Projeto que une as vozes das duas grandes cantoras rende belos momentos, mas peca por excesso de repetecos no repertório...
Hoje, enfim, ouvi o disco das duas grandes cantoras. Um pouco melancólico, o álbum traz belos arranjos e revela uma "dona" Omara - como diz Bethânia - em plena forma vocal. Do lado brasileiro, a filha da centenária dona Canô também corresponde com belas interpretações - em português e espanhol.
O repertório, com duetos e solos intercalados, me pareceu um bocadinho irregular. A deliciosa "Só vendo que beleza (Marambaia)" é momento raro de alto astral e apresenta ao público o melhor dueto de todo o disco.
Mas vamos aos pontos positivos...
Omara ataca com belos boleros: "Nana para um suspiro" é a minha preferida, mas "Sempre em mi corazón", "Mil Congojas" e "Mariposa de Primavera", à primeira audição, também me chamaram atenção.
Bethânia rende bons momentos e, em "Menino Grande", canta em tom confessional, meio sussurrado, e enche de doçura a letra de amor. "Arrependimento" é um convite à fossa ampla, geral e irrestrita, e um convite da baiana é inegável! Como inegáveis também são as raízes de Bethânia, assumidas com delicadeza, belíssimo arranjo de viola e o auxílio de Dona Omara em "Caipira de fato", uma das minhas preferidas no disco.
Agora, o grande ponto de interrogação - porque não chega a ser negativo, dada a qualidade do trabalho - é a quantidade de músicas já fartamente gravadas por Maria Bethânia - algumas, muito recentemente - e que figuram na lista. "Sábado em Copacana", por exemplo, esteve em "Maricotinha Ao vivo" e no recentíssimo "Dentro do Mar tem Rio". Trazê-la de volta nesse projeto me pareceu um pouco impertinente. O mesmo digo de "Você", gravada em espanhol sob o título de "Tú", e "Palavras" - agora, "Palabras"; ambas de Roberto Carlos e igualmente já gravadas em projetos anteriores da artista brasileira.
Em suma: é um bom disco, que poderia ser ótimo não fosse a falta de frescor de parte do repertório escolhido...
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