Cedo demais, saiu de casa e viu a beleza das árvores de sua rua, todas floridas. Copas e mais copas tingidas de rosa - em belos e diversos tons de rosa. O ar tinha um perfume delicado e, enquanto esperava a vida começar a acontecer em mais aquele dia, reparou que as flores belas também caem do alto das árvores.
Flores bonitas, bailando no ar rumo ao chão molhado pela chuva da madrugada. Tapete rosa estendido sobre a lama. Curioso notar que as flores representam fertilidade, nascimento, beleza. E morrem assim, belas, sutis. Pulando do alto dos galhos para um mergulho final, para uma última dança definida pelo sopro dos ventos.
Nada do ônibus, e pôs-se a pensar que amores e flores têm muito em comum. Amores, quando surgem, também são a essência da beleza; do quão belo é estarmos vivos e termos o dom de amar, o dom da entrega. Também nos fazem sentir férteis, pela simples constatação desses mesmos dons. Amores que não têm pétalas, mas que gravam em nossa memória perfumes tantos e tão variados. Amores que, ainda como as flores, surgem sutilmente. E enfeitam a nossa passagem por aqui.
Até despencarem do alto dos galhos que regem os sentimentos desse mundo...
Pensava nos amores que acabam na lama, como as flores que caíam das árvores naquela manhã, quando o ônibus parou no ponto...
2 comentários:
Querido, essa foto tá digna de coluna do Ancelmo... Beijos.
Murilo querido, que coisa mais linda esse texto... a foto, sim, é bonita... digna da coluna do Ancelmo? - como diz minha Bella aqui embaixo - não!- perfeita para adornar esse seu texto mágico. Fui tragada pelas lembranças ao lê-lo. Subi montanhas, me embrenhei em matas tão conhecidas minhas que cheguei a sentir o cheiro da terra, o perfume no ar... Neste início de tarde cinza, agradeço por me propiciar um céu claro recheado de ipês rosa. Amo você. bjos
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