25.11.10

O dia em que o Rio declarou guerra à violência...

Bandidos fogem da Vila Cruzeiro enquanto Polícia toma conta da comunidade. Globonews, Globo e Record transmitiram a operação ao vivo...

O crescente número de ataques de traficantes gerou uma reação inédita no país hoje: equipados com blindados cedidos pela Marinha, com o apoio dos já populares Caveirões e armados até os dentes, policiais militares invadiram o local que, até então, era tido como base de uma das facções criminosas atuantes no Rio - a Vila Cruzeiro.
Até que a invasão se consolidasse, a apreensão foi grande. As emissoras de TV transmitiram tudo, o tempo todo. Cada novo veículo incendiado, cada passo dos grupamentos policiais - e até o trajeto dos blindados da Marinha. Diante da telinha, eu, você, nossos pais, tios, avós, irmãos...todos nos perguntávamos qual seria a história que estava sendo escrita nessa quinta-feira. Todos nos perguntávamos qual o rumo que o Rio de Janeiro tomaria depois da operação policial.
As respostas vieram de tarde, pela TV. Acuados pelo aparato policial, traficantes rastejavam pela mata, corriam entre as vielas, desviavam das balas e tentavam, desesperadamente, fugir da força do Estado. Eram pessoas, pareciam ratos.
Vi tudo na redação, um olho na pauta que precisava concluir, outro no monitor de TV. A Globo derrubou toda a programação vespertina, todos os intervalos comerciais e exibiu uma "sessão da tarde" que não "vale a pena ver de novo". Escrevi no Twitter que muita gente devia estar tentando matar os bandidos com o controle remoto, tal a força das imagens que revelavam a fuga dos criminosos para o vizinho Complexo do Alemão.
Fiquei muito, muito assustado. Pensava no horário de voltar para casa, nos amigos e nos desconhecidos que precisariam se deslocar em meio ao caos decorrente de tamanha quebra da rotina carioca. Pensava nos moradores das áreas cobertas pela operação, condenados a um fogo cruzado que, infelizmente, levará muitas vidas inocentes. Pensava em como ficarão as cabecinhas das crianças menores, ora transformadas em personagens de um video-game real. E sangrento.
Mas, por outro lado, esperançoso. Ver o Estado reagir com força e equilíbrio me deu a impressão de que podemos estar no caminho certo. Ver a bandidagem fugir revelou a todos nós - cidadãos de bem - que não há força, não há bunker, não há união de facções que faça frente ao poderio de um Estado forte, bem comandado e unido em torno de um único objetivo. Tive esperança de que, vendo os bandidos expulsos de seu (até então) porto seguro, crianças e jovens percebam que o caminho do crime nunca termina bem. E que só leva a dor e ao desespero. E tive esperança de que as bandeiras de paz balançadas nas janelas pelos moradores da Vila Cruzeiro - reconquistada hoje pelo poder público - sejam o prenúncio de uma paz verdadeira, democrática, e não disponível apenas para os que podem pagar por ela.
Torço muito por isso. E pra que o dia de hoje entre para a história como o dia em que a esperança começou a vencer o medo no que diz respeito à segurança de nossa maravilhosa cidade...

2 comentários:

Taty Bruzzi disse...

Colega, tb fiquei passada com tudo isso. É muito triste ver nossa cidade fazer a vez de um campo de guerra. As imagens nos jornais de hoje são chocantes. Parece cenas do filme guerra ao terror, que acaba tendo esse significado mesmo. Por outro lado, bateu em mim uma esperança sim de dias melhores, uma vida mais decente não apenas para a população daqui, como tb para os que vivem em grandes comunidades. E principalmente para os jovens, que não se iludam achando que só porque um dos gds "reis do tráfico" tinha apenas 19 anos qd iniciou nesse ramo, significa que seja alguém bem sucedido. O que adianta ganhar rios de dinheiro e no fim, ser preso, morto ou ainda, viver escondido em buracos, no meio do mato... Que nosso Rio volte a ser maravilhoso e a população tenha paz para ir e vir.

Bjsss

Lu Ribeiro disse...

lindo post! estamos na torcida pela PAZ! bjs