Existem algumas personalidades do mundo da TV que se tornam mitos. Outras, viram cult. Nos dois casos, não há muita explicação: a coisa simplesmente acontece. E foi assim que, há algum tempo, Palmirinha Onofre virou cult. A figura da vózinha simpática, doce, um tanto atrapalhada e dona de um jeito todo peculiar de dar receitas na TV parece ter cativado o público - inclusive o jovem - de um jeito inquestionável. Por isso, entendi perfeitamente a expectativa em torno da entrevista que a cozinheira e apresentadora deu a Jô Soares. Antes mesmo do programa começar, não se falava de outra coisa no Twitter...
Pausa para uma recordação: eu vi Palmirinha pela primeira vez quando era adolescente. Estudava de manhã e, muitas vezes, via TV de tarde, com minha mãe. E ela, claro, assistia ao Note & Anote, programa que Ana Maria Braga comandou por muito tempo na Record. Ali, entre panelas, fornos, batedeiras e muita conversa jogada fora, me chamou a atenção aquela senhorinha risonha, chamando Ana de "Aninha" e muito constrangida sempre que algo dava errado nas receitas preparadas ao vivo.
Hoje, foi essa senhora que protagonizou dois blocos do Programa do Jô. Sorridente, Palmirinha contou histórias, deu dicas de culinária, lembrou passagens tristes de sua vida e me fez chorar lembrando muito de alguém muito especial que já se foi. E, mais que me lembrar da minha saudosa vó, Palmirinha me explicou a razão de seu sucesso: além da galhofa que todo mundo adora fazer com os erros e trapalhadas de quem está na TV, essa senhora nascida em Bauru conquistou o público porque é familiar a todos nós. Se para mim ela é a lembrança da minha avó, para outros tantos também é assim. E muitos devem ser os que enxergam nela suas mães, tias, esposas, cunhadas...! Palmirinha é humana, não virou o robô em que muita gente se transforma quando passa a botar a cara na TV. E, por mais sofisticados e tecnológicos que sejamos, ver alguém "de verdade" sempre vai nos emocionar.
Jô soube valorizar a entrevistada e fez um belo trabalho. Aliás, arriscaria até dizer que ele próprio também se emocionou diante de uma conversa tão inocente, leve e doce. Como conversa de vó. Como eram as conversas com a minha vó...
2 comentários:
ausente do twitter ontem perdi a entrevista da palmirinha no jô. soube agora, vendo a gazeta, e achei seu post, muito bem escrito e autêntico. eu já não era tão adolescente assim (na época recém-formada e sem emprego), e me lembro bem do início da velhinha no note e anote. uma gracinha cativante e especial! me fez muito bem ler o seu post!
beijos!
cláudia
eu também chorei ao assistir a entrevista. Palmirinha é um exemplo de vida e de vovó fofa.
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