12.8.07

'Seu' Ernani: o meu pai...

Naquele dia 26 de dezembro, chegou em casa com todos os presentes de Natal. Joysticks para meu video-game, roupas, calçados, e uma calculadora - a minha primeira grande parceira na luta pela superação dos desafios da matemática.
Eu era pequeno. Tinha só 10 anos naquele dia em que vi meu pai sorrir pela última vez...
Ele tinha 41. Era um cara pra cima, bem-humorado. Dono de muitas das qualidades - e de alguns dos defeitos - que herdei. Era desastrado, um pouco teimoso. Sabia como a vida deveria ser aproveitada e não esquentava a cabeça por pouca coisa. Era estivador e fazia de tudo para que a minha vida fosse mais leve; para que eu tivesse as oportunidades que ele não teve. Por isso, era exigente: estudava comigo todas as noites e, quando eu dizia que tinha ido bem nas provas do colégio, respondia que, como eu não trabalhava, aquilo não era mais do que a minha obrigação.
Dele herdei o gosto pela leitura de jornais. E de livros também. Também vem dele a minha mania de cantar; o meu gosto pela música. E foi ele o primeiro a ver naquele moleque dentuço um futuro comunicador: observando minha brincadeira de repórter do Jornal Nacional, acabou comprando pra mim um microfone e uma caixa amplificadora.
Esse era meu pai; um cara que não media esforços para me fazer feliz. O cara que, uma vez, me deu um Ferrorama que, de tão grande, nem cabia dentro da sala da casinha onde morávamos. Não importava: o importante era me ver contente. E isso ele conseguiu. Sempre!
Nosso "sempre" durou apenas 10 anos. Pouco demais pra alguém que ainda sente muita saudade daquele boa-praça. Pouco pra mim, que me despedi do meu pai com uma partida de video-game, na qual ele me ganhou e disse, rindo, que eu nunca iria vencê-lo no River Raid.
Ele tinha razão. E até hoje, quase 17 anos depois, eu penso que nunca desejei tanto ver meu pai errado como naquele dia...


O
B@belturbo aproveita para desejar - embora um pouco tarde - um ótimo Dia dos Pais a todos os pais. Ou melhor: que todos os pais tenham ótimos dias...junto dos seus filhos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que lindo! Emocionei. Mais ainda por descobrir só agora que nossos pais têm o mesmo nome. Beijocas

Unknown disse...

Esse nem precisa dizer que escrevi com o coração, né?
Bj, Lindona!

Anônimo disse...

Sem palavras!