3.3.06

Sonzinho light na sexyxta-feira...

O ônibus tem ar condicionado. A passagem é cara. Muitas poltronas, é claro, estão vazias. O clima é tranqüilo e nem se percebe que, lá fora, a temperatura passa dos 27º - quase às 8 da noite! O silêncio é um convite a uma boa leitura - para quem, é claro, não enjoa lendo em ônibus - ou a uma relaxante soneca - a opção eleita por mim, eterna vítima dos enjôos. Eis que o conforto, a tranqüilidade e o silêncio do ambiente são quebrados por uma voz. Alta. Esganiçada. E com um texto que todo mundo que anda de ônibus aqui no Rio de Janeiro já deve conhecer:
"Senhores passageiros, desculpe incomodar o conforto da sua viagem!"
Por que todos sempre começam assim? É claro, os vendedores de guloseimas em ônibus sempre encontram um jeito de personalizar a sua abordagem. Esse, que encontrei hoje, tinha uma forma curiosa de se apresentar:
"Vejam o que o ambulante trouxe para alegrar a sua viagem..."
Sim, ELE É O AMBULANTE, e se apresenta assim mesmo, na terceira pessoa! Em seguida, um festival de torrones, jujubas, amendoim japonês, paçoca em cubo, paçoca redonda, paçoca de todas as formas! Chocolate "emportado", chocolate nacional e balas, uma infinidade delas! Mas o destaque é um drops, genérico daquela marca que todo mundo conhece...
"Essa aqui é refrescante, sabor fruti-fruti (sic), pra quem ainda pretende beijar na boca nessa sexyxta-feira".
É... ele, o ambulante, era ousado! E essa ousadia só foi interrompida quando o motorista percebeu que o vendedor de doces, digamos, estava se exaltando demais na propaganda - a alma do negócio. Lá da frente, o piloto bradou:
"Ô, ô! Vamu botar um sonzinho mais light nisso aí!"
A risada, geral, foi contida. Sonzinho light pra mim, até então, era programação de FM adulta! O vendedor, tímido, fez um sinal de "ok" com o polegar de pé, e atirou um pacotinho de amendoim japonês pro motorista-fiscal-do-nível-de-decibéis. Sem vender quase nada, desceu na outra parada.
"Valeu, padrinho!"
E lá se foi o ambulante ousado, balas refrescantes de fruti-fruti na mão, sem sucesso na noite de sexyxta-feira...

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