9.6.06

Entardecer no Santa Marta

Chegamos e paramos na pracinha, no pé do morro. Aguardamos a chegada de nosso anfitrião, Juan. A missão: gravar uma entrevista sobre a TV Favela, que leva para as telas de televisão uma imagem diferente da comunidade do Santa Marta.
Juan chega e é só sorrisos. Entra no nosso carro e vai guiando o motorista até a parte em que se pode subir motorizado. Num largo, paramos. Dali pra cima, só dá pra ir caminhando mesmo. Subindo degraus e mais degraus, numa escadaria que parece não acabar nunca. E ali, no meio daquele emaranhado de fios de energia elétrica roçando nossas cabeças, de biroscas com música alta - forró, na maioria - e de crianças sorridentes brincando de bola, ali, eu me aproximo do entrevistado.
Juan me conta que tem 22 anos. Estuda Publicidade na PUC e mora no Santa Marta. Ele é o jovem coordenador da TV Favela, e fala do projeto com brilho nos olhos e com a empolgação de quem acredita no que fala e no trabalho que faz. Eu pergunto sobre a histórica gravação do clipe do Michael Jackson no morro. Empolgado, ele faz questão de dizer que ficou bem perto do megastar e, mais que isso, que a equipe da TV Favela produziu um documentário sobre o dia em que o Santa Marta parou pra ver toda aquela confusão conduzida pelo Spike Lee.
Subimos mais um bocado e chegamos à sede do Grupo Eco, onde gravaria a entrevista. E onde o jovem Juan me contaria mais um monte de coisas bacanas; como a sua opinião sobre a imagem que a televisão transmite para a sociedade de comunidades como o Santa Marta; e sobre as dificuldades de se fazer TV Comunitária no Brasil...
Aí você pergunta:
- Ué, por que o Murilo escreveu esse post?
E aí, respondo eu: pra gente ver como essas comunidades são subestimadas; pra gente saber que lá também existem pessoas cheias de histórias interessantes, que pensam e que têm sua própria visão da nossa realidade, da nossa sociedade. Cidadãos, como eu e você. E que merecem muito respeito, tanto quanto nós!

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