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Passou muito tempo assim. Até que um dia, sem mais nem menos, decidiu que era hora de falar daqueles sentimentos que, há tanto tempo, moravam em seu peito e habitavam seus sonhos. Vestiu-se, perfumou-se e saiu. Foi ao seu encontro. E soube: tinha partido. Era tarde...
Voltou pra casa, rosto lavado pela tristeza que brotava de seus olhos sem parar. Sentia-se vítima de um golpe mortal; e o golpe era a certeza de nunca mais ver seu amor. A noite linda, perfumada e clara pela ação da lua cheia, tornava ainda mais angustiante o seu pesar. Queria seu amor. Merecia seu amor. E não teria a chance de dizer isso nunca mais.Na cabeceira da cama, encontrou papel e caneta. Entre soluços, pôs-se a derramar lágrimas e palavras sobre a folha em branco. Tudo o que tanto tinha ansiado dizer e não dissera, agora seria escrito. Horas depois - finda a tarefa de dar corpo e alma a uma história que só existiu em seus melhores sonhos - borrifou água de lavanda, para que seu cheiro ficasse impresso no papel, como se fosse parte da narrativa. Pôs uma pétala de rosa dentro do envelope, para que quem lesse aquela carta conhecesse o quão bela e delicada fora aquela história. As lágrimas não fez questão de secar. Eram a prova de que se tratava de uma carta de amor doído, que revelava uma dor tão intensa como aquela de agora, que sentia nas horas finais...
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