Então é Natal, como diria aquela canção que a Simone fez o favor de eternizar, para alegria das FM's mais cafonas e para tristeza dos ouvintes mais exigentes. Sim, já é Natal, tal qual anuncia, desde o fim de novembro, o slogan da Leader Magazine. Mas, ao contrário do jingle do Guanabara, eu não acredito que esse meu Natal vai ser o melhor Natal. Vai ser, sim, um Natal de lembranças. E de saudade...
Desde sempre, passo Natal e Ano Novo na casa da minha vó. Família toda reunida, muita comida, muita bebida, e a velhinha toda contente, orgulhosa de ver todo mundo se entupindo com as delícias que ela sabia fazer como ninguém. Zelosa, ela escondia os bolinhos de bacalhau para evitar que eu e meus primos devorássemos o quitute antes da meia-noite. É, na minha família a ceia só é saboreada à meia-noite em ponto, depois dos abraços e beijos de felicitações.
Ela escondia. Mas a gente sempre descobria onde...
No dia seguinte, o dia de Natal, nova reunião. Hora de cair dentro do que sobrou da ceia, claro! Comer rabanada, bolinho de bacalhau, bolinho de carne...tudo gelado! Algo impensável em ocasiões normais, mas incrivelmente saboroso no Natal. Em todos os Natais! Sem falar na salada-de-frutas, nos ovinhos-de-codorna mergulhados no molho tártaro e no tal arroz japonês, a mais recente invenção da minha vó pras nossas fartas ceias em família.
Foi assim sempre. Mas não vai ser mais...
Amanhã estaremos todos reunidos, mas minha vó vai estar faltando. E que falta vai fazer a dona Zezé! Teremos todos que reaprender a festejar o Natal. Teremos todos que lembrar que essa separação é apenas física, que é apenas a cadeirinha dela que vai estar vazia. Porque, certamente, onde quer que esteja, minha vó vai continuar a passar todos os Natais conosco. E vai fazer de tudo para que todos eles sejam tão felizes quanto todos os anteriores, nos quais pudemos experimentar a doçura do seu abraço, o carinho dos seus beijos e todo o amor que havia lá dentro dos seus olhinhos...
Mas, caro leitor, esse não é um post triste. Longe disso! Semana passada, na aula de inglês, meu professor quis que eu falasse sobre um Natal inesquecível. Fiquei com os olhos marejados e tive, naquele instante, a certeza de ter vivido 27 Natais inesquecíveis. E isso não é pra qualquer um!
Deixo aqui, portanto, o desejo de um Natal inesquecível a todos os leitores e visitantes do B@belturbo!
Um comentário:
Belo texto, rapaz. As avós, de um jeito ou de outro, se parecem. No Natal, é inevitável que nos lembremos delas. Abraços, Feliz Natal. Molica
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