Ontem eu gravei uma entrevista, muito interessante por sinal, com o Rodrigo Fonseca, que é crítico de cinema do jornal O Globo. Em pouco mais de vinte minutos de conversa, deu pra perceber o quanto Rodrigo se preparou para exercer a função a que se propõe. É uma responsabilidade muito grande assumir uma das identidades do famoso bonequinho. Responsabilidade que aumenta quando, diante de um filme considerado ruim, o tal boneco levanta e sai da sessão...
Confesso: não sou o tipo que segue opiniões de críticos. Até leio, meio que pra tomar pé da situação, mas vou na minha. Isso porque, por muito tempo, houve uma visão meio deturpada do significado da crítica e, com ela, surgiu uma tendência de massacrar tudo o que é popular e/ou meramente comercial. E mais: o que era considerado como "apenas entretenimento" sempre acabava recebendo tomates aqui e ali.
No papo com Rodrigo, que é um cara jovem, vi que, felizmente, essa caretice parece estar com os dias contados. Ou, ao menos, que ela está deixando de ser uma tendência predominante. Gostei de entrevistar um crítico e ouvir dele que o que importa, em cinema, é a aproximação com a linguagem, e não apenas a familiaridade com os grandes clássicos, com as "gemas". E que, mesmo num simples filme de animação, pode haver grandes lições, e grandes momentos de exercício pleno do poder da linguagem cinematográfica.
O próprio Rodrigo me contou que se interessou por cinema depois de se encantar com um filme do Van Dame, "O Grande Dragão Branco". E que, não fosse o blockbuster, talvez não tivesse nunca se interessado por clássicos de grandes diretores.
Por que esse texto? Porque acho meio bobo ficar rotulando e, pior, acho cruel quando as pessoas começam a ser julgadas por gostarem desse ou daquele tipo de filme. Como diria um antigo slogan de um dos produtos mais detestáveis da face da Terra: cinema (e arte) é com cada um na sua; questão de bom senso!
Ah, se você se interessou, aviso que a entrevista vai ao ar na primeira semana de abril, no Salto, num programa que vai discutir a relação entre mídia e os direitos humanos. Vale a pena conferir!
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