"No Natal a gente vem te buscar": acompanhada por Ernani Moraes, Rodrigo Phavanello e Analu Prestes, Cláudia Gimenez estrela comédia dramática, dá conta do recado e arranca muitas risadas da platéia
Cresci vendo as atuações memoráveis de Cláudia Gimenez em programas de televisão como o "Viva o Gordo", a "Escolinha do Professor Raimundo" e o "Sai de Baixo". Gosto muito do humor que ela sabe fazer, da naturalidade com que diz os maiores absurdos em cena e, mais que tudo, de sua expressão séria, sempre pronta a se transformar num largo sorriso. E sempre pronta pra gerar em seus espectadores sorrisos igualmente largos.
De inegável talento cômico, que a Globo insiste em aproveitar (aprisionar???) somente em novelas, Cláudia Gimenez volta ao teatro para provar que sabe mais que fazer rir. Em "No Natal a gente vem te buscar", de Naum Alves de Souza, a comediante flerta com o drama sem deixar de arrancar risos da platéia durante todo o espetáculo.
Na montagem, Cláudia vive Solteirona, uma personagem marcada pela solidão. Abandonada pela família, a protagonista tem sua história mostrada em capítulos. Assim, ora Cláudia aparece como mulher madura, ora, travestida de menina de seis anos. A ordem dos episódios que contam a vida de Solteirona não é cronológica e o público precisa de atenção para não se perder nas mudanças de papéis de Ernani Moraes e Analu Prestes.
O elenco acerta em cheio no tom e, pra mim, a grande surpresa foi ver Rodrigo Phavanello, em sua estréia nos palcos, passar longe da canastrice e dos arquétipos do galã televisivo. Na peça, Rodrigo se mostra um ator disponível para o personagem, seguro ao contracenar com colegas mais experientes e, sim, com talento para fazer rir. Sempre natural, sempre correto, o estreante não parece forçado - erro tão comum em atores estreantes.
E o que dizer de Cláudia Gimenez? O que dizer de alguém que se impõe um novo desafio quando tudo já parece ganho e cômodo? O que dizer dessa atriz que se propôs e venceu o desafio de fazer um drama com o mesmo talento com que sempre fez comédia? Digo apenas que ela venceu mais essa! Que acertou no tom e que traz para cena um carisma impressionante, que faz brotar risadas mesmo quando a cena não é lá tão cômica.
Lembro quando, lá pelas tantas, Gimenez disse em cena um "ah, meu Deus...." e o teatro veio abaixo. Rindo, lembrei logo da inesquecível Edileuza, do "Sai de Baixo". E acho que muita gente ali lembrou da mesma personagem...
A história não prima pelo ineditismo e o mesmo pode ser dito das piadas que pipocam ao longo do espetáculo. Mas acho que não era essa a intenção do autor, uma vez que, em vários momentos da peça, paira na nossa mente uma fortíssima sensação de já ter visto/ouvido/vivido algo parecido e com alguém parecido com um dos personagens de "No Natal a gente vem te buscar"...
Nenhum comentário:
Postar um comentário