Não havia razão para sonhar mais com o dia em que a chuva poderia estiar. Sentiu o peso do ridículo doer-lhe sobre os ombros. O peso de quem tinha sido enganado por uma esperança traiçoeira, que, de alguma forma lhe dizia o tempo todo que a tempestade poderia acabar e que o tempo poderia virar. A seu favor.
Não havia virado...
Não viria a virar...
Enquanto pensasse daquele jeito, sabia que poderia seguir à espera de um dia de sol que nunca chegaria. Uma pena...Chorava debaixo da chuva e as lágrimas se perdiam com as lágrimas que as nuvens pareciam chorar só em sinal de solidariedade. Tinha esperado tanto por aquele dia...! E só agora se dava conta de quanto havia sido longa toda aquela espera. De como tinha se alegrado com pequenos sinais de consideração, de doçura, de carinho. Afagos que até sabia sinceros, mas que, muito provavelmente, ganhavam dimensão muito maior. A dimensão de todo o amor que queria poder dar. E que nunca pôde. E só agora percebia tudo.
Caminhou alguns passos sob a tempestade e encontrou o cavalo, sua única companhia durante toda aquela longa espera. Estava molhado demais, mas ainda firme. Tinha a força de quem já havia superado chuvas tão fortes quanto aquela algumas vezes. A força de quem sempre sabe rumar para dias melhores. Para tempos melhores. Acarinhou o animal, que lhe olhou como se sentisse toda a tristeza decorrente daquela escolha. Com certa dificuldade, subiu e sentou na sela. Respirou fundo e deixou-se levar à galope. Sem mágoas. Sem esperanças. Sem destino. E com o peso de quem tinha passado mais ou menos um ano inteiro esperando aquele sol; um ano inteiro em busca de um sonho grande demais para se tornar realidade...
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