21.3.08

Cidade dengosa

As autoridades resistiram ao máximo mas ontem, derrotadas por um exército de mosquitos, anunciaram o óbvio: o Rio atravessa (mais) uma epidemia de dengue.
Quem lê jornais e vê os noticiários televisivos já podia imaginar que a coisa estava mesmo nesse nível. Só ontem, segundo o G1, foram mais de 2 mil novos casos da doença, velha conhecida de cariocas e fluminenses.
É triste demais essa notícia repetida. É triste demais ver tanta gente morrer em conseqüência de um descaso de tantos outros. Sim, porque nesse caso não dá pra olhar pro alto e apontar os governantes como únicos responsáveis pela tragédia anunciada - e anteriormente já vivenciada.
Há coisa de duas semanas, quando os gestores do sistema de saúde ainda faziam vistas grossas para os avanços da dengue, outdoors tomaram conta de várias partes da cidade, alardeanado que, naquelas regiões, eram altíssimos os números de casos.
E só ontem, segundo as autoridades, veio a epidemia...
E só agora, com hospitais explodindo em superlotação, descobre-se que o município do Rio não colocou nas ruas o contingente de agentes de saúde da família recomendado pelo governo federal...
E só agora se começa a perguntar sobre o paradeiro dos carros de fumacê...
E só agora muita gente se volta para dentro do próprio quintal, para se perguntar se ali pode haver uma colônia de mosquitos transmissores da doença...
E quase todo ano é assim.
Em 2002, as bromélias foram eleitas inimigas número um da sociedade. Vilãs da dengue, aliadas do tal mosquito de nome difícil.
E agora, em 2008? Haverá um novo vilão? Ou seriam vilões?
E será que estamos do lado do bandido ou do mocinho?
E viva Cazuza, anunciando o "museu de velhas novidades".
Tristes novidades velhas, acrescento...

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