6.8.08

Camarim

Sentado na cadeira, espelho cheio de luzes em volta, pensava na vida enquanto a bela mulher cuidava de lhe aplicar um corretivo. Na pele. Ela tinha as mãos macias, suaves e a voz, mansa. Dona de olhos expressivos, capazes de revelar e esconder pensamentos e desejos.
Observava a beleza daquela mulher pelo espelho. O branco de sua pele contrastando com o preto de suas roupas. E o brilho preto dos seus cabelos; tão lisos e macios quanto o toque de suas mãos.
Por vezes, seus olhos se encontravam num ponto qualquer daquele espelho. E sorriam ao descobrir aquela que poderia ser uma primeira característica em comum: uma certa timidez abusadinha; algo muito deles...
Enquanto o pó compacto era espalhado por sua pele, fechou os olhos e imaginou como seria beijá-la ali, naquele camarim. Qual seria o sabor daquela boca? Que gosto teria aquele beijo? Como seria sentir sua respiração de perto, tê-la nos braços por toda a eternidade daquele primeiro beijo? E, de novo tímido, pensou em como seria olhá-la depois de tudo isso...
Buscava na mente alguma frase engraçadinha pra dizer em seu devaneio quando, doce e afetuosa, ela colocou as mãos em seus ombros, o rosto ao lado do dele e, com a boca bem perto de sua orelha, disse:
- Você está pronto, querido!
Ainda não estava, sabia. Mas, ao mesmo tempo, sentia que era cada vez mais próximo o momento em que estaria...

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