24.4.09

Ainda sobre o barraco no STF...

Ontem, depois de um dia inteiro de muito trabalho na TV, peguei o carro e fui direto ao shopping. Precisava cortar o cabelo, que andava grande e desgrenhado demais para quem tem que apresentar um programa ao vivo logo mais...
Pois bem. Patrícia foi a profissional que deu um trato na cabeleira deste blogueiro que vos escreve. Enquanto ela cortava meu cabelo, a TV do estabelecimento estava ligada no Jornal Nacional. Falávamos de amenidades quando começou a matéria sobre o barraco que rolou no STF na última quinta-feira. A matéria mostrou, uma vez mais, todos os detalhes da baixaria protagonizada pelo povo das togas.
Patrícia parou de cortar meu cabelo por alguns instantes: tivera a atenção surrupiada pelo que a TV exibia. Ao fim da matéria, com uma cara de quem me parecia sinceramente chocada, balbuciou:
- Não sobra ninguém nesse país, meu Deus!
Sou capaz de jurar que aquele foi um desabafo. Sim, Patrícia não quis falar comigo. As palavras simplesmente lhe escaparam. Mas, embora sussurradas, eram a mais perfeita tradução do grito que todos os cidadãos honestos devem ter dado diante de cena tão triste e repugnante. Um grito de basta! Um grito de negação a esse país sujo que querem nos empurrar goela abaixo como sendo a representação de uma brasilidade do jeitinho; de um povo que só quer se dar bem acima de tudo - e de todos (nós)!
Notando que eu estava de olho nas suas reações, ela ficou entimidada. E desabafou:
- Os maiores representantes da Justiça do país se tratando dessa forma! E um ainda diz que o outro tem capangas! A que ponto esse país chegou...
Patrícia voltou a cortar meu cabelo calada. Diria até que notei um certo ar de tristeza em seu semblante. A tristeza de quem tem consciência do tamanho da crise ética que esse nosso amado país atravessa...

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