéia - aliás, pequena para um filme que poderia ter tanto apelo popular.
Enfim, Falabella estréia mostrando que tem fôlego para produzir também para as grandes telas. E se o filme tem alguns probleminhas técnicos, como a falta de sincronia entre áudio e vídeo em algumas cenas, o roteiro, os personagens e a fotografia - onde se nota uma forte influência da cinematografia de Almodóvar - tratam de dar ao público motivos de sobra para rir.
Recomendo para quem quiser se divertir sem grandes pretensões. E, cá pra nós, nada melhor do que rir despretensiosamente...

13.3.08

A caixinha...

Depois de tudo, lembrava-se que fora só prazer.
Prazer, nos risos, na conversa despretensiosa, nas músicas...
Prazer em cada segundo em que seus corpos se tocavam; em cada instante em que puderam sentir um o gosto do outro; em cada vez em que seus olhares se encontraram...
Horas depois, fechava os olhos e revisitava sensações, revivia alegrias e temores. Mas se agarrava às lembranças felizes, que já faziam parte da caixinha de deliciosas recordações que compunham aquela história toda.
Caixinha que, sabia, seria muito útil quando tudo se tornasse apenas parte de sua memória...

11.3.08

Visão de um milisegundo

Noite feita, lá está a roda de meninos sob o viaduto. Banhados pela econômica luz da lua, cobertos pelo manto da invisibilidade. Pequenos garotos e garotas, frágeis como todos daquela faixa etária.
Entorpecidos por algo que apenas a eles parece legal, os meninotes têm olhos vidrados. Carentes e revoltados, parecem clamar pela inocência perdida em algum canto da noite escura. Em algum lugar da cidade partida.
Infância rotulada de ameaçadora por uma sociedade cada vez mais cruel; monstros de costelas aparentes que se pode contar, de pele sem viço, de perspectivas reduzidas diariamente. Carentes de tudo: do mais caro brinquedo da moda ao carinho da família; o mais valioso dos bens e que nunca sai de moda.
Gente que só enxergamos por segundos. Os mesmos segundos que antecedem o momento de desviar o olhar...

Sorte

Belos versos que dizem muito sobre o que é a vida. E sobre o viver nosso de cada dia...

Pode estar escrito
em algum lugar
Ou a gente escreve
Ao caminhar...


* Trecho de "Sorte", do CD Omara Portuondo e Maria Bethânia.

Triste agonia...

Quando os bastidores de uma emissora começam a ser mais noticiados que a sua própria programação, tem-se pela frente um caminho perigoso. E, lamentavelmente, é esse o rumo que o SBT está tomando.
Nesses últimos dias, não li uma notinha que seja versando sobre os programas da rede de Silvio Santos. Nos jornais e sites não se fala de outra coisa a não ser do troca-troca de horários que o patrão impôs aos programas Charme e Fantasia - cujos cancelamentos chegaram a ser anunciados publicamente no sábado.
Qualquer mané sabe que essas medidas confusas afugentam - com uma tacada só - público e anunciantes; combustíveis responsáveis pela manutenção de qualquer emissora de televisão.
Não creio que Silvio Santos pense diferente. Só queria entender o que está levando o SBT a dar um tiro no pé atrás do outro...

10.3.08

Mais um a menos...

A contagem regressiva pisca por todos os lados, numa espécie de onipresente letreiro digital com números que descrescem, descrescem sem parar.
Por vezes, distraio-me olhando pra eles e lembrando de tantas outras contagens como essa, de tantos outros letreiros. Tento naturalizar as coisas, e penso que a vida é uma grande contagem regressiva, na qual cada dia a mais é um a menos. O que muda é que ninguém sabe qual o número inicial na tela do tal letreiro digital. E, desavisados, geralmente não percebemos que o zero pode estar por vir...
Em outras vezes, me pego tentando imaginar como vai ser quando nos virmos pela última vez antes que zere o tal contador. Qual a última imagem, qual a lembrança que vai ficar encaixotada na minha mente.
Bobagem! Pequeno demais reduzir tanta coisa bacana a uma única (última) imagem. Que, só depende de nós, pode muito bem não ser a última.
Pode, sim, ser apenas um pôr-do-sol; prenúncio de muitos outros dias ensolarados por vir...

