28.8.06

Aquele beijo...

Momentos antes de pegar no sono, quando a mente decola num vôo alucinado por uma imensidão de pensamentos, lembranças e afins; reviu aquela cena. Quase a reviveu, na verdade... a cozinha ampla, arejada. A geladeira aberta, a garrafa d'água suada sobre a pia. Calor.
Antes de servir a água, mostrou que também tinha sede. Puxou-lhe pelos braços rapidamente, quase num golpe de luta marcial; mas o que era mais forte ali era o carinho. Corpos colados, primeiro mordeu aquela nuca. Gostava muito daquilo, daquela parte daquele corpo. A mordida foi suave, e suavemente passou para a orelha. Disse algum segredo de liqüidificador ali, como disse o poeta, com a língua fazendo as vezes de lâmina: girando, mas sem cortar nada.
Percorreu o caminho entre a orelha e a boca devagarinho, saboreando aquele momento tão feliz. Frente a frente, olhos nos olhos, pôde ver aqueles lábios entreabertos, úmidos, convidativos; clamando por um beijo seu. E havia como negar aquele convite? Não, sabia que não havia.
Apesar de toda a volúpia, de todos os arrepios que tomavam conta de seus corpos, foi um beijo suave. Nem foi tão rápido que se pudesse fazer esquecer e nem tão grande que se pudesse confundir com tantos outros longos beijos que tinham dado durante todo o tempo em que estiveram juntos.
Foi um beijo.
Diferente de todos os outros.
Gostoso como todos foram.
Foi o beijo.
O último beijo...

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