Curioso entrar naquele quintal e não ver tua churrasqueira acesa, queimando a carne que você tanto gostava de mandar pra dentro. Estranho também não achar na paisagem o teu copo de cerveja geladinha. Triste notar que você tá ali, na varanda em que tantas vezes brinquei com teus filhos, deitado naquele caixão. Tem o ar tranqüilo, mas é impossível não lembrar da tua expressão séria e, ao mesmo tempo, carinhosa.
A mim, tenho certeza de que sempre tratou como a um filho. De todos os amigos do meu pai, tu eras o que mais se manteve próximo depois que ele se foi. E, pena, esse próximo, há tempos, já era longe demais...
Vendo Tiago e Taís chorando, cada um de um lado da sua Zirinha, voltei no tempo e vi o dia em que era eu no colo da sua esposa, chorando a morte do meu pai. Do seu amigo.
Hoje, foi tua vez. Morreu como meu velho, já na cama. Preparou-se para dormir e nunca mais voltou a acordar. Ou, como hoje disse o padre, dormiu para nascer de novo...
Ali, no meio da missa, lembrei de tanta coisa. De um tempo em que eu era molecote demais pra me preocupar com o passar do tempo; época em que nem podia supor que essa tal de morte era algo assim tão ruim, tão imponderável...
É, meu amigo. Hoje foi o teu dia de partir. Ou de nascer de novo, num lugar melhor que esse mundo doido. E estou certo de que irás encontrar muita gente boa por aí. E que, se paraíso realmente existe, à essa altura tu já deves estar tomando uma gelada, comendo uma carninha bem passada e, se tiver sorte, estás tendo a sorte de presenciar um showzinho privé do Nélson Gonçalves...
Que descanse em paz!
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