Quando abriu a porta para entrar em casa, notou um envelope no chão da sala, sobre o tapete que dava boas vindas aos visitantes. Um envelope branco, simples. Abaixou-se para apanhá-lo e estranhou o fato de não haver nele nenhum indício, nenhuma pista sobre o remetente. Curiosa, abriu. E, pela letra, logo notou que aquele era o pagamento de uma dívida...
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"Eu disse que estava escrevendo e você riu, acho que chegou até mesmo a duvidar. Rasguei tudo, deletei tudo. E recomecei do zero. Fiquei muito tempo buscando a maneira certa de lhe dizer isso, de falar dessas nossas coisas doidas. Mas não há maneira certa pra se falar de sensações, há? Se houver, já me desculpo...talvez não a tenha encontrado.
Resolvi escrever essa carta pra te dizer que, sim, é verdade que te achei linda desde a primeira vez em que te vi. Pra te dizer que nunca falaria nada disso por saber das coisas que cercam essa história, e, mais que tudo, por te respeitar muito. Mas, agora, acho que posso te dizer que me sinto um pouco bobo por ter ido ao cinema contigo e ter...adormecido. Por ter tido você do meu lado por tanto tempo, num friozinho tão gostoso, e ter deixado escapar uma chance rara de se ter alguém especial bem pertinho da gente. Pra te dizer que a minha tarde fica mais colorida a partir do momento em que você entra nela, sorrindo, beijando meu rosto e me dizendo coisas boas. Pra te dizer que, quando estava quase tomando coragem de lhe dizer tudo, achei que era melhor segurar as pontas porque outras circunstâncias nos aproximaram muito. E a experiência me diz que não é muito bom misturar as estações...
Resolvi escrever essa carta pra te dizer que, sim, é verdade que o perfume hoje era outro. E talvez seja um pouco verdade que, se troco de perfume, é porque não quero que você enjoe de sentir meu cheiro.Escrevo porque preciso te dizer tudo isso, e a gente é tomate demais pra falar dessas coisas cara a cara. Escrevo pra dizer que não sei o que é isso, que não sei no que vai dar...e nem se vai dar. Mas é que eu acredito que sentimento só existe - de verdade - quando a gente revela. Quando a gente revela àquele alguém especial que nos faz sentir. E eu considero que meus sentimentos por você começaram a existir a partir de agora, dessa carta.
Um beijo pra você, garotinha!"
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É...não tem um fim. Porque, afinal, uma história só acaba quando termina. Mas essa...ah, essa parecia estar apenas começando...
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