Numa seresta na varanda de sua casa, em Santo Amaro, Dona Canô canta com os filhos famosos exibindo o vigor e a beleza de sua voz centenária. Cantoria é um dos pontos altos do filme...
Hoje, Santo Amaro está em festa! Dona Canô completa 100 anos juntos dos filhos, amigos, familiares e vizinhos. Mas quem mais quiser participar dos festejos pode dar uma chegadinha a um dos cinemas que exibe "Pedrinha de Aruanda", o documentário sobre Maria Bethânia estrelado por...Dona Canô! Dirigido por Andrucha Waddington, o filme usa e abusa do carisma e da sabedoria que essa centenária senhora acumulou ao longo do último século.
Dona Canô é apaixonante; é aquela vó que todos gostariam de ter, tem aquela fala mansa baiana e um silêncio igualmente belo. Aparece mais no filme que a filha famosa - Bethânia, aliás, é uma das responsáveis pelo roteiro que privilegia a mãe - e, num dos momentos mais bonitos da produção, cercada por Caetano e Bethânia, canta lindamente na seresta realizada na varanda de seu casarão de dez quartos. "Chuê, chuá", diz Dona Canô, para toda uma platéia hipnotizada pela meiguice da mãe de dois dos mais importantes artistas contemporâneos do país.
Tenho restrições ao filme que, ao meu ver, não é um documentário. Tenho restrições inclusive técnicas, em relação à edição. Acho, também, que faltou Bethânia num filme que tem seu nome no título. Haveria espaço para algo além da bela seresta que invade a tela um pouco depois da metade da obra e se alonga por boa parte da etapa final da projeção.
Mas o jeito de Dona Canô, suas tiradas impagáveis: "Antigamente as músicas queriam dizer alguma coisa"; e a singeleza das canções iniciais da seresta me fizeram ter um carinho todo especial pela produção. Fico pensando no fantástico documento para a família, no valor inestimável de ter, ali, a matriarca ladeada pelos filhos artisas e cantando de um jeito tão bonitinho. E entendo que esse é um filme sem grandes pretensões e que aí mora toda a sua beleza...
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