A vontade de sair por aí andando sozinho não passava. Veio forte, logo no início da noite. Ganhou a rua e viu os últimos raios de sol, já tímidos, começando a despedida de mais um dia abafado de outono. Mãos no bolso. Celular no bolso. Não queria encontrar alguém, não esperava encontrar ninguém. Esperava, na verdade, uma vibração. Que não era cósmica; era, sim, do telefone em seu bolso. Queria que aquele aparelhinho minúsculo tremesse e anunciasse só coisas boas. Não queria perguntas chatas, não queria dar respostas chatas. Queria passear, queria dueto...
A cidade não era mais tão bonita como no "sonho doce". Andava devagar, não tinha pressa. Todo o tempo é sempre pouco pra quem espera que as coisas melhorem. Chegou ao destino. O telefone não tinha vibrado. As coisas, mais uma vez, não mudariam. Olhou pro alto; noite feita. Fechou os olhos. Quem sabe amanhã?
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