"Em momento nenhum estou faltando com respeito aos homossexuais, só estou defendendo um direito que tenho de expressar minhas opiniões." Essa é uma das muitas frases que o leitor Rodrigo Bahiense escreveu em seu mais novo comentário aqui no B@belturbo. Ele também me agradece pelo debate, e me cabe dizer que não há razão para agradecer. Acho que é exatamente isso o que falta em nossa sociedade: debate! Sobre tudo! Uma sociedade com medo de expor, refletir e dialogar sobre suas mazelas é, a meu ver, apenas um projeto de sociedade...
Mas vamos a mais um trecho do comentário do Rodrigo: "Nenhuma lei humana é capaz de dizer o que é eticamente correto para ninguém. Se uma lei afirma que o homossexualismo é correto, ou o aborto é correto, ou mesmo a eutanásia, essa lei por si mesma já nasce insuficiente. Ao contrário do que você pensa, o cristianismo oferece uma liberdade com consciência. O cristianismo afirma que tudo é permitido, mas nem tudo lhe convém. Entendemos isso de forma individual, interior, em nosso relacionamento diário com Deus. Por isso o cristianismo também fala que não devemos julgar ninguém. Como podemos julgar os pensamentos de alguém? Não podemos. Nesse caso quem poderia? Somente Deus pode.".
Ok, Rodrigo. Deixo claro aqui que respeito o cristianismo e, além disso, não nego as influências dele para a construção de valores éticos em nossa sociedade; influências que não são apenas oriundas dessa matriz religiosa: em todas as sociedades do mundo, a religião dita como predominante contribui nesse sentido. Agora, se o cristianismo, como você diz, "afirma que tudo é permitido" e, ainda de acordo com o seu texto, "(...) o cristianismo também fala que não devemos julgar ninguém", não entendo a razão de ser contra uma lei que quer combater a homofobia apenas alegando o direito de manifestar publicamente uma opinião contrária à homossexualidade. Se, como você bem disse, as conclusões acerca do que é certo e errado são individuais no cristianismo - e me cabe citá-lo novamente: "(...) é individual, interior, em nosso relacionamento diário com Deus", qual o interesse de opinar publicamente contra os homossexuais e contra a orientação sexual deles? E aqui, devolvo uma frase que você mesmo elaborou no seu comentário: "o cristianismo também fala que não devemos julgar ninguém". Se você vai opinar contra, é porque julgou. Será que isso não iria contra os próprios preceitos do cristianismo?
Não estou contra esta ou aquela corrente religiosa: respeito todas. Mas em nome do que se diz dentro das igrejas, muita gente acaba se tornando vítima de crimes nesse país. Dos mais "bobos", como as piadinhas e os risinhos de condenação e deboche, até crimes bárbaros, que atentam contra a integridade e a vida de cidadãos que não são de segunda categoria: são cidadãos como eu, como o Rodrigo, e como todos os outros. O direito a condenar publicamente ou a expressar a "opinião contrária" com relação aos homossexuais é, sim, uma forma de perpetuar o preconceito. Seguindo essa lógica, quem tiver a opinião de que os negros são "cidadãos de segunda categoria" poderá lutar para expressá-la em público. Isso não é preconceito? É! E é, também, um retrocesso! Não acho que todos devam concordar com relação a esta ou a outra polêmica. Mas devem, sim, respeitar o outro. E se acharem esse outro errado ou, como tantos acham, condenável; que tenham a sabedoria de guardar para si suas opiniões que, certamente, em nada contribuem para que se tenha uma sociedade melhor.
E as coisas da fé, Rodrigo, a gente deixa com Deus. Creio que não há ninguém melhor que Ele para administrá-las...! À você, mando um abraço! Volte sempre, também para comentar outros assuntos. Esse não é um blog-de-um-tema-só e, portanto, vou voltar à programação normal nos próximos posts, ok?
Agora é a vez dos outros leitores. Será que eles também querem meter a colher nesse papo? É só clicar e comentar!!!
3 comentários:
Não pude deixar de notar a doutrina religiosa seguida em meio a discussão. Atribuir sempre a Ele o poder de outurga sobre o que é certo ou errado é complicado.
E se eu não acredito em Deus como ficam as teses tidas como absolutas por estarem baseadas Nele?
Teria essa reflexão a possibilidade de ampliar um pouco mais nossos horizontes?
Abraços
Rascunhos na Net
Ok Murilo, é melhor parar essa discussão senão seu blog vai ficar somente com um tema.
Mas somente queria salientar uma coisa: ter uma opinião sobre algo é diferente de julgar. Claro que posso ter uma posição contra o aborto, contra o uso de armas, contra o homossexualismo, contra a eutanásia, mas isso não me faz juiz de ninguém. Por isso dei o exemplo do cristianismo que trouxe esse relacionamento interior com Deus. Eu não posso e não devo julgar um aborto de fulana, ou a homossexualidade de ciclano, mas posso ter minhas convicções sobre isso. A justiça dos homens trata da lei, da penalidade, dos direitos e deveres do cidadão, mas antes da prática de um aborto, existe a intenção de faze-lo, e é nessa intenção que entra a fé cristã. Por isso que falo que não importa o que as leis humanas julgam, já que as leis de Deus tocam o coração antes das leis humanas e são essas leis que a igreja tenta preservar entre seus fiéis.
Ok, moçada! Obrigado pelos comentários e voltem sempre!
Carlos, a dica está registrada. Estou pensando em voltar ao tema mais pra frente, e não apenas com textos meus. Vou amadurecer a idéia...
Abraços!
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