Eu acho a ambição saudável. Ela que nos impulsiona a seguir em frente, a tentar alcançar nossos objetivos e estabelecer novos sempre que conseguimos superar os inicialmente definidos. Mas não há nada mais cansativo do que não reconhecer o momento certo de parar, respirar, reavaliar. Quem busca o sucesso o tempo todo, em tudo, pode nem aproveitar a delícia que é quando ele chega, às vezes sem avisar. E ele passa...
Não vou julgar certo e errado, cada um escolhe o caminho que quer trilhar nessa vida doida. Mas fiquei pensando muito nisso, nessa hiperambição, quando li, hoje, a entrevista que a apresentadora Ana Hickmann e o marido, Alê, deram à coluna de Mônica Bergamo, na Folha. O casal, usando um direito que é deles, inquestionável, dá amplas demonstrações de que está numa viagem em busca do sucesso. Os dois confessam, entre outras coisas, que deixaram o "romantismo de lado". Falam-se algumas dezenas de vezes ao dia, sempre sobre negócios. Nas ligações, nada de tratamento carinhoso. Não por acaso, o título da matéria é Ana Rica S.A. (link para assinantes da Folha ou do UOL), numa sacada muito sagaz do pessoal da coluna da Ilustrada.
Justificando investimentos em fonoaudiólogos e ginástica, o marido diz que a Rede Record já investiu muito e que Ana - mulher dele, lembram? - "tem obrigação de dar certo". E completa: "É isso, ou o castelo de cartas cai. Acabam royalties, mansão, carro caro". Pragmatismo, a gente vê por aqui.
Achei Ana Hickmann um tanto imatura nas colocações que faz na reportagem. Seus argumentos ainda parecem coisa de menina que ganhou um brinquedo caro e tem medo de quebrá-lo, embora assuma não saber ao certo como fazê-lo funcionar. Mas Alê, o marido, usa alguns termos bem duros para falar sobre a carreira da mulher. Sobre a competição dominical na TV, olhem o que ele diz: "A Ana Hickmann tem que ir para o domingo para matar ou morrer. Tem que acordar todos os dias com sangue nos olhos. Se não odiar o concorrente, você é um frouxo. Com mão mole, não machuca ninguém. Fere, mas não tira a pessoa de combate." Choca ou não choca?
Enfim, escrevi tudo isso pra dizer que a entrevista realmente me impressionou. Inclusive pela inocência que o casal demonstrou ao fazer publicamente revelações que podem não ser tão bem interpretadas. De minha parte, repito: eles têm o direito de escolher essa árdua busca pelo sucesso e essa visão, digamos, empresarial da vida a dois. Só assumo ter ficado um tanto assustado porque, como todos sabemos, o sucesso nem sempre é o que nos aguarda lá no horizonte...
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