Ouviu as dores transformadas em música e pensou nas suas dores mudas, silentes, represadas dentro do peito. Dores de quem tinha um coração desafinado demais, desritmado demais para virar verso. Coração leviano e vagabundo, como já disseram os grandes compositores em algumas de suas canções. Teimoso, acrescentaria, uma vez que mesmo fora do compasso e da levada certa, continuava a bater.
Coração insistente, que em alguns momentos parecia incansável como o de um jovem atleta. E em outros, fraquinho como se fora o de um paciente de unidade de tratamento intensivo. Vigoroso ou não, o que importava é que ele sempre continuava a bater.
Talvez, na esperança de encontrar outro coração desafinado, para fazer das duas batidas descompassadas uma bela sinfonia...
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