Produção mostra a rotina de um esquadrão antibombas em Bagdá. E os momentos de silêncio, como nessa cena, são fundamentais para revelar o clima angustiante de uma guerra... |
Finalmente vi o vencedor do Oscar 2010. Foi na noite de domingo, no Telecine Pipoca. Gostei bastante. Mas, de cara, acho que é possível reafirmar a ideia de que essa não é uma produção que deve se eternizar na memória dos amantes da sétima arte. Bom filme, com imagens e montagem impressionantes, Guerra ao Terror foge do caminho óbvio e se sustenta nas opções estéticas da diretora Kathryn Bigelow - não por acaso, a primeira mulher a levantar a estatueta da Academia.
A câmera faz o estilo "nervosinha". As imagens têm o forte apelo do digital, e ganham um tom documental. E essas são escolhas que dão ao filme um impressionante tom de "verdade", como se aquelas imagens e aqueles personagens estivessem numa reportagem da CNN, relatando as dificuldades da vida numa Bagdá que ainda resiste depois de anos de intervenção militar americana. A montagem também é interessante, habilidosa. Revela ângulos surpreendentes e imprime um ritmo interessante - embora inconstante - à produção. Características que dão a Guerra ao Terror todos os méritos técnicos cabíveis.
Vamos à história: o filme mostra a rotina de um esquadrão antibombas, a companhia Bravo, que recebe o sargento James a 38 dias do fim da missão. Louco por uma adrenalina e um tanto inconsequente, James é o personagem que melhor explica a frase que abre o filme: "a guerra é uma droga". Frase que, explicada no fim, está longe de parecer associada a qualquer campanha humanista.
O filme tem alguns clichês, como o tom salvacionista conferido aos personagens de militares americanos. Mas o mais evidente deles é o do militar em crise por estar na guerra, percebendo-se ameaçado pelo risco de morte. Mas o drama é bem tratado - e nem sei se seria possível fugir dele num filme do gênero. E esse angustiado personagem é o responsável por muitos dos momentos de tensão vividos pelo espectador ao longo de todo o filme. Afinal, algo vai ou não dar errado com ele?
Honestamente, os diálogos não me cativaram. Não são ruins, longe disso. Mas parecem menos fundamentais para que se entenda o que se passa com aqueles homens pressionados por uma guerra sem perspectivas, num lugar inóspito e convivendo com a iminência da morte. Há exceções, como o momento em que um dos integrantes da Companhia Bravo revela o desejo de ter filhos e, chorando, desabafa: "Eu odeio esse lugar!". Forte. Essa força se repete nas duas últimas cenas da produção, protagonizadas pelo sargento James. Cenas que explicam a frase utilizada para abrir o filme...
Essa espécie de periferização dos diálogos, na minha opinião, é causada pela força dos silêncios. E são muitos os momentos em que só se ouvem a respiração dos personagens, além do som ambiente. Nada de textos! E é nesses instantes que o espectador se sente vivendo a Guerra ao Terror, tenso, preocupado, angustiado. Pra mim, retratar com tanta perfeição o clima tenso de quem vive a guerra é o ponto alto do filme.
Recomendo! Mas não sei se tudo isso fazia de Guerra ao Terror o merecedor do Oscar 2010...
E você, já viu? O que achou?
Comentaê!!!
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