8.3.08

Suuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuucesso!!!

Na volta da praia hoje, o rádio do carro, sabe-se lá o porquê, só conseguia sintonizar uma FM. E, para desespero meu e das minhas companheiras de aventura, era uma daquelas emissoras "populares". Não, beeeeeeeeeem populares. Já entendeu, né?
Gostamos de rir dos "sucessos" elencados na hit parade da estação e resolvemos que a volta para casa seria mesmo embalada pelas "mais pedidas" do dia.
Um pagode-mela-cueca aqui, um sertanejo acolá, outro pagodinho...e o locutor anuncia: "a próxima música é um sucesso do Calcinha Preta".
Até me animei porque, no meio de tanto sentimentalismo barato naquelas letras todas, estaria por vir um forró. Sim, porque, até onde vai meu pífio conhecimento da música que essas FMs esquisitas tocam, o Calcinha Preta era um grupo de forró.
Eis que ouço uma introdução de teclados. Notas que se repetem e que, aqui na minha cabeça, aparecem linkadas a uma outra canção, americana, da qual gosto muito: "Without You". Agora, segundo o pessoal da Calcinha Preta, "Paulinha".
Putz! Não dá! Cadê o Capitão Nascimento pra eu pedir pra sair? Cara, não tenho o menor preconceito, mas os versos originais: "I can't live, if living is without you"; na "versão" da banda nacional viraram: "Pauliiiiiiiiiiiinha, me diz o que é que eu façuuuuuuuu" / Pauliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinha, por que se casoooooooou?".
Duvida? Aqui está o link da mais nova pérola do repertório do Calcinha Preta, numa, digamos, impagável apresentação no programa - não menos impagável, aliás - do Raul Gil.
E se você, como eu, não aceita imitações, cá está o link com a gravação histórica de "Without You", por Harry Nilsson, feita no início da década de 70.
Agora, uma curiosidade: Pete Ham e Tom Evans, os compositores de "Without You", suicidaram-se...
Se eu fosse muuuuito cruel, diria que o destino é sábio. Certamente seria muito triste para os dois a simples informação de que a bela música que criaram, um dia, acabou se tornando "Pauliiiiiiinha". Mas, como não sou um cara muuuuito cruel, prefiro ficar na minha...

Pra elas...

Eis que chega o dia de dizer às moças que um dia é pouco pra celebrar-lhes. Vinte e quatro horas passam voando diante de tanta coisa boa a dizer e a fazer por essas belas, doces, amargas e, sobretudo, adoravelmente contraditórias mulheres. Enfeites que Deus colocou sobre a Terra e que - mesmo quando destoam um pouquinho do restante da decoração - cumprem o papel de deixar tudo mais leve, divertido e, é claro, belo.
Meninas, moças, mulheres, senhoras, velhinhas...parabéns pelo dia no qual todos paramos para olhar pro lado e ver que, sem vocês por perto, nada teria a mesma graça!
Bjs a todas as muitas mulheres que me cercam e que tornam minha vida melhor! E também a todas as leitoras aqui do B@belturbo!

7.3.08

Sobre Bethânia & Omara...

Projeto que une as vozes das duas grandes cantoras rende belos momentos, mas peca por excesso de repetecos no repertório...

