Houve um tempo em que me assustaria a notícia de que os candidatos a prefeito do Rio passam por homens armados em comunidades da cidade, em plena campanha, e ignoram (ou fingem ignorar?) o fato.
Nesse época, eu diria que um fato dessa natureza joga a última pá de cal na esperança de que um dia o Estado venha a ocupar o espaço que sempre deveria ter sido seu nessas comunidades. Afirmaria que essa "submissão" das campanhas ao crime organizado legitima a força do crime nessas regiões da cidade; avaliza a máxima de que, nelas, quem manda está longe de ser aqueles que elegemos para mandar. Protestaria contra a intimidação de jornalistas que, em pleno exercício da profissão, foram obrigados a apagar as fotos de suas câmeras por ordens de homens armados, a poucos metros daquele que é apontado como o líder na corrida para a prefeitura.
Houve uma época em que faria tudo isso...
Mas, hoje, diria apenas que é normal que os candidatos a prefeito ignorem a presença ostensiva do crime organizado nas comunidades da cidade. Diria mais: talvez seja até mais honesto da parte dos políticos. Porque, nos últimos tempos, a história mostra que, depois de eleitos, ignorar parece ser o verbo que eles mais conjugam. O tempo todo.
Lamentavelmente...
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