Cresci sabendo quem era Rocky, o lutador. Histórias de superação, combates que pareciam intermináveis nos ringues - e a gente torcendo do lado de cá para, ao menos, o adversário ter piedade do nosso herói, poupando-o de mais socos torturantes. Parece muito, mas é só do que lembro. Não lembro de detalhes das aventuras do Rocky e, confesso, num determinado pedaço de minhas recordações, o lutador começa a dar lugar a outro cara, com uma faixa vermelha na testa, e com nome também iniciado em "R".
Ainda assim, fui assistir o novo filme do Rocky. Sessentão, Stallone insistiu na franquia do lutador e, além de estrelar o longa, é responsável pelo roteiro e pela direção. E, cá entre nós, o cara fez um bom trabalho. O mote do campeão que ainda se sente capaz de seu último combate é interessante. Os dramas do personagem também são: um é a frieza do filho, que renega a história do pai por se considerar condenado a viver à sombra do mito; o outro, a ausência dolorida de sua esposa, morta há quatro anos.
O que vemos na tela é um Rocky retirado do baú, que passa as noites contando - e repetindo - as suas histórias dos tempos de glória para os clientes de seu restaurante. Numa dessas noites de nostalgia, um amigo mostra algo que vai alterar o destino do herói: na TV, uma simulação feita em computadores põe no mesmo ringue Balboa e Mason Dixon, o apático campeão de boxe da atualidade, criticado por ser técnico demais e, além disso, acusado de ter tantos êxitos na carreira por nunca ter lutado com um adversário à sua altura. Na simulação, Rocky leva a melhor...
Resultado? Os agentes de Dixon propõem um tira-teima na vida real. Contra tudo e, inicialmente, contra todos, Balboa topa a parada. E lá estamos nós diante de seqüências que nos remetem aos demais filmes da série: Stallone pegando peso, Stallone correndo ao subir uma escadaria, Stallone espancando o saco de areia. Nessa hora, Rambo sumiu da minha cabeça. Foi aí que me reencontrei com o maior boxer da história do cinema.
Vem a luta e, confesso, bate uma certa aflição. A torcida pelo Stallone envelhecido e com a cara esquisitona toma conta dos espectadores - até dos menos afoitos com o esporte violento que é o boxe, como é meu caso. Na tela, um festival de socos, respingos de sangue e suor e gritos de uma torcida que parecem não terminar ao longo dos 10 assaltos da disputa.
No final, a gente sai do cinema com a certeza de que Stallone estava certíssimo ao defender essa sexta aventura de seu personagem mais simpático, mais marcante. O filme tem bom texto, é bem dirigido. E a torcida deixa claro: Rocky ainda tem um lugar no coração de todos nós...
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