Depois de uma noite divertida, regada à pizza e bom papo, a volta pra casa. Dentro do carro, um clima alegre e descontraído, típico de início de ano, quando todos estamos cheios de planos.
Num cruzamento escuro, um carro cruzou nosso caminho. Parecia até um avião porque, sem dúvida, estava voando. Cerca de 120 km/h, batendo na minha porta, estraçalhando o vidro na minha cara, fazendo meu carro rodar na pista. Desespero de minha mãe e de minha tia. Na minha cabeça, apenas a lembrança dos faróis crescendo diante de mim, do som da frenagem. E do choque...
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Aparecida sempre esteve no meu carro, desde que minha mãe fez uma viagem ao Santuário. Uma pequena imagem, presa no pára-brisa por uma ventosa. Um imagem que girava, ora me abençoando, ora guiando os caminhos por onde o carro me levava.Um dia, efeito do sol forte, a imagem de Aparecida quebrou. Partiu-se em duas, de um lado o corpo, do outro, a cabeça. Exatamente como na história que narra a aparição da primeira imagem da Santa.
Não tive coragem de jogar minha companheira fora. Cuidadosamente, peguei as duas partes da imagem e pus sobre o painel do carro. Desleixadamente, nunca sequer tentei colá-las...
E ela estava ali, em seu lugar cativo no meu carro, na hora da batida. Viu minha mãe passar mal, viu minha tia reunir forças para me manter calmo e viu minha prima fazendo o possível para acalmar minha mãe. Viu todos os trâmites burocráticos que envolvem um acidente automobilístico - mesmo que sem vítimas, como foi o nosso. Viu tudo.
Na hora de buscar socorro, lembrei que meu celular estava perto do câmbio. Fui procurar e não o encontrei. Revirei tudo, furei o dedo no vidro e nada! Só depois de muita busca, achei o aparelho, sob um dos bancos. O impacto tinha jogado longe meu telefone...
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Horas depois, já dirigindo o carro destroçado na volta pra casa, olhei e lá estava ela, sobre o painel. Uma imagem de plástico, levíssima. Do jeito que eu tinha deixado tempos antes: cabeça unida ao corpo, sem cola. Apenas encostados, como se nunca tivessem se separado.
Eu me arrepiei naquela hora e ainda hoje me arrepio ao lembrar daquela imagem: a constatação mais plena de que Aparecida está comigo em todos os lugares. E de que, graças a Deus - e a Sua intervenção - nada de mal aconteceu a nenhum de nós, e nem ao piloto do carro-avião que cruzou nosso caminho voando.
Não me digo devoto. Não tenho religião. Mas tenho uma fé profunda, um amor inabalável e a certeza de que, onde quer que esteja, tem alguém lá em cima cuidando muito bem de mim. E de todos que amo. Alguém que chamo de "Nêga", certo da mesma intimidade que tenho com meus melhores amigos. Ou de "Cida", com o carinho e amor que fazem menores os nomes daqueles que, para nós, são imensos.
Viva Nossa Senhora da Aparecida, Padroeira do Brasil!
Viva a Nêga!!!
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