14.3.13

Habemus Franciscum!!!

O cardeal argentino é o primeiro papa da América Latina, o primeiro jesuíta a assumir a liderança da Igreja e o primeiro a escolher o nome Francisco
Apesar de ser batizado, não me considero católico. Aliás, não me identifico com nenhuma religião especialmente. Tenho pontos de convergência com várias delas, como também guardo minhas divergências. Meu lado católico se manifesta quando rezo a Ave-Maria para me acalmar ou quando converso com Nossa Senhora de Aparecida, a quem costumo chamar de Nêga. Portanto, não sou o mais fervoroso seguidor da Igreja Católica.
Mas sou jornalista e, nesta terça, acompanhei a fumaça preta saindo da chaminé da Capela Sistina, por volta das sete e meia da manhã. Horas depois, no meio da redação, parei tudo para conhecer o rosto do mais novo ocupante do trono de Pedro...
Acho belíssimos os rituais envolvidos na escolha do papa. Há algo de fascinante numa ritualística secular. Algo que me captura, que me encanta. Para mim, testemunhar o surgimento de um novo papa é perceber a história acontecendo, é ver uma instituição milenar buscando corrigir os rumos do seu barco, ora navegando em tão revoltas águas. Por isso, vi com entusiasmo um sorridente Papa Francisco surgir na sacada da Basílica de São Pedro. Em pouco tempo, notei que o novo líder dos católicos é possuidor de um carisma muito superior ao de Joseph Ratzinger. Fui conquistado por um certo ar bonachão, que fez as moças da redação suspirarem ao constatar o teor de "fofura" do recém-eleito Bispo de Roma. E também achei bonito o gesto de humildade do papa ao pedir aos fiéis que rezassem por ele.
Mas eis que os tempos são outros, nada fica muito por baixo do pano e, minutos depois, quando o Papa Francisco já devia se preparar para dar seu longo e movimentado dia por encerrado, Twitter e facebook viraram celeiros de vaticanistas! As notícias sobre sua cumplicidade com a ditadura da Argentina e sobre posturas contrárias ao aborto e à união de pessoas do mesmo sexo pipocaram na internet.
Eu achei graça...
O que isso revela? Que o papa é conservador? Talvez! Mas também revela que nós estamos cada vez mais instantâneos. Cada vez mais reproduzimos histórias sobre as quais sequer tivemos tempo de refletir. E isso não faz de nós mais politizados ou bem informados.
A Igreja deve refletir a sociedade? Não sei. A Igreja precisa mudar? Sim, muito. Seus líderes sabem disso e, não por acaso, não elegeram papa o candidato da situação. Mas não dá pra esperar por um papa que pire na batatinha e saia concordando com todos os clamores do nosso tempo. Não é o caso! Da minha parte, se ele se mostrar favorável ao uso dos contraceptivos, combater duramente a pedofilia e a corrupção que corroem a Igreja pelas entranhas e se vier a defender suas crenças sem propagar preconceitos, já terá feito uma bela passagem pela história. Mas, acima de tudo, que ele possa ser um exemplo de que, mais do que a religião, é a fé que deve nos unir. Que possa mostrar a todos nós, a cada dia, que podemos ser melhores. Que podemos construir um mundo melhor e mais justo, em que todos possamos ser iguais. E que demonstre que quando um de nós é desrespeitado, todos saem perdendo.
Boa sorte, Papa Francisco. A luta é grande e está apenas começando...

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