Fiquei bem triste com a história dessa criança de 11 anos, morta no meio de uma aula de matemática. Pelo relato que vi num telejornal, o menino morreu segurando um lápis. A escola, cercada por comunidades nas quais a violência é tida como parte da rotina, foi atingida por vários tiros durante uma operação da polícia. Um deles pôs o ponto final na vida de Wesley.
O comandante do batalhão da PM responsável pela operação foi exonerado, mas toda e qualquer providência tomada pelo poder público, mais uma vez, parece incapaz de dirimir essa amarga sensação de que mortes como a de Wesley passarão em branco. E de que o menino será apenas mais um nas estatísticas, como disse o pai da vítima.
É fato que algo precisa mudar urgentemente. E não me refiro apenas aos rumos da segurança ou à qualidade de vida em comunidades como aquela onde está situada a escola onde Wesley estudava. Precisa mudar, principalmente, a forma como a sociedade enxerga tragédias dessa natureza. Sim, estou afirmando que a sociedade é cúmplice dessa crônica sangrenta que faz parte da realidade de muitos alunos e professores de escolas das chamadas "áreas de conflito". Basta ver que dificilmente um caso como esse - mesmo sendo tão grave e triste - ocupa o destaque dado a outros casos envolvendo homicídios infantis. Seguindo uma lógica (?!) torta e preconceituosa, a sociedade parece aceitar como naturais as mortes de crianças e jovens ocorridas em comunidades massacradas pela ação de bandidos. E da polícia.
Essa visão obtusa de um problema tão sério ajuda a explicar o fato de escolhermos representantes que, muitas vezes, também tratam episódios tristes como esse com naturalidade.
Não pode!
Um comentário:
tenho uma amiga que trabalha nessa escola e, segundo ela, a professora dele já podia estar aposentada, mas escolheu continuar dando aulas. E agora, essa tragédia. Estão todos muito tristes e assustados. É muito triste viver em um país tão desigual e injusto.
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