26.8.07

Um filme para Glória Pires brilhar...

A atriz interpreta e dá um show de talento como Juliana, a empregada que descobre o adultério da patroa e passa a chantageá-la

Quando a TV Globo exibiu a minissérie 'Primo Basílio', eu era moleque demais pra prestar atenção nesse tipo de produto. Mas, vinte anos depois, a história da empregada que chantageia a patroa adúltera chegou aos cinemas e lá fui eu conferir como Daniel Filho tinha levado para as telas o clássico da obra de Eça de Queiroz.
No filme, há a já comentada transposição da época em que se passa a história. Da Lisboa do fim do século XIX para a São Paulo dos anos 50. A mudança não compromete o desenrolar da história e o que se vê na tela é um elenco entrosado, sobre o qual certamente pesou o trabalho de um diretor que prima pelo trabalho junto aos atores. Débora Falabella, a jovem adúltera, reafirma todo o seu talento - e sua beleza. Fábio Assunção e Reynaldo Gianecchini - as alegrias da mulherada, que sussurrava a cada aparição mais ousada dos galãs - também se saem bem defendendo seus personagens.
Mas há um nome para se lembrar sempre que se quiser pensar na versão cinematográfica de 'Primo Basílio': Glória Pires. Vivendo a empregada Juliana, que quer tirar vantagens das informações comprometedores sobre a vida extra-matrimonial da patroa, Glória dá um banho! Nota-se que ela criou um jeito de andar todo especial para a personagem, um olhar de quem parece subserviente e, além disso, soube construir uma vilã na sutil fronteira entre a perversidade e o humor. Sim, há cenas deliciosamente engraçadas envolvendo a troca de postos entre patroa e empregada. Mais um grande personagem para a galeria de tipos inesquecíveis criados por essa grande atriz.
Gostei do filme. Não vai mudar a vida de ninguém, é claro, mas, pelo que vi, 'Primo Basílio' tem tudo para ser realmente o hit brasileiro dos cinemas na temporada...

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