Outro dia fui convidado para um encontro com jovens universitários, todos estudantes do curso de Comunicação. Acho um barato esse tipo de evento, sei o quão encontros dessa natureza contribuem para a formação e farei o possível pra estar presente e bater um papo gostoso com essa turma.
Ao mesmo tempo, fico me perguntando o que acho mais importante dizer. Coisas mais relacionadas ao fazer diário, à rotina de um jornalista de TV; ou trocar ideias sobre o imaginário que cerca um profissional de televisão.
E acho que o mais relevante é exatamente desconstruir essa visão de glamour que, em geral, se tem dessa caixa eletrônica chamada TV. Televisão é indústria, é fábrica. E posso garantir que mais de 90% dos profissionais que trabalham nessa linha de produção são operários - e tenho um prazer danado de encher a boca pra me incluir nesse percentual. Quem liga a TV e me vê maquiado, bem vestido e no conforto de um estúdio com ar condicionado está vendo parte do trabalho que faz parte da minha obrigação profissional. E por ser a parte mais visível, acaba alimentando - em cabeças e corações de estudantes e do público em geral - a ideia de que todo mundo que faz TV tá montado na grana e leva uma vida muito tranquila.
Ledo(s) engano(s)!
Ontem, por exemplo, foram mais de 12 horas de trabalho, em São Paulo*. Cansativas, produtivas e - pra mim, felizmente - divertidíssimas horas em que tive o prazer de conhecer pessoas interessantes, ouvir histórias incríveis, encontrar realidades plurais e ajudar a pensar a melhor forma de traduzir em imagens tudo isso. É esse o único glamour que tenho: o de me divertir com o meu trabalho. E isso se deve unicamente ao fato de realmente gostar muito do que faço...
Por isso, acho que diria aos estudantes que eles precisam se certificar do que gostam. Precisam se dedicar, investir tempo e neurônios em leituras, em ver filmes, em discutir e compreender a realidade que está na nossa cara. E diria que eles devem se projetar, no futuro, como operários dessa indústria chamada TV, sujeitos a longas jornadas de trabalho. E que se ainda assim o interesse pelo Jornalismo persistir, que agarrem a carreira com unhas e dentes e contem comigo nessa longa caminhada...
P.S.: O dia puxado de ontem, claro, explica a falta de postagens...mas vocês me perdoam, né?
2 comentários:
Muito legal esse post Murilo! Eu faço comunicação, mas voltado à publicidade. Mesmo assim, tenho curiosidade de saber como é o dia-a-dia do jornalista ^^
Onde foi esse encontro com os alunos de comunicação?
Bjoss
Meu amigo, só nós sabemos a temperatura agradável daquela kombi velha, que sai pra externa... Falta "gramour" mesmo! E viva os operários televisivos!! Beijos.
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