Hoje, enfim, ouvi o disco das duas grandes cantoras. Um pouco melancólico, o álbum traz belos arranjos e revela uma "dona" Omara - como diz Bethânia - em plena forma vocal. Do lado brasileiro, a filha da centenária dona Canô também corresponde com belas interpretações - em português e espanhol.
O repertório, com duetos e solos intercalados, me pareceu um bocadinho irregular. A deliciosa "Só vendo que beleza (Marambaia)" é momento raro de alto astral e apresenta ao público o melhor dueto de todo o disco.
Mas vamos aos pontos positivos...
Omara ataca com belos boleros: "Nana para um suspiro" é a minha preferida, mas "Sempre em mi corazón", "Mil Congojas" e "Mariposa de Primavera", à primeira audição, também me chamaram atenção.
Bethânia rende bons momentos e, em "Menino Grande", canta em tom confessional, meio sussurrado, e enche de doçura a letra de amor. "Arrependimento" é um convite à fossa ampla, geral e irrestrita, e um convite da baiana é inegável! Como inegáveis também são as raízes de Bethânia, assumidas com delicadeza, belíssimo arranjo de viola e o auxílio de Dona Omara em "Caipira de fato", uma das minhas preferidas no disco.
Agora, o grande ponto de interrogação - porque não chega a ser negativo, dada a qualidade do trabalho - é a quantidade de músicas já fartamente gravadas por Maria Bethânia - algumas, muito recentemente - e que figuram na lista. "Sábado em Copacana", por exemplo, esteve em "Maricotinha Ao vivo" e no recentíssimo "Dentro do Mar tem Rio". Trazê-la de volta nesse projeto me pareceu um pouco impertinente. O mesmo digo de "Você", gravada em espanhol sob o título de "", e "Palavras" - agora, "Palabras"; ambas de Roberto Carlos e igualmente já gravadas em projetos anteriores da artista brasileira.
Em suma: é um bom disco, que poderia ser ótimo não fosse a falta de frescor de parte do repertório escolhido...

6.3.08

Paulistês*

Sem treta, mano: Sampa tá bonita merrmo! Saca, a cidade tá limpa, as rua tão bem iluminada e os hômi tão dando a maiorr assistência, firrmeza mesmo!
Bom, tá cerrrto que o trânsito tá uma merrda, que os carro toma conta das marrginais cedão e dá um nó em tudo mas, mesmo assim, a cidade tá da hora!
Ah, quando cê vierr, dá um chêgo lá na Vinte e Cinco, mano! Na cerrta cê vai sairrr carregado de sacola, cheio de produto imporrtado pelos chinês da Pajé. Mas tem que ficarr ligado: se num desenrolarr numa boa com os cara, eles enrola merrmo, no carão!
Ó, é isso! Vem currtirrr Sampa e descobrirr que a selva de pedra é muito mais que cê imagina!

* É claro que o texto é uma brincadeira com os paulistanos. E uma homenagem a São Paulo, terra da garoa, do chops e dos pastel. Terra que aprendi a conhecer, e da qual passei a gostar um pouco mais nos últimos dias...

Álbum de figuraças!!!

Bom trabalho e muitas risadas...


Essa turma aí me acompanhou ao longo dos últimos cinco dias, numa das viagens mais divertidas - e produtivas - que já fiz na minha carreira. É muito bom olhar pros lados e perceber que todos estamos em sintonia, tanto no que diz respeito ao apreço pelo trabalho, ao apuro pela técnica e à busca pelo melhor resultado; quanto no bom humor.
Rogerinho, Julinho, Fabinho, Simpson, Grazi e Ana: vocês são figuraças mesmo! Do bem e da melhor qualidade!
Valeu pelo ótimo trabalho que, tenho certeza, fizemos todos juntos!
Bjs, bebês!!!

NOTA DO BLOGUEIRO: Sim, "bebês" é uma piada interna...

4.3.08

Sobre os amigos da minissérie...

Rainha dos clichês, Bia, personagem de Denise Fraga, já até abraçou uma árvore no seriado global...

