Os momentos que sucedem a entrada num quarto de hotel sempre me fazem lembrar das grandes expedições. Neles, tal qual fazem os cães farejadores, saímos em busca das mais variadas descobertas: desde onde fica o interruptor até quais os canais disponíveis na TV; sem falar no conteúdo do frigobar - sempre apreciado na companhia na tabela de preços que quase sempre nos faz perder a vontade de devorar as guloseimas ali contidas. Com os avanços tecnológicos, esses instantes de exploração se prolongaram: agora, também caçamos cabos de conexão à internet -sem falar na preocupação em descobrir a velocidade da conexão...
Em seis anos de viagens pelo Brasil, tenho um certo know-how que me ajuda nesses momentos em que encarno um bandeirante. Fiz progressos consideráveis e já não me queimo mais ao regular a temperatura da água do chuveiro. Também já aprendi que cartões de acesso aos quartos - os sucessores das simples chaves - não se dão nem um pouco com telefones celulares e, ao menor contato, acabam desmagnetizados. Mas, confesso, apesar de todos os progressos, me surpreendi ontem quando, na hora da fuçada, encontrei um menu na cabeceira da cama. "Mais opções de comida?" - vibrou o glutão aqui. Que nada! Tratava-se de um cardárpio de travesseiro, com seis tipos diferentes.
Curioso, li tudo! E todas as opções prometem conforto, maciez e uma ajudinha na hora de manter a coluna vertebral na posição correta. Descobri, entre outras coisas, que pena de ganso e pluma de ganso são categorias diferentes, é mole? Sem falar na opção mousse de poliuretano, que, lida de relance, me fez duvidar de que aquele não era mesmo mais um cardápio de quitutes.
Enfim, passado o deslumbramento inicial, fiquei pensando: libriano que sou, mais uma escolha a fazer é complicar ainda mais o jogo da vida! Fechei o menu e optei pelo basicão, que já estava sobre a cama.
E passei uma ótima noite deitado sobre o bom e velho travesseiro "DS" (de sempre)...
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