O Rio tem trauma de ações criminosas envolvendo reféns. Um trauma gerado por toda a tensão e pela série de equívocos experimentados na ocasião em que o ôninus da linha 174 foi sequestrado por um jovem fora de si, armado, que fez reféns e ameaçou impor uma tragédia a todo o país que acompanhava aquela loucura, ao vivo, pela TV. Acabou morto pelos policiais que, numa ação atabalhoada, acabaram por matar uma das reféns mantidas pelo criminoso.
Uma tragédia que muitos gostariam de esquecer, mas que serviu de lição para a polícia carioca...
Ontem, quando um ladrão assaltou uma farmácia e fez uma refém, todos os olhos se voltaram para a Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio. O homem, fora de si, ostentava uma granada e ameaçava explodí-la caso não tivesse suas exigências atendidas. Chegou a retirar o pino do artefato, expondo ao risco de morte várias pessoas que estavam nas proximidades. Mas, ao retirar o pino da granada, deu mostras, também, de que estava disposto a arriscar a própria vida. Ou seja: sua loucura não conhecia limites.
A refém passou mal. Precisava vomitar. E num dos momentos em que ela se abaixou, um atirador de elite disparou um tiro certeiro, na cabeça do bandido, e pôs fim à agonia da refém, dos policiais e de todos os que acompanharam a história ao vivo, na rua - e que chegaram a aplaudir a ação policial.
Eu vi as imagens no RJTV, na edição do horário do almoço. E fiquei impressionado com o acerto da operação. A polícia precisava agir, naquela circunstância, para evitar que algo de pior pudesse acontecer caso o bandido, de fato, explodisse a granada. O que eu não vi - e só vi mais tarde, pela internet - foi a cena do tiro na cabeça do assaltante. A cena, asséptica, sem sangue esguichando de lugar algum, também foi exibida no mesmo telejornal, no mesmo horário. A única pista da bala entrando na cabeça do bandido é o voo desnorteado do boné que ele usava e sua queda.
Não discordo de nenhum milímetro da ação policial. Mas discordo veementemente da exibição dessa cena na TV. É violenta, forte, desnecessária. E choca ainda mais uma população que, cotidianamente, acaba se deparando com alguma forma de violência brutal.
Uma pena que quando a polícia acerte, a mídia erre de um jeito tão feio...
E você? O que pensa dessa história?
Comentaê!!!
4 comentários:
com certeza erraram em exibir, ainda mais naquele horário... pior ainda, os jornais de hoje exibem o rosto do policial q atirou, acho q essa exposição o coloca num risco de morte ainda maior do q a rotina da profissão exige... Agora, bater palmas é o fim!!! Não faço parte de nenhuma comissão de direitos humanos, acho q a ação policial foi acertada, mas não precisa aplaudir a morte alheia...
Eu não creio que a exibição de tal cena seja errada,acho que todos mereçam ver a realidade que nos cerca, pois um dia iremos ver ela de frente. E sim eu concordo com o ato policial, não acho que sequestrar uma mãe de familia seja um ato que saia impune, pelas noticias o sequestrator foi preso 2 vezes e se fose a terceira ele ia sair e continuar com a vida de crimes.
Concordo com vc Murilo. Tb achei horrível a cena, desnecessária. O fato da polícia não ter tido outra alternativa, não transforma a morte daquele homem em espetáculo e nem a ação da polícia em ato heroico. Acho sempre que é muito triste quando uma pessoa morre, seja ela do "bem" ou do "mal"... Prefiro acreditar que sempre devia ter uma outra alternativa.
Nesse sentido, digna de elogios também é o comportamento do atirador de elite e do chefe da operação - em nenhum momento (até agora pelomenos) caíram na tentação da celebridade de 15 minutos. Não demonstram prazer por ter matado o rapaz, não entoaram nenhum discruso à la Datena ou Wagner Montes. "Foi a decisão necessaria para aquela situação" e ponto final. Os coleguinhas devem estar muito chateados com eles...
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