10.5.06

Agruras de um repórter...

Cheguei para cobrir o seminário sobre telejornalismo. Como manda o manual do bom jornalismo, pauta bem estudada, perguntas previamente elaboradas. Tudo certo. Só faltou um detalhe: pensar que um dos entrevistados - representante da Rede de TV Al Jazeera - não falaria português comigo...! Bom, errar é humano, e quando saquei que tinha vacilado, corri pra traduzir minhas perguntas pra língua do Tio Sam e da Rainha. Peço um tempo para a produtora. Sim, mais de seis meses sem dizer uma única palavra em inglês resultam nisso. Traduzi a primeira e parti pra segunda e última pergunta da pauta (sempre prezei a objetividade e, naquele momento, agradeci a Deus por isso!). Eis que me deparo com um verbo. E não acho o equivalente em português. Paro, coço a cabeça e...nada! Respiro fundo, começo a buscar sinônimos e...a produtora bate no meu ombro:
- Murilo, he is Gabriel!
Como não ficaria bem dar uns sopapos na minha amiga ali, na frente de todo mundo, sorri e cumprimentei o entrevistado. De cara expliquei minhas dificuldades com o inglês (precisava ganhar a simpatia dele!!!). E, enquanto a equipe ajustava os equipamentos, iniciei aquele papo pré-gravação. E...ponto pra mim! Descubro que o cara é filho de um mexicano e, si, habla español! Não vi minha cara nesse momento, mas tenho certeza de que a expressão era de total alívio! Combinei de gravarmos em espanhol, ele concordou na boa. Meus problemas estavam resolvidos!
Recebo o ok do cinegrafista. Começamos a gravar. Faço a primeira pergunta de pronto, toda em espanhol, traduzindo em tempo real (como aqueles tradutores da festa do Oscar!!!). O cara olha pra mim, sorri e...RESPONDE EM INGLÊS!
Como não ficaria nada bem dar uns sopapos no meu entrevistado ali, na frente de todo mundo, sorri e apelei a todos os santos pra que me ajudassem a traduzir a segunda pergunta. À essa altura, já achava que preciso ser ainda mais objetivo! Droga! Pra que duas perguntas???!!!
Nem prestei atenção no que ele me respondeu...! Mas o tal verbo apareceu, eu traduzi e consegui levar a entrevista até o fim.
Quando acabou a gravação, nova sensação de alívio. E vem o operador de áudio, sorrindo, me dizer:
- Pra mim não valeu não, viu?
Eu quase matei o cara! Como assim? Não tínhamos gravado a entrevista? Ele riu:
- Não, não é isso! Não valeu porque eu não entendi nada.
Foi minha vez de rir. Afinal, pra mim também não tinha valido...
Rindo da minha desgraça, né? Então aproveita pra dar seu palpite na charada musical. O vencedor vai ganhar um prêmio bacaninha! Clique aqui e participe!

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