Você está numa van, cruzando a cidade a caminho do trabalho. O motorista corre um bocado, e os demais, nos outros carros, idem. Você tem um compromisso que pode ser honrado em dois pontos e passa parte da viagem a pensar em qual dos dois locais vai descer do carro para resolver o tal problema.
Eis que, do nada, resolve descer no primeiro ponto. Paga a passagem, desce e toma o rumo de seu compromisso. Resolve as coisas, sente o vento fresco da tarde, sente cheiros de comidas variadas e, ao voltar para a calçada, nota uma ambulância dos bombeiros impedindo parte do tráfego. Olha e vê: lá está ela, a van onde você estava há menos de cinco minutos, mergulhada na traseira de um ônibus. Tudo isso menos de vinte metros depois do local onde você desceu da condução.
O coração dispara quando seus olhos te mostram as pessoas que estavam ao seu lado, atrás de você; companheiros de viagem, todos machucados, recebendo o atendimento dos bombeiros. Você treme, sua voz tem que vencer barreiras incontáveis até encontrar o mundo. E, pequeno diante da imensa ordem natural das coisas, você fecha os olhos e agradece a Deus por ter ficado de fora dessa.
Tudo isso aconteceu. Ontem. Comigo!
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