Quando começou, "Queridos Amigos" parecia um programão. Elenco de primeira - capitaneado por Fernanda Montenegro, direção da sempre competente Denise Saraceni e a griffe de Maria Adelaide Amaral. A soma dos três itens seria praticamente o bastante para garantir um certificado ISO 9002 à produção global, pensei na época da estréia.
O equívoco já começa na abertura, com um garoto segurando uma bandeira no Brasil, numa das piores obras da história recente da computação gráfica mundial!
Depois, o texto...bom, mesmo os gênios têm suas obras de baixa inspiração; e esse parece o caso desta minissérie, tijolo menor na obra de Maria Adelaide Amaral. Não compromete o todo, mas também não merece destaque...
Por fim, o elenco. É ótimo, não dá pra negar. Mas acho que o Dan Stulbach está muito Tom Hanks pro meu gosto - e aquelas mágicas todas já encheram o saco-cartola dos espectadores. Entre as mulheres, Débora Bloch parece ter optado por um burocrático cumprimento de dever e Denise Fraga causa um certo estranhamento. Seus textos são repletos de chavões, clichês e penduricalhos desnecessários, e sua Bia acaba descambando pro estereótipo da riponga-com-delay-de-uma-década. Sem contar que sempre parece prestes a contar uma piada e matar o espectador de rir...
Enfim, como meu amigo Gustavo disse logo depois do capítulo de estréia da minissérie, "eu não gostaria de ser amigo dessa gente chata"!

2nd - ou dia 2...

Passei o dia gravando em duas creches de Santo André, no ABC(D) paulista. E vendo tantas crianças lindas, não há quem não pense na possibilidade de vir a ter os próprios pimpolhos...
Foi no que pensei quando, logo ao entrar no berçário da segunda creche, um molecote de 10 meses estendeu os braçoas na minha direção, pedindo colo e me dando um sorriso em troca. É o tipo de convite que não dá pra recusar. E lá fui eu, pegar o bonitão no colo e me deliciar com um monte de risadas gostosas que ele disparou na minha direção. Um barato!!!
E ainda tem gente que não gosta e que é capaz de maltratar criancinha...

3.3.08

Impressões do primeiro dia em Sampa...


1) O trânsito está cada vez pior! A foto foi tirada próximo do Ipiranga, antes das sete da manhã de hoje. E olha que tem rodízio, hein?

2) Tá muito, muito abafado por aqui. Sei não, mas acho que ainda pego um toró até o fim da viagem...

3) Virar pra trás, no saguão do hotel, e dar de cara com Patrícia Pillar e Cláudia Raia faz qualquer carioca começar a achar que Sampa também pode ser uma cidade maravilhosa...

Curioso menu...


Os momentos que sucedem a entrada num quarto de hotel sempre me fazem lembrar das grandes expedições. Neles, tal qual fazem os cães farejadores, saímos em busca das mais variadas descobertas: desde onde fica o interruptor até quais os canais disponíveis na TV; sem falar no conteúdo do frigobar - sempre apreciado na companhia na tabela de preços que quase sempre nos faz perder a vontade de devorar as guloseimas ali contidas. Com os avanços tecnológicos, esses instantes de exploração se prolongaram: agora, também caçamos cabos de conexão à internet -sem falar na preocupação em descobrir a velocidade da conexão...
Em seis anos de viagens pelo Brasil, tenho um certo know-how que me ajuda nesses momentos em que encarno um bandeirante. Fiz progressos consideráveis e já não me queimo mais ao regular a temperatura da água do chuveiro. Também já aprendi que cartões de acesso aos quartos - os sucessores das simples chaves - não se dão nem um pouco com telefones celulares e, ao menor contato, acabam desmagnetizados. Mas, confesso, apesar de todos os progressos, me surpreendi ontem quando, na hora da fuçada, encontrei um menu na cabeceira da cama. "Mais opções de comida?" - vibrou o glutão aqui. Que nada! Tratava-se de um cardárpio de travesseiro, com seis tipos diferentes.
Curioso, li tudo! E todas as opções prometem conforto, maciez e uma ajudinha na hora de manter a coluna vertebral na posição correta. Descobri, entre outras coisas, que pena de ganso e pluma de ganso são categorias diferentes, é mole? Sem falar na opção mousse de poliuretano, que, lida de relance, me fez duvidar de que aquele não era mesmo mais um cardápio de quitutes.
Enfim, passado o deslumbramento inicial, fiquei pensando: libriano que sou, mais uma escolha a fazer é complicar ainda mais o jogo da vida! Fechei o menu e optei pelo basicão, que já estava sobre a cama.
E passei uma ótima noite deitado sobre o bom e velho travesseiro "DS" (de sempre)...

