O trem parecia correr muito quando seus olhares se cruzaram. Estavam em vagões diferentes, separados por uma espécie de porta de vidro. Esboçou um tímido sorriso, mas logo se entristeceu ao notar que aqueles outros - lindos - olhos pareciam tristes, distantes. Nenhum aceno, nenhum sorriso. E o trem parou...
Já sentia uma agonia lhe consumir por dentro. Não era possível que tudo o que já tinha acontecido resultasse num olhar tão cheio de...nada! O trem parou e resolveu descer, dar a volta, ir até o outro vagão. Queria enxergar novamente algum brilho naquele olhar, tentar entender tudo o que tinha acontecido, conversar. Correu para aquele encontro que poderia mudar tudo. Entrou no outro vagão ansioso, mas notou o desencontro: não havia mais ninguém lá. Ou melhor, seu alguém não estava mais lá. E pela janela viu novamente aqueles olhos tristes, indiferentes, andando pela rua.
De novo correndo, desceu do trem e procurou. Nada! Celular em mãos, discou o número que nunca se dera ao trabalho de decorar. Atendeu uma voz estranha, dizendo que era engano. Tentou de novo. E de novo. Engano...desengano!
Estava só diante diante daquele que parecia ser o fim. Queria gritar, mas não tinha voz. A dor que sentia era expressa por uma lágrima que riscava seu rosto. A mesma que, ainda ofegante, notou em seu travesseiro logo no início daquela manhã...
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