Toda a violência que há no mundo parece pouca diante da condenação representada pelo fato de uma pessoa se privar de si mesma. E a brutalidade dessa renúncia me impressionou logo no início de Preciosa, quando a protagonista, num texto de apresentação, diz: "Eu nunca falo nada!".
Com dificuldades de aprendizagem, violentada, obesa e fora dos padrões de beleza, Preciosa quer se esconder do mundo. Não se reconhece como parte dele. Não se reconhece: o reflexo que vê no espelho é outro. Sonha com um homem "branco e de cabelo bom". Um príncipe encantado que a salve do destino de ser abusada pelos pais e de, aos 16 anos, ser mãe duas vezes.
O filme é forte, sob todos os aspectos. Tem uma história forte, interpretações fortes e bate forte na plateia. Fiquei tenso durante boa parte da sessão, especialmente nas cenas em que a mãe de Preciosa deixa fluir seu ódio pela filha, tida como rival.
E que atriz é essa Mo'nique, intérprete da mãe da protagonista. Intensa, visceral, entregue à história cruel da mulher que "só queria ser amada". E que preciosa revelação é Gabourey Sidibe! Uma atriz talhada sob encomenda para um papel difícil, que em momento algum resvala para o estereótipo da gordinha infeliz e sonhadora. As duas estão indicadas ao Oscar e, honestamente, duvido que haja maiores e mais justas merecedoras para o prêmio.
Preciosa é filme para pensar e sentir. E para pensar, pensar, pensar...
Eu recomendo!
2 comentários:
Fui ver esse filme e estavam esgotados os bilhetes, depois dessa crítica, agora sim me deu mais vontade de ver!
Já pensei em trabalhar questões de raça e gênero com os meus alunos! Vou ver! bjs!
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