De repente, não mais que de repente, a luz findou. Os olhos verdes se cerraram vagarosamente, expulsando aquela lágrima. A última de tantas que já havia chorado.
Diante dela, que parecia apenas descansar, sentiu o peso da impotência abater-se sobre seus ombros. Fardo pesado, arrasador, imponderável. Queria ao menos uma chance de dizer novamente o quanto a amava; falar do quanto se arrependia de cada uma dez vezes em que despendera seu tempo brigando e dizendo coisas tolas àquele alguém que sempre amou. Clamava por essa chance de tê-la novamente em seus braços, alegre e sorridente, com toda a vida que seus olhos verdes sempre irradiaram. Tudo o que mais queria era apagar aquele som de agora de sua mente: o som do silêncio, o som do vazio que a falta dela lhe fazia sentir. Vazio de felicidade, vazio de esperança. Vazio de amor...
Sem ela, era apenas metade de si mesmo. Uma metade de muito pouco valor. Sem perspectiva. Sem ânimo para seguir a diante. Contemplou-a a face mais uma vez. Lágrimas invadiram seus olhos, pendiam de seu rosto e se juntavam à lágrima solitária que ela havia chorado enquanto tentava lhe dizer aquela frase. A frase que sempre dissera tão sinceramente, por tantas e tantas vezes. Aquela pequena frase, que, a cada vez que ouvia, ganhava um tamanho que nem podia calcular dentro de seu peito. Aquela linda frase que, por toda sua vida, apenas dela planejou ouvir. A mais bela de todas as frases e que, agora, não lhe fazia mais o menor sentido.
Choroso, curvou-se sobre a face de sua amada, beijou-lhe a testa e disse, baixinho, como que respondendo a cada uma das vezes em que apenas havia se dado ao luxo de escutar: "Eu também te amo!"
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