Passou a chuva, as poças secaram. O guarda-chuva, embalou e pôs na mochila. Do céu ainda desciam alguns pingos insistentes, que não o intimidavam. Nunca teve medo de se molhar, não seria agora que iria ter.
A estiagem fez pensar em algo maior, bem maior do que uma chuva de final de tarde. Pensou nos temporais que assolam nossas vidas vez por outra; nas pessoas que aparecem como tormentas incansáveis, intensas, que parecem ter o propósito de durar pra sempre. Que nada, disse ali, na rua. As pessoas são como as chuvas: por mais intensas que sejam, uma hora passam. Umas têm o dom de deixar as coisas mais agradáveis, mais frescas. Outras, tornam tudo um pouco pior, mais quente, mais abafado; mais sufocante. Mas sempre passam...
Os pingos teimosos eram cada vez mais escassos quando chegou ao lugar do encontro. Ali, cara a cara, avistou uma nova tempestade em sua vida antes de qualquer satélite de previsão do tempo. Como toda tempestade, anunciava-se intensa, desafiadora; assustadora até. Não tinha medo. Tinha desejado aquela chuva por muito tempo, queria se encharcar. E, dessa vez, não queria estiagem...
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