2.3.08

731 dias depois...

Cá está o B@belturbo, completando seu segundo aniversário. Ao todo, aqui, mais de 843 posts dão pistas do meu confuso, curioso, engraçado e, mais que tudo, meu modo de ver o mundo e as coisas. Nesses dois anos, o papo furado que temos batido - algumas vezes, sério - tem me rendido alguns elogios e nenhum dinheiro. Mas, na boa, tem me dado muito prazer! E foi isso que contou lá atrás, há dois anos, quando resolvi que era a hora de virar um blogueiro...
É um barato saber que tem gente do Japão entrando aqui, por exemplo! É ótimo contar com as visitas dos amigos e, igualmente bacana é saber que tem gente dos mais variados cantos desse planeta chegando até aqui, conhecendo o que penso; lendo o que produzo.
Enfim, é uma data bacana a ser celebrada! Tinha planejado uma mudança de visual pro blog, mas, ansioso que sou, fiz a mudança já no começo do ano mesmo; pra já entrar 2008 no clima de comemoração...
Enfim, obrigado aos mais de 10.000 visitantes que passaram por aqui desde março de 2007, quando o sistema de contagem de acessos do B@belturbo virou coisa de profissional. E, creiam, isso é só o começo: esse nosso papo ainda vai longe...

"Comédia em Pé": pequenas histórias, grandes risadas...

Cáudio Torres Gonzaga, Fernando Caruso, Fábio Porchat e Paulo Carvalho fazer rir (muito) com espetáculo simples, despretensioso e divertidíssimo!


Programação alterada no meio da noite, geralmente, é um saco! Você se planeja pra sair, ver um determinado filme, por exemplo e, ao chegar ao cinema, descobre que a película escolhida saiu de cartaz. Ou já teve a última sessão do dia. Um porre, porque você tem que decidir em poucos minutos o que fazer , depois de ter passado a semana toda se preparando pra curtir o tal do cinemão.
É quase como pegar um avião e desembarcar num novo destino, sem aviso prévio...
Ontem, estava preparado para conferir mais uma apresentação de Fernanda Torres em "A Casa dos Budas Ditosos". Na bilheteria, descobrimos - e e os amigos que acabei encontrando lá, na mesma situação - que todos os ingressos já estavam esgotados.
Pânico coletivo! Pra onde vamos? Fazer o quê? Onde estamos? Quem somos?...
Até que, por obra do destino, encontramos jogado no meio do shopping o Segundo Caderno d'O Globo. É sério! Encontramos mesmo, assim, do nada! Lendo as opções de teatro pra região da Barra, encontramos a "Comédia em Pé". Um casal de amigos já havia assistido e atestava: era engraçado. E, em busca de algo que ofuscasse a frustração pela não-compra dos ingressos pra peça de Fernanda Torres, lá fomos nós!
O "Clube da Comédia em Pé", o stand-up comedy tupiniquim, reúne Cáudio Torres Gonzaga, Fernando Caruso, Fábio Porchat e Paulo Carvalho. Os quatro se sucedem no palco e, com o uso de apenas um microfone - nada de outros adereços cênicos - contam suas histórias. Suas mesmo, porque o "dogma" da Comédia em Pé deixa claro que cada ator deve ser responsável pelo próprio texto. E, semanalmente, há ainda a adesão de um convidado.
Ontem, logo que Cláudio Torres Gonzaga começou a apresentação, eu já saquei que a escolha tinha sido muito acertada. Ao comentar o nosso incrível respeito pelos cones de trânsito, arrancou gargalhadas da platéia. Depois, Paulo Carvalho também fez ao rir ao debochar dos conhecimentos conquistados por enólogos de primeira viagem. Foi o menos inspirado da noite mas, nem por isso, deixou de ter graça.
Letícia Novaes era a convidada da noite e exibiu toda a graça ao descrever o horror da depilação. À vontade no ninho da comédia em pé, fazia gestos engraçadíssimos e descreveu todos os inconvenientes imagináveis do processo.
Mas os melhores da noite ainda estavam por vir: Fábio Porchat, que já fez uma breve e insossa participação no igualmente sem sal "Zorra Total", brincou com a platéia ao satirizar as vozes que nos cercam no dia-a-dia. Da voz da "mulher do aeroporto" à voz da "mulher do metrô do Rio", passando pela voz "da mulher da caixa-postal do celuar", Fábio deu um banho de presença cênica e de graça, arrancando aplausos em cena aberta por várias vezes. E provou - ao menos para mim - ser um daqueles talentos desperdiçados pela TV.
Fernando Caruso é o último a ganhar o palco e, pela ovação inicial, já dá pra perceber que o "Zorra Total", embora sem sal, deu popularidade ao cara. Só não conseguiu, mais uma vez, mostrar o talento que esse ator tem pra fazer rir. É absurdo como, logo na primeira frase, a platéia explode em aplausos! E foram vários outros quando, inspiradíssimo, Caruso começou a fazer uma crônica sacana do carnaval carioca. Muito bom mesmo!
Em suma: eu e meus amigos trocamos de peça, sim. Mas foi como mudar de restaurante e, no outro, descobrir uma daquelas preciosidades no cardápio! No fim, saímos todos muitíssimo satisfeitos!
Fica a dica: "Comédia em Pé" é um programão!!!
Ah, e só quem fica em pé é o elenco, ok???

1.3.08

"Viver é foder!" *

Fernanda Torres lota casa de espetáculos da América Latina e, como não poderia deixar de ser, dá um show de talento...

Aos 68 anos, uma véinha safadinha resolve botar a boca no mundo e contar suas (inúmeras) aventuras sexuais. Com esse mote, João Ubaldo Ribeiro deu de presente a todos nós, leitores, "A Casa dos Budas Ditosos", livro que o próprio autor adaptou para o teatro em 2003. Só agora, cinco anos depois, fui conferir a performance de Fernanda Torres no monólogo dirigido por Domingos de Oliveira. E darei minha opinião da forma mais direta possível: o espetáculo é f...ops...fantástico!
Primeiro, pela absurda qualidade do texto do João Ubaldo. Explícito, direto, cheio de palavrões e, ainda assim, graças ao talento inestimável do autor, nunca chega a parecer gratuito ou vulgar.
E, claro, há a grandiosidade de Fernanda Torres em cena! Ao dar vida ao tipo criado pelo escritor baiano, Fernanda foi precisa: nas pausas, nas inflexões, na modulação da voz, no gestual...em tudo! Sentada durante toda a apresentação, a atriz ainda consegue dar mostras claras do que é ter um absoluto domínio da expressão corporal - que, em vários instantes, arranca aplausos da platéia.
Além do usado no título do post, não vou citar trechos da peça - embora ainda tenha vários deles em mente - para que os fragmentos não pareçam gratuitos e descontextualizados. Mas vale dizer que um dos grandes méritos do espetáculo é abordar o sexo de uma forma divertida, sem tabus, sem grandes culpas, sem hipocrisia. Aliás, aos falsos moralistas cabe passar longe...
Cheia de carisma, Fernanda Torres domina a platéia - absolutamente lotada - já nos primeiros cinco minutos da montagem. E dá um show de talento, de comunicação, de improviso - sim, há alguns deliciosos improvisos; e de humor! Portanto, está plenamente justificada a razão pela qual "A Casa dos Budas Ditosos" estréia, nessa curta temporada, na maior casa de espetáculo da América Latina...
* O blog é família, você sabe. Mas essa é uma das pérolas ditas pela libertina personagem criada por João Ubaldo Ribeiro...