6.2.08

Só cinzas...

Quatro dias que passaram voando foram embora! Agora, é confete pisoteado pra todo lado, fantasia amarfanhada no cesto de roupas sujas, vestígios de serpentina aqui e ali, um fiapo de voz saindo da garganta e a Beija-Flor, outra vez, campeã. Nos últimos anos essa tem sido uma constante, como a mídia já lembra desde que a última nota do último jurado foi conhecida.
Não questiono o resultado do carnaval carioca - menos por espírito esportivo do que pela convicção de que ficar reclamando pontos perdidos e critérios incompreensíveis não leva ninguém a lugar algum. Mas não posso deixar de expressar aqui uma dúvida que me atormenta: o que define uma nota 9,9? O que faz com que, no quesito em questão, a escola avaliada não leve um 10 pra quadra? Será que nossos respeitáveis jurados têm esse nível de precisão a ponto de distingüir um décimo na hora de decidir os rumos do carnaval? Aliás, o que seria esse décimo? Uma pontinha de linha puxada na fantasia? O pneu careca do carro alegórico? Ou a falta de pedigree do gato que cedeu seu couro para o pandeiro da agremiação?
Não tenho as respostas. E nem sei se elas existem...
Agora é olhar pra frente, dizer adeus pro Momo e guardar as muitas lembranças boas desse carnaval que vira cinzas hoje. Lembranças de um desfile memorável do Cordão da Bola Preta; de uma tarde feliz, com banho de chuva, no Carioca da Gema; de uma noite inteira pulando no salão do Clube dos Democráticos, na Lapa; da sempre divertida (e confusa, e tumultuada) Banda de Ipanema; e da última noite de folia, em plena Avenida Rio Branco, novamente debaixo de chuva, vendo o centro nervoso da cidade ser inundado por uma alegria contagiante...
Bom demais! Dá até saudade